CHEIA HISTÓRICA
Seminário em São Leopoldo propõe melhorias no combate às cheias
Evento resultou em soluções que objetivam reformular completamente o sistema atual
Última atualização: 03/07/2024 19:27
A Prefeitura promoveu, na terça-feira (2), o Seminário da Reconstrução de São Leopoldo no Hotel Klein Ville. Com foco no debate sobre as mudanças climáticas, o evento contou com propostas de melhorias ao Sistema de Contenção contra Cheias, com base em estudos apresentados pelo Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae), pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), pela Defesa Civil de São Leopoldo e outras entidades.
As discussões culminaram na criação da Carta de São Leopoldo para a Reconstrução, com resoluções que devem ser utilizadas para cobrar recursos ao governo federal que viabilizem as melhorias e a ampliação dos estudos necessários para que elas sejam efetivadas. Nos próximos dias, conforme a prefeitura, será criado um comitê integrado por representantes de entidades que participaram do seminário para acompanhar o andamento das propostas da carta.
Durante os paineis, o diretor do Sistema de Proteção de Cheias, geólogo Antonio Geske, lembrou que o Sistema de Proteção contra as Cheias atual levou em conta os parâmetros da cheia de 1941, a maior já ocorrida no Rio Grande do Sul até 2024. Segundo ele, esse sistema é composto por 21,4 quilômetros de diques, 16 quilômetros de valas internas e cinco Casas de Bombas, mais uma localizada no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo.
No entanto, este sistema foi extravasado no mês de maio, quando o Rio dos Sinos ultrapassou os 8 metros.
Propostas discutidas
Durante o seminário, o superintendente de Serviços Técnicos do Semae, engenheiro Ronan de Jesus, sugeriu a substituição dos Conjuntos Motobombas por Bombas Anfíbias, que funcionam mesmo submersas, e Modelo Tubulão, que facilitaria a manutenção do conjunto.
O professor e doutor em Engenharia Civil Roberto Christ, da Unisinos, por sua vez, sugeriu a construção de diques que também possam ser utilizados como pistas de caminhada ou ciclovias. A proposta foi inspirada em modelos já aplicados em países como a China e a Holanda, e foi acompanhada de sugestões para reforçar a estabilidade da estrutura. “Podemos trabalhar com concreto projetado no talude para dar mais segurança, podemos também trabalhar com concreto compactado com rolo… a gente pode fazer essas intervenções e dar uma vida maior para a cidade”, citou.
Principais resoluções
A Carta de São Leopoldo (confira na íntegra aqui) destacou as seguintes resoluções:
1 – Fortalecimento do Observatório Municipal de Mudanças Climáticas e execução do Plano Local de Ação Climática (PLAC), destacando as necessidades e identificando as formas de construção da resiliência das comunidades suscetíveis aos desastres.
2 - Atentar pelas medidas de prevenção com o fomento das soluções baseadas na natureza, para reduzir os riscos de eventos climáticos extremos e aumentar a resiliência urbana e ecossistêmica.
3 - Fortalecer e atualizar o Plano de Contingência (Placon), com medidas a partir dos novos parâmetros acessíveis ao público e eficazes para lidar com desastres, fundamentados em evidências científicas, e garantir a existência de processos e infraestruturas adequadas para evacuação, alojamento, assistência e cuidados às vítimas de desastres.
4 - Garantir a implementação das defesas civis populares, em parceria com entidades da comunidade que possam fortalecer as ações de enfrentamento das situações de urgência, com treinamento e equipamentos adequados.
5 - Zelar pela criação e implementação de políticas de descarbonização e neutralização das emissões de gases de efeito estufa – GEE, como exemplos o IPTU Verde, utilização de ônibus elétricos no transporte público, entre outros.
6 - Pleitear que o governo federal garanta ao Município de São Leopoldo, e aos demais municípios das bacias, os recursos necessários para os estudos de volumes pluviométricos, e da capacidade dos rios.
7 - Pleitear que o governo federal garanta os recursos para os estudos e projetos de ampliação da segurança do sistema de proteção das cheias (diques), construção de bacias de amortecimento e modernização do sistema das casas de bombas;
8 - Pleitear que o governo federal crie uma estrutura que possa garantir a gestão integrada dos sistemas de proteção das cheias do Rio Grande do Sul, com a participação dos municípios, do governo do Estado e com a participação popular.
9 – Pleitear que o governo do Estado do Rio Grande do Sul agilize o licenciamento para permitir o trabalho de dragagem do Rio dos Sinos, severamente assoreado com o expressivo volume das chuvas.
10 - Implantação de medidas econômicas, estruturais, sociais, de saúde, culturais, educacionais, ambientais, tecnológicas, políticas e institucionais integradas e inclusivas que evitem e reduzam a exposição a riscos e vulnerabilidade a desastres, aumentem a preparação para resposta e recuperação e, assim, fortalecem a resiliência.