SÃO LEOPOLDO
VÍDEO: Mais de cem pessoas homenageiam Cleonice, vítima de feminicídio no bairro Feitoria
"Você foi luz na terra e está na hora de brilhar aí em cima", dizia um dos cartazes produzidos por amigos e ex-funcionários
Última atualização: 25/08/2024 14:36
"Vamos sempre nos lembrar de como você era, que, apesar de todas as dificuldades, sempre sorrindo e aconselhando. Você é nosso espelho". Era o que dizia um dos cartazes na homenagem à falecida Cleonice Pacheco dos Santos, de 48 anos, organizada por amigos e ex-funcionários que sentem a sua perda. A proprietária de uma madeireira no bairro Feitoria foi assassinada pelo marido na noite da última quarta-feira (21).
O manifesto ocorreu no final da tarde desta sexta-feira (23), em frente ao estabelecimento comercial, localizado na Avenida Feitoria, 5044. Na ocasião, estavam presentes mais de cem amigos e ex-funcionários de Cleonice. Os familiares, por sua vez, não conseguiram comparecer em decorrência do velório que ainda ocorria durante a homenagem.
Além das flores e cartazes, a ação também contou com um momento de oração liderado pelo ministro evangélico Luiz Moura, da Assembleia de Deus. Chamado por uma das organizadoras, Dienifer Paz, de 25 anos, ele ofereceu palavras de conforto aos presentes. Abalada, ela não se sentiu à vontade para dar novas entrevistas.
Também responsável pela organização, a comissária de voo Daniele Rechenmacher, de 40 anos, conhecia Cleonice há mais de dez anos. "Conheci ela através do meu irmão, Robson, que sempre trabalhou aqui. Era queridíssima, uma pessoa sempre de bem com a vida, atendia os clientes maravilhosamente bem, sempre bem disposta, prestativa, bem comunicativa, querida, amorosa...", disse.
Uma amizade de anos
Hevelin Melo, de 30 anos, Elisiane Furman, de 44 e Clarete Catapã, de 66, contam sobre a relação afetuosa que tinham com Cleonice. Hevelin, que trabalhava com ela antes mesmo da inauguração da Madeireira, tem apenas lembranças boas com a ex-chefe. "Ela era uma pessoa muito querida, uma pessoa de coração muito grande. Chamava todas nós de 'neguinha', era um apelido carinhoso", lembra.
Elisiane também tinha muito carinho por Cleonice. "Uma pessoa família, fazia de tudo pela filha, era uma mãezona", diz. Clarete, por sua vez, conhecia Cleonice há mais de trinta anos. Com os sentimentos à flor da pele, ela precisou de alguns minutos para conseguir desabafar com a reportagem.
Enquanto olhava para as flores entregues à amiga, Clarete abriu seu coração em meio a lágrimas e soluços. "Era um prazer vir aqui, ela sempre nos recebia dizendo 'quer um cafézinho, você está bem?", relembra. "Você é linda, tinha idade para ser minha filha", disse, enquanto olhava com carinho para a foto de Cleonice.