A terceira fábrica da Taurus, que fica na Índia – as outras são no Brasil (São Leopoldo) e Estados Unidos (em Bainbridge, no Estado da Geórgia) -, recebeu nesta quinta-feira (9), a licença de operação. A documentação, segundo o CEO global da empresa, Salesio Nuhs, permite que a empresa inicie a produção de armas naquele país. A estimativa é começar 2024 produzindo armamento para o mercado civil indiano. “Já estamos praticamente no fim do ano, vamos iniciar a produção em janeiro”, afirma Nuhs.
A fábrica indiana, resultado da joint venture com o Jindal Group, também deverá produzirá 425 mil fuzis, caso ganhe a maior licitação de armas do mundo a qual está concorrendo e está em fase de testes dos produtos. A licitação é do Ministério da Defesa da Índia.
A capacidade de montagem na nova fábrica é de aproximadamente de 1.150 armas por dia, com trabalho nos três turnos. Na Índia, por meio da JD Taurus, os negócios estimados, a médio prazo, somam cerca de US$ 30 milhões.
Além disso, segundo Nuhs, a Taurus está em tratativas para uma nova fábrica na Arábia Saudita. Esta seria a quarta fábrica da empresa.
Resultados
Nesta semana a Taurus, que tem sede no bairro Fazenda São Borja em São Leopoldo, divulgou o resultado da companhia no terceiro trimestre do ano. No período, teve receita de R$ 439,3 milhões, com margem bruta de 37,5%.
Segundo a empresa, foco na eficiência e baixo custo de produção permitiram resultados dentro das expectativas. Teve crescimento em relação ao registrado em 2019, período pré-pandemia, e com margens brutas superiores à média de empresas estrangeiras do setor, de 37,5% no 3.º trimestre de 2023, frente a 20,5% da Ruger e 26,6% da Smith & Wesson. No terceiro trimestre, a empresa fez lançamento de produtos e apresentou ao mercado 16 novos modelos.
Possibilidade de novas demissões
O mercado interno para a Taurus, em relação aos dois trimestres anteriores, quando fez ajustes na fábrica de São Leopoldo e demitiu cerca de 300 colaboradores, não teve alteração significativa, conforme o CEO. “O mercado interno ainda não aconteceu neste ano”, declara Nuhs, não descartando novos desligamentos antes do fim do ano.
“Estamos tratando com o sindicato, vendo ainda os efeitos disso. É um problema social grande”, afirma.” Nós trabalhamos com uma mão de obra específica, qualificada, investimos muito na qualificação e perder estes colaboradores é uma pena”, diz, observando que não há outro mercado local na área para estes profissionais.
“A cadeia já demitiu cerca de 40 mil profissionais no País, de um horizonte de 70 mil”, destaca.
Segundo o CEO Salesio Nuhs, o quadro ainda é reflexo do decreto do governo federal que restringe o acesso a armas no País, porém sem regulamentação até agora. “Não temos regras há cerca de dez meses. Eu só quero saber das regras, sejam elas boas ou sejam ruins, pois sem elas não posso fazer planejamentos na empresa”, destaca.
O CEO observa que a incerteza paralisou o mercado. No mercado interno, de acordo com Nuhs, são feitas poucas vendas, somente o que já havia sido autorizado antes do decreto de janeiro. As vendas para colecionadores, atiradores desportivos e caçadores estão praticamente zeradas.
Mercado externo
O principal mercado da Taurus continua sendo os Estados Unidos, onde mantém uma fábrica.
Com vendas também em outros 100 países, a Taurus atende principalmente forças militares e de defesa. Segundo a Taurus, os baixos custos de produção proporcionam grande competitividade em licitações internacionais, e vê nesse mercado uma opção interessante em momentos de menor demanda em outros mercados.
A companhia está atenta à recente situação de conflito no Oriente Médio, que poderá gerar aumento natural da demanda para o setor. Todas as suas exportações devem ser previamente autorizadas pelos Ministérios das Relações Exteriores e da Defesa do Brasil.
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