RENATURALIZAÇÃO
São Leopoldo investe no controle da qualidade da água de seu maior arroio
Projeto de recuperação do Arroio Kruze, que tem 32,5 quilômetros, será entregue nesta sexta-feira e abre uma etapa de monitoramentos e redução de impactos ambientais
Última atualização: 05/03/2024 08:21
Coordenadas "29° 45' 44" S 51° 07' 58" W e 29° 07' 51"S 51°07' 51". Esse ponto, entre latitudes e longitudes, coloca em destaque a intervenção no antigo leito do Arroio Kruze situado junto à Avenida Imperatriz. Renaturalização do leito, que será entregue nesta sexta-feira (28), às 10h30, vai bem além de ressignificar o antigo traçado do maior arroio de São Leopoldo, com 32,50 quilômetros.
Há toda uma ação sob à ótica da educação ambiental e do contexto histórico na mobilização. E mais: com a ação será feito um monitoramento da qualidade da água e na redução de impactos ambientais e socioeconômicos.
Conforme dados do projeto de renaturalização coordenado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam), a intervenção compreende a execução de três macro etapas: desassoreamento do antigo leito, supressão de espécies invasoras com plantio de árvores nativas e instalação de sistema de recalque por fonte solar.
"O projeto de renaturalização foi pautado no conceito de Soluções Baseadas na Natureza (SBN), que consistem na reprodução e/ou reconstrução de recursos naturais para reduzir impactos ambientais e socioeconômicos das atividades humanas no planeta. Essa ação foi possível devido aos avanços dos índices de tratamento de esgoto doméstico e industrial que promoveram uma redução significativa da carga poluente no arroio", enfatiza Anderson Etter, titular da Semmam.
Ecossistêmicos
"O retorno ao leito original, mantendo o traçado alterado nas imediações da Elevatória de Água Bruta do Semae, promoverá benefícios fundamentais para a sociedade, pois essa recuperação, essa melhoria das condições ambientais, refletem diretamente na qualidade de vida, sendo nestes casos denominados como serviços ecossistêmicos. Inclua-se a composição paisagística do Parque Imperatriz, que passa a contar com mais um belo ambiente natural para ser admirado pelas pessoas frequentadoras do parque", destaca o secretário.
Segundo Etter, outro elemento para ser agregado é de que o Semae irá monitorar os parâmetros da qualidade da água. "Os resultados (do monitoramento) irão compor um trabalho técnico. A partir deste momento, inicia-se uma operação assistida, que consiste na avaliação de vazão, geração de energia e qualidade da água", explica.
Contaminações e ocupações irregulares no caminho
O planejamento da revitalização do Arroio Kruze iniciou em 2019 com o objetivo de recuperar o leito antigo do Kruze que passa pelo Parque Imperatriz. Segundo dados da Semmam, o trecho foi retificado no final da década de 70, devido a contaminações por efluentes e pela ocupação irregular na extensão do arroio, que comprometiam a captação de água na Elevatória de Água Bruta do Semae. O trecho original do arroio tem um percurso maior com as curvas características, chamadas meandros, que diminuem os impactos até o encontro da água com o Rio dos Sinos. Este percurso maior permite que a fauna recolonize o leito do arroio.
Pesquisa sobre a sub-bacia
O Kruze foi alvo da dissertação de mestrado Análise ambiental da bacia hidrográfica do Arroio Kruze, de Adriana de Fátima Penteado, para o Programa de Pós-Graduação em Geografia, da Ufrgs. De acordo com o trabalho, entre outros aspectos, o Arroio Kruze pertence às unidades geomorfológicas Planície Lagunar, Patamares da Serra Geral e Depressão do Rio Jacuí; e a bacia do Kruze possui diferença altimétrica pequena, na sua maioria variando de 5 a 140 metros, sendo que os pontos mais altos compreendem o Morro das Cabras, com 287 metros, e o Morro do Paula, com 306 metros.