abc+

UM SALVA OITO

SETEMBRO VERDE: Hospital Centenário programa ações para incentivar a doação de órgãos

Mês de conscientização e incentivo à doação traz atividades para desmistificar o tema e beneficiar centenas de gaúchos que aguardam um transplante; saiba mais

Priscila Carvalho
Publicado em: 10/09/2024 às 11h:28 Última atualização: 10/09/2024 às 15h:05
Publicidade

O mês de conscientização e incentivo para a doação de órgãos começou de maneira positiva na Fundação Hospital Centenário (FHC), de São Leopoldo. Na semana passada, a casa de saúde leopoldense, com apoio de equipes da Santa Casa e do Hospital de Clínicas, realizou a captação de rins, córneas e fígado de um homem de 57 anos, que teve a morte encefálica confirmada.

Captação de órgãos foi realizada no Hospital Centenário no último dia 3



Captação de órgãos foi realizada no Hospital Centenário no último dia 3

Foto: Divulgação/Hospital Centenário

“Iniciamos este importante mês com o gesto solidário desta família que, mesmo diante da própria dor, autorizou a doação de órgãos que poderá salvar cinco vidas”, disse a presidente da FHC, Gisele da Rosa Vieira, lembrando a campanha Setembro Verde.

O procedimento feito no dia 3, porém, foi somente o terceiro do tipo realizado pelo hospital em 2024. E, se observados os registros dos últimos anos, o número espanta ainda mais. Segundo o coordenador do Pronto Socorro e integrante da equipe de captação do Hospital Centenário, Paulo Juliano Garcia, desde 2016, foram apenas 15 captações realizadas – destas, 10 entre 2023 e 2024 –, totalizando 85 órgãos nesse período.

Atividades

Por isso, mais uma vez, o hospital participa da campanha e organiza ações durante esse mês a fim de mobilizar para o tema: no dia 23, haverá abordagem, em três turnos, nos setores da casa de saúde com distribuição de material informativo; na quarta-feira, dia 25, o hospital promoverá uma capacitação para enfermeiros a respeito de potenciais doadores; e, no dia 27, Dia Nacional da Doação de Órgãos, às 14h, será oferecida uma sessão de cinema sobre o assunto, no Auditório da Oncologia. Para esta ação, intitulada de Sessão Pipoca, interessados, tanto pacientes e funcionários da casa de saúde como público externo, podem se inscrever neste link.

20 doadores em um milhão

Garcia destaca que hoje o principal fator para o baixo número de doadores é a desinformação. “Saiu uma pesquisa recente, da Santa Casa, e 43% das famílias não autoriza a doação órgãos. Nós temos, para cada 1 milhão de pessoas, apenas 20 doadores. É um número bem pequeno”, lamentou, citando a quantidade de pessoas que aguarda por um transplante no Brasil: “São 62 mil hoje na lista”.

Presidente do FHC, Gisele Vieira comenta que, pelo momento de dor e tristeza, as famílias por vezes acabam nem avaliando a possibilidade de doação.

“A gente vê que a família está em luto e não consegue pensar em outra coisa a não ser naquela perda. Por isso, estamos sempre fazendo essas campanhas de conscientização para conversar sobre a importância da doação de órgãos. Porque, na hora que acontece, a família está tão fragilizada que às vezes não consegue entender a importância dessa doação”.

LEIA TAMBÉM: Pedágio Solidário informou sobre a Distrofia Muscular de Duchenne em São Leopoldo

Expressar sua vontade

Garcia acrescenta que as abordagens da equipe também são fundamentais nesse momento e, por isso, o hospital conta com profissionais específicos para falar com essas famílias. Nos últimos anos, as abordagens têm sido bem recebidas, mas o fato de expressar sua vontade também é um diferencial.

Um dos casos, segundo Garcia, aconteceu no início deste ano, quando um homem de 30 anos teve a morte cerebral confirmada e a equipe buscou a família para falar sobre a captação, que foi aceita. “Ele tinha conversado dois dias antes com a família a respeito do assunto e tinha deixado claro que era doador”, contou o coordenador.

Critérios e protocolos

Garcia explica que entre os critérios para potenciais doadores, estão o de ter tido morte cerebral, causada a partir de traumatismo crânio encefálico ou AVC hemorrágico, por exemplo. “Só depois de comprovada a morte cerebral é que nós entramos no assunto com a família. Esse é o protocolo”.

Paulo Juliano Garcia



Paulo Juliano Garcia

Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

O coordenador também ressalta que, mesmo que a pessoa faça uma declaração em vida, em cartório, ou tenha uma carteirinha disponibilizada pela Organização de Procura de Órgãos (OPO) para doadores, quem decide mesmo é a família. “São familiares de 1º e 2º grau ou cônjuges. Ele pode manifestar pra família e deixar a vontade dele em vida de que ele é um doador de órgãos, mas quem decide mesmo na morte é a família. Tanto que a gente só prossegue com o protocolo após o aceite da família”.

A quantidade de órgãos captada em cada doador, porém, depende da faixa etária da pessoa, do que ocasional a morte, como foi a morte, entre outros fatores. A referência para a captação no Hospital Centenário é a Santa Casa de Porto Alegre.

VEJA AINDA: SETEMBRO AMARELO: Evento para adolescentes da região incentiva discussões sobre saúde mental e valorização da vida

Mais de 2,4 mil pessoas na lista no RS

No Rio Grande do Sul, até o dia 13 de agosto, 2.444 pessoas estavam na lista e aguardavam por um transplante, conforme dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde. São 1.129 pessoas esperando por um rim, 1.084 por córnea, 155 por fígado, 64 por pulmão e 12 por coração.

Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade