SÃO LEOPOLDO

Revelado conteúdo de cápsula do tempo enterrada há 78 anos

Recipiente foi desenterrado em julho, durante comemorações do Bicentenário da Imigração Alemã, mas como foram atingidos pela enchente, objetos precisaram ser recuperados

Publicado em: 07/10/2024 14:39
Última atualização: 07/10/2024 15:42

Após quase três meses em que foi desenterrada, foi revelado, na manhã da sexta-feira (4), o conteúdo da cápsula do tempo que estava na base do monumento da Força Expedicionária Brasileira (FEB), o obelisco, na Praça Tiradentes, em São Leopoldo.

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Conteúdo de cápsula do tempo de 1946, que foi desenterrada em São Leopoldo, foi revelado na sexta (4) Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

O recipiente foi retirado do local no dia 17 de julho deste ano, em atividade dentro das comemorações do Bicentenário da Imigração Alemã e da cidade de São Leopoldo. Como houve dificuldade para tirar dela os materiais existentes no dia de sua abertura, eles foram mantidos na cápsula, a fim de serem preservados e, então, passarem por um processo para serem recuperados.

O processo de limpeza e secagem dos materiais durou cerca de 2 meses e foi realizado pelo historiador e coordenador de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura e Relações Internacionais (Secult), Márcio Linck. O ato de revelação dos materiais ocorreu no Centro Cultural José Pedro Boéssio, com a participação de servidores da Secult.

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Enterrada sob monumento

No encontro, Linck explicou que a cápsula foi enterrada em 1946, e que ao desenterrar, notou-se que sua tampa tinha furos e, com isso, não só a água das cheias de maio de 2024, mas das enchentes de 1965 e 1967 – quando ainda não havia diques na cidade – podem ter atingido o recipiente. “Em 1946, quando se celebrava os 100 anos do vilamento de São Leopoldo, o prefeito, Carlos de Souza Moraes, dentro das comemorações, decidiu fazer um monumento às Forças Expedicionárias Brasileiras, que lutaram na Itália”, contextualizou.

“E, no dia 28 de abril de 1946, lançaram a pedra fundamental e colocaram esses documentos nessa cápsula: alguns jornais, moedas correntes, a ata do lançamento com as autoridades presentes, que prestigiaram, o convite para o evento e também descobrimos uma planta de remodelação da cidade de São Leopoldo desse mesmo período”, comentou. O ato, à época, contou com a presença de João Batista Mascarenhas de Morais, general que comandou as tropas brasileiras na Itália.

Jornais da época, moedas e distintivo do Exército também estavam na cápsula Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

O que estava na cápsula

Além dos documentos – ata e convite –, a cápsula guardava as edições dos jornais Correio do Povo, Diário de Notícias (Porto Alegre), O Imparcial (São Leopoldo) e Correio de São Leopoldo. Também haviam quatro moedas: três de cruzeiros, corrente em 1946 e, uma delas, de 500 mil réis, anterior ao período em que o recipiente foi enterrado, saindo de circulação em 1942.

Entre os itens salvos estava ainda uma peça, que remete a um distintivo do Exército Brasileiro, confeccionada em tecido e que trazia a imagem de uma cobra fumando, símbolo adotado pelos expedicionários e usado no uniforme dos soldados brasileiros na Segunda Guerra Mundial. Segundo Linck, este distintivo também estava presente em outros ornamentos, incluindo placas e símbolos do Exército, feitos de materiais como cobre e bronze, junto ao monumento, que foram furtados ao longo do tempo.

Os itens serão doados ao Museu Histórico Visconde de São Leopoldo.

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Planta de São Leopoldo de 78 anos atrás também estava guardada na cápsula do tempo Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

Para manter viva a memória coletiva

O titular da Secult, Marcel Frison, destacou a importância histórica do ato de revelar os materiais descobertos no recipiente. “Abrir a cápsula do tempo era necessário. Isso une as comemorações do Bicentenário da Imigração Alemã com a cidade. Temos que pensar em uma nova cápsula, talvez colocando materiais impressos, mas precisamos discutir isso com calma, não sabemos como o futuro será”, afirmou.

O secretário adjunto da Secult, Jari da Rocha, ressaltou as reflexões que surgem com a análise do material: “Ao olharmos os documentos, novas discussões sobre a história da cidade surgem. É importante mantermos viva a memória coletiva.” 

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