Após quase três meses em que foi desenterrada, foi revelado, na manhã da sexta-feira (4), o conteúdo da cápsula do tempo que estava na base do monumento da Força Expedicionária Brasileira (FEB), o obelisco, na Praça Tiradentes, em São Leopoldo.
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O recipiente foi retirado do local no dia 17 de julho deste ano, em atividade dentro das comemorações do Bicentenário da Imigração Alemã e da cidade de São Leopoldo. Como houve dificuldade para tirar dela os materiais existentes no dia de sua abertura, eles foram mantidos na cápsula, a fim de serem preservados e, então, passarem por um processo para serem recuperados.
O processo de limpeza e secagem dos materiais durou cerca de 2 meses e foi realizado pelo historiador e coordenador de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura e Relações Internacionais (Secult), Márcio Linck. O ato de revelação dos materiais ocorreu no Centro Cultural José Pedro Boéssio, com a participação de servidores da Secult.
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Enterrada sob monumento
No encontro, Linck explicou que a cápsula foi enterrada em 1946, e que ao desenterrar, notou-se que sua tampa tinha furos e, com isso, não só a água das cheias de maio de 2024, mas das enchentes de 1965 e 1967 – quando ainda não havia diques na cidade – podem ter atingido o recipiente. “Em 1946, quando se celebrava os 100 anos do vilamento de São Leopoldo, o prefeito, Carlos de Souza Moraes, dentro das comemorações, decidiu fazer um monumento às Forças Expedicionárias Brasileiras, que lutaram na Itália”, contextualizou.
“E, no dia 28 de abril de 1946, lançaram a pedra fundamental e colocaram esses documentos nessa cápsula: alguns jornais, moedas correntes, a ata do lançamento com as autoridades presentes, que prestigiaram, o convite para o evento e também descobrimos uma planta de remodelação da cidade de São Leopoldo desse mesmo período”, comentou. O ato, à época, contou com a presença de João Batista Mascarenhas de Morais, general que comandou as tropas brasileiras na Itália.
O que estava na cápsula
Além dos documentos – ata e convite –, a cápsula guardava as edições dos jornais Correio do Povo, Diário de Notícias (Porto Alegre), O Imparcial (São Leopoldo) e Correio de São Leopoldo. Também haviam quatro moedas: três de cruzeiros, corrente em 1946 e, uma delas, de 500 mil réis, anterior ao período em que o recipiente foi enterrado, saindo de circulação em 1942.
Entre os itens salvos estava ainda uma peça, que remete a um distintivo do Exército Brasileiro, confeccionada em tecido e que trazia a imagem de uma cobra fumando, símbolo adotado pelos expedicionários e usado no uniforme dos soldados brasileiros na Segunda Guerra Mundial. Segundo Linck, este distintivo também estava presente em outros ornamentos, incluindo placas e símbolos do Exército, feitos de materiais como cobre e bronze, junto ao monumento, que foram furtados ao longo do tempo.
Os itens serão doados ao Museu Histórico Visconde de São Leopoldo.
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Para manter viva a memória coletiva
O titular da Secult, Marcel Frison, destacou a importância histórica do ato de revelar os materiais descobertos no recipiente. “Abrir a cápsula do tempo era necessário. Isso une as comemorações do Bicentenário da Imigração Alemã com a cidade. Temos que pensar em uma nova cápsula, talvez colocando materiais impressos, mas precisamos discutir isso com calma, não sabemos como o futuro será”, afirmou.
O secretário adjunto da Secult, Jari da Rocha, ressaltou as reflexões que surgem com a análise do material: “Ao olharmos os documentos, novas discussões sobre a história da cidade surgem. É importante mantermos viva a memória coletiva.”
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