DADOS PREOCUPANTES
Secretaria de Saúde alerta para o avanço da Aids entre os mais jovens
Dados enfatizam a necessidade de ainda mais esforços nos serviços. Em São Leopoldo, 2,4 mil pacientes, de todas as faixas etárias, estão atualmente em tratamento
Última atualização: 29/02/2024 08:41
O Serviço de Atendimento Especializado (SAE), da Secretaria Municipal de Saúde, recebeu nesta semana um novo equipamento de medição de carga viral de HIV. Além disso, agora no final do mês, um grupo de agentes comunitários de saúde contou com qualificação sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).
São esforços essenciais no trabalho, pois mesmo com queda no número geral de casos entre 2019 e 2021 após vários anos de alta - o recuo no período foi de 11,1%, com maior percentual nas regiões Sul (15,4%) e Sudeste (15,3%) -, o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids 2022 apresenta um aumento de casos de HIV e Aids entre os jovens.
Mais jovens
Conforme avaliação da equipe do SAE, o boletim traz um dado altamente preocupante: a concentração no Brasil dos casos de infecção por HIV em jovens com idade entre 15 e 24 anos. O documento mostra que, entre 2007 e junho de 2022, foram 102.869 casos, sendo 23,7% somente nessa população, com 25,2% em pessoas do sexo masculino e 19,9% nas do sexo feminino. Nesse contexto, entre 2011 e 2021, um total de 52.513 jovens com HIV, de 15 a 24 anos, de ambos os sexos, evoluíram para Aids. Em 2021, a razão de sexos (expressa pela relação entre o número de casos em homens e mulheres) entre jovens de 15 e 24 anos foi de 36 homens para cada 10 mulheres.
A coordenadora do SAE, Viviane Borges, explica, em se tratando da taxa de detecção de Aids, ou seja, quando já há a manifestação da doença, a maior concentração também se dá entre pessoas de menos idade. "No período de 1980 a junho de 2022, atingiu principalmente os indivíduos com idade entre 25 e 39 anos, sendo 51,7% dos casos no sexo masculino e 47,4% no feminino", salienta ela.
Já os casos de Aids em crianças menores de 5 anos se mantiveram estáveis nos dois últimos anos. Entre 2019 e 2021, a taxa de detecção caiu 35,4%, passando de 1,8 para 1,2 casos/100 mil crianças.
Prevenção
"Esses dados reforçam a necessidade de não apenas focar os esforços para a vinculação nos serviços e adesão à terapia antirretroviral, mas também de se investir na prevenção", reforça. "Muito estigma e preconceito envolvem o termo HIV ou Aids quando dialogamos com a população ou em acolhimentos nos serviços. Ainda é um tabu falar sobre as infecções sexualmente transmissíveis na nossa sociedade e cidade", acrescenta.
"Em 2022 contabilizamos (no SAE) 2.442 pacientes em situação ativa (em tratamento mensal). Em 2022, foram diagnosticadas 186 pessoas, 33 pessoas a mais que em 2021", relata.
Ações com diferentes estratégias
"Ao longo destes anos, aproximadamente 41 anos, o Ministério da Saúde, pesquisadores, sociedade civil organizada e ativistas estão tentando acabar com a epidemia de HIV/Aids, mas sem sucesso. Como diz o infectologista Rico Vasconcelos, "conseguimos no máximo fazer que com que menos pessoas morram. Isso é ótimo, claro, mas pela primeira vez também estamos fazendo algo certo na redução de casos, que é a prevenção combinada, conceito moderno que sai do discurso de 'use camisinha' e começa e entregar diferentes estratégias, como PEP (profilaxia pró-exposição), PrEP (profilaxia pré-exposição), testagem, acolhimento e tratamento."