NO MORRO DO ESPELHO

Trabalhadores reclamam de longas filas e demora no atendimento em sindicato leopoldense

Industriários enfrentam horas de espera para assinar documento e evitar desconto em folha; sindicato afirma que desconto assistencial não é imposto

Publicado em: 22/08/2023 18:36
Última atualização: 18/10/2023 17:15

Filas enormes têm sido registradas em frente a sede do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas, Metalmecânicas e de Material Elétrico de São Leopoldo e Região (STIMMME-SL) esta semana, gerando reclamações e transtornos a muitos profissionais. O motivo é a necessária ida presencial ao local, que fica no bairro Morro do Espelho, para não autorizar que um desconto entre na folha de pagamento do trabalhador. O sindicato, porém, explica que o valor não é um imposto, mas que muitos nem sabem disso.

Trabalhadores formaram longas filas no entorno do sindicato para não autorizar desconto em folha Foto: Divulgação

Trata-se do desconto assistencial da convenção coletiva da categoria, destacada na cláusula décima do acordo coletivo do Sindicato e que prevê o desconto de: R$100,00, em 5 parcelas iguais de R$ 20,00, para empregados que, em agosto de 2023, tem salário fixado em até R$2.332,00, por mês; e R$140,00, em 5 parcelas iguais de R$ 28,00, para empregados que, em agosto de 2023, tem salário fixado em valor acima de R$2.333,00, por mês.

Para não autorizar o desconto, os trabalhadores precisam assinar um documento no Sindicato até esta quarta-feira (23), o que gerou longa espera nos últimos dias.

Mais de 4 horas de espera

Com carteirinha de dependente do esposo, que é sócio do Sindicato, a técnica em laboratório, Tainá Benites, 28 anos, precisou pedir dispensa do trabalho nesta terça-feira (22) para ir ao local, assinar o documento desautorizando o desconto. Ela conta que chegou às 8h e só foi atendida às 12h40. “Estavam deixando entrar de três em três, mas a fila não andava, porque eles esperavam todos os três preencherem para só depois liberarem os próximos”, reclama. “Demora tudo isso pra entrar, assinar o papel e sair. Não precisava disso com o trabalhador”.

Outro profissional da indústria metalúrgica, que preferiu não se identificar, disse ainda que pessoas idosas não estavam tendo preferência no atendimento e ratificou a demora para ser atendido. “Eu esperei 4 horas. Um colega meu aguardou 4h52min. Outro colega, ontem à tarde (segunda-feira) levou 5 horas”, comenta. “Já fazem isso de sacanagem pra tentar que os trabalhadores desistam e tenham seu dinheiro descontado.”

STIMMME diz que desconto não é imposto

Contatado pela reportagem, o presidente do STIMMME-SL, Valmir Lodi, explica que o desconto foi tratado em negociação com a patronal e que não é um imposto. “Tem muitos que confundem, eles acham que é um imposto sindical. As empresas só mandam eles virem aqui, mas muitos nem sabem o que é”, coloca. “Não tem imposto. É uma contribuição devido ao sindicato ter feito o acordo na convenção coletiva. Nós fizemos convenção coletiva, contratamos funcionários para atender eles e precisamos pagar esses funcionários”, justificou, reforçando que cinco pessoas estão atendendo os industriários, mas que pela quantidade de trabalhadores, acaba gerando fila.

“Eles querem receber reajuste, mas não querem contribuir para o sindicato. Atendemos da melhor maneira possível. Colocamos gente para organizar a fila. Mas as empresas estão liberando os funcionários para vir. Elas não liberam para a convenção, mas liberam para vir assinar, para os trabalhadores não contribuírem com o sindicato”, lamentou, lembrando que o prazo para não autorizar o desconto vai até esta quarta-feira (23).

Lodi também rechaçou a informação de que não havia atendimento preferencial na fila. “Os idosos, gestantes e deficientes tem preferência e estão passando na frente, sim”.

O STIMMME-SL integra as cidades de São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Esteio, Estância Velha e Campo Bom, totalizando entre 14 e 15 mil trabalhadores da indústria nestes municípios.

 

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