A angústia de três dias sem ter notícias dos filhos acabou em comemoração na Associação de Moradores do Bairro Jardim América – um dos locais abertos para receber desabrigados pela enchente em São Leopoldo. Foi com o tradicional “Parabéns a você”, bolo, refrigerante, balões e presentes, que Eric celebrou seus 11 anos de vida, nesta terça-feira (7), dia em que reencontrou sua mãe Dionéia Hartz, 49 anos.
Foto: Divulgação
No local desde sábado (3), quando teve que sair da casa onde morava no bairro Rio dos Sinos, Dionéia conta que, quando a água começou a subir, ela foi com a família para casa da filha mais velha, mas como o imóvel também foi invadido pela enchente, todos tiveram que sair, e buscando abrigo nos trilhos do trem. Lá, a ajuda chegou e os filhos Eric e Fernanda, 8 anos, foram resgatados primeiro. “Eles (o resgate) disseram que ia voltar para nós pegar, mas não voltaram mais”, comenta a mãe.
União para celebrar o reencontro
Atrás de um lugar seguro, a família caminhou pelos trilhos e conseguiu chegar ao Ginásio Municipal. No entorno, foram acolhidos, mas precisaram sair e foram encaminhados para o abrigo no bairro Jardim América. No local, Dionéia, uma filha, três netos, o ex-marido e uma nora aguardavam por notícias de Eric e Fernanda. “Eu não sabia se eles estavam comendo direito, estava preocupada se eles estavam bem cuidados”, relatou a mãe. “Estava desde sábado sem conseguir comer, porque não sabia dos meus filhos”, completou.
Com a ajuda dos voluntários, que começaram uma busca por outros espaços de acolhimento, as crianças foram encontradas no abrigo montado na Escola Paulo Couto, no Parque Mauá, nesta terça, dia do aniversário de Eric. Sabendo disso, os voluntários então, tiveram a ideia de unir esforços para comemorar a data. “Todo mundo pegou junto, porque poder proporcionar um momento desse, de reencontro para uma família, e no dia do aniversário dele, não tem preço. Não tem nada que pague isso”, comentou o voluntário Matheus Vicente.
Foto: Isabelly Souza/Arquivo pessoal
“O que eu precisava está comigo”
Emocionada, Dionéia conta que todos se movimentaram para a festinha surpresa de Eric. “Eles (voluntários) não se encolhem pra nada, tratam a gente muito bem nesse tempo que estamos aqui. Eu não sabia o que fazer quando me falaram (da festa). Movimentaram tudo, tanto para fazer a festinha quanto para comprar até presente. Ele ficou muito feliz”.
Ainda sem poder voltar para o bairro onde mora e lembrando que perdeu sua moradia, invadida pela água, Dionéia não se abala com os bens materiais, ressaltando que agora a família está unida de novo. “Da minha casa, não sobrou nem o teto. Mas, o que eu precisava está comigo.”
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