A véspera de Natal foi, mais uma vez, momento de levar alegria, esperança e solidariedade a centenas de famílias em situação de vulnerabilidade social de São Leopoldo.
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Foi na manhã desta terça-feira (24) que voluntários organizaram diversos presentes, pedidos em cartinhas, e entregaram para moradores da Vila Progresso, no bairro Santos Dumont, numa ação que já dura mais de 20 anos.
Coordenada pela professora Iula Roberta de Ávila, com ajuda de uma das lideranças da comunidade, Jaqueline dos Santos Rodrigues, a iniciativa visa acolher as cartinhas escritas por famílias do local ao Papai Noel, para que padrinhos possam adotá-las e atender seus pedidos.
Cartinha adotada há 25 anos motivou a ação
Iula conta que conheceu Jaqueline quando foi adotar uma cartinha da campanha Papai Noel dos Correios. “Eu peguei a cartinha dela, faz uns 25 anos, e ela tinha pedido leite desnatado para o pai, que era cardíaco, mas os Correios não levavam. Daí, naquela época, ainda forneciam os endereços de onde vinham as cartinhas e podíamos levar nas casas. Foi assim que nos conhecemos”, comenta.
Daquele Natal em diante, a professora começou a pegar cartinhas todos os anos no local. “Fizemos direto na vila. Começamos a pegar aos pouquinhos e depois acabamos pegando da vila toda”. Jaqueline, que é moradora da comunidade, é responsável por fazer a seleção das cartas e, depois, entregá-las para Iula, que divulga os pedidos em suas redes sociais.
Amigos, familiares, colegas educadores, ex-alunos e tantos outros interessados adotam as cartinhas e doam os pedidos, identificando nome e idade de quem escreveu. Nesta terça-feira, os presentes, que estavam acondicionados na Escola Técnica Estadual Frederico Guilherme Schmidt – onde Iula trabalha –, foram colocados num caminhão para serem entregues na Vila Progresso.
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Alimentos, caixas de leite e ventiladores entre os mais pedidos
Conforme Iula, neste ano foram 228 cartas acolhidas – em 2023, foram 314. “Esse ano diminuiu, porque muitas pessoas que moram na vila foram deslocadas por causa das enchentes e ainda não voltaram pras suas casas”, pondera.
Entre os pedidos mais vistos nas cartinhas dos adultos, estão alimentos, caixas de leite e doces, além de produtos para a Ceia de Natal. Já as crianças pedem mais brinquedos e cestas de guloseimas. Curiosamente, um dos itens bastante citados pelas famílias é o ventilador. “Pedem muito, porque lá é muito quente e tem muito mosquito, pois é perto do rio (dos Sinos)”, conta Iula.
“O mundo precisa disso: solidariedade”
Entre os amigos voluntários na ação, está o empresário leopoldense Rudinei Pioner, 54 anos, que, há cerca de 15, adota cartinhas, mobiliza padrinhos e se veste de Papai Noel para ajudar no dia da entrega dos presentes. “O mundo precisa disso: solidariedade”, sentenciou, enquanto via a mobilização para carregar o caminhão com os presentes e levar à vila.
Amigo de infância de Iula, ele elogia a iniciativa e não deixa de participar mesmo após ter a mobilidade afetada, em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). “É uma satisfação enorme, tanto que estou me recuperando de dois AVCs, que tive em 2020 e 2022, e nunca me neguei a ir lá. Eu adoro ir lá ver as crianças”, afirma. “Levei a minha filha desde pequena, pra ela ir conhecendo a realidade de lá e daqui. Ela ajudava a entregar os presentes que eram dela para as crianças de lá. Essa interação é muito importante e fez bem para a criação da minha filha”, ressalta.
Emocionado, ele também lembra fatos que o marcaram durante as entregas vestido de Papai Noel. “Uma vez, na hora de irmos embora, um gurizinho pequeno disse pra eu esperar que ele ia me trazer um presente. Me trouxe um boneco pequeno, de gesso, do Papai Noel. Ele foi buscar na casa dele para me dar”, recorda. “Em outro ano, um senhor de idade pediu um violão. No ano seguinte, ele me chamou pois queria mostrar a música que tinha feito pra mim. Ele disse: ‘passei o ano inteiro escrevendo essa música para mostrar pra ti’. No ano passado, ele faleceu”, contou.
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