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PÓS-CHEIAS

Quase 4 meses após a enchente, cerca de 90 pessoas permanecem em abrigo leopoldense

Em sua maioria, famílias que ainda seguem no antigo Convento Monte Alverne perderam a moradia nas cheias de maio e estão encaminhando a documentação para receberem Aluguel Social

Priscila Carvalho
Publicado em: 28/08/2024 às 14h:46 Última atualização: 28/08/2024 às 14h:47
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Quase 4 meses após a maior enchente da história do Rio Grande do Sul, cerca de 90 pessoas ainda permanecem no antigo convento Monte Alverne, único abrigo ainda em funcionamento em São Leopoldo. Mas, esse número é, de certa forma, celebrado, pois, a cada dia, um novo ônibus tem saído do local levando famílias de volta pra casa ou para um novo lar.

Trabalhando no Monte Alverne, Bruno, Loreto e Isaac mostram mensagens de quem estava no local e já conseguiu voltar para casa



Trabalhando no Monte Alverne, Bruno, Loreto e Isaac mostram mensagens de quem estava no local e já conseguiu voltar para casa

Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

“Eu, particularmente, achei que a gente ia até dezembro ainda com mil pessoas mais ou menos. A gente teve 17 mil pessoas alojadas, no pico (da enchente), em quase 140 locais. Chegou a 22 mil esse número, se a gente contar com os alojados em outros municípios. A gente estar agora com menos de 100 pessoas, pra mim, é uma vitória. E sim, é uma vitória que tem várias contribuições aí”, disse a diretora de Proteção Social Especial da Secretaria de Assistência Social (SAS) leopoldense, Loreto Illanes, citando a ajuda das secretarias de Habitação, Saúde, entre outras, das parcerias feitas e da Atos 29, organização que gere o abrigo.

Loreto lembrou a grande complexidade do trabalho e as circunstâncias que vieram com ele, e exaltou que é gratificante observar a diminuição do número de abrigados a cada dia.

No espaço, um painel foi montado para que, cada família que está saindo, possa deixar o seu recado.

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Cedência

Conforme a diretora, muitos do que ainda estão acolhidos no local, o fazem por estarem agilizando a documentação para receberem o Aluguel Social ou aguardando a liberação dos benefícios como Auxílio Reconstrução e os disponibilizados pelo governo do Estado, para poderem mobiliar novamente suas casas.

Atualmente, segundo Loreto, a maior parte das pessoas que estão no Monte Alverne são moradores dos bairros Santos Dumont e Vicentina, que tiveram a casa destruída pelas águas.

O contrato firmado com a coordenação do Monte Alverne previa o aluguel do espaço até o dia 30 de agosto, próxima sexta-feira. Porém, a Prefeitura de São Leopoldo informou que já está em tratativas para que haja a prorrogação do prazo, a fim de que as famílias tenham mais tempo hábil para encaminhar a documentação necessária para requisitar o Aluguel Social.

Bruno e Isaac mostram corredores de quartos montados no Monte Alverne



Bruno e Isaac mostram corredores de quartos montados no Monte Alverne

Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

Maria Madalena e Lauriane ficaram abrigadas no Monte Alverne



Maria Madalena e Lauriane ficaram abrigadas no Monte Alverne

Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

Sensação de alívio pra quem está voltando pra casa

Nesta terça-feira (27), a moradora do bairro Rio dos Sinos, Lauriane Thomaz da Silva, 38 anos, acompanhava a saída do ônibus que levava seus filhos e sua irmã de volta pra casa. “A sensação é de alívio, de começar tudo de novo”, resume ela, que vai ficar até sexta-feira no Monte Alverne, pois atua na cozinha do local.

Lauriane conta que saiu de casa no dia 4 de maio, quando a água tomou conta do bairro. “A única coisa que salvei foi o meu tanquinho, que ficou trancado dentro do banheiro. O resto foi tudo fora”. Num primeiro momento, ela foi para o abrigo montado no Sindicato dos Metalúrgicos. Depois foi para o Monte Alverne, com os filhos, o marido e as irmãs. “Estávamos numa família de 18 pessoas aqui”, conta ela, a última remanescente no local, após 3 meses.

“Agora vai ser voltar pra casa e voltar à vida normal, porque ainda está tudo bagunçado”, comentou, enquanto via os filhos de 19, 18, 16, 15, 12, 10 e 4 anos irem com a tia pra casa. “A menor até hoje sente. Quando começa a chover ela fica apavorada. Se ela vê um laguinho, já fica em pânico”, lamenta.

Colega de Lauriane, a moradora do bairro São Miguel, Maria Madalena Cândido da Silva, 60 anos, ficou por pouco tempo no Monte Alverne, mas hoje ainda trabalha no local, auxiliando na limpeza.
“Fui para a casa de familiares em Portão. Fiquei por 15 dias lá e, quando baixou a água, voltei pra casa, fui tentando limpar, vendo o que se perdeu”, comentou.

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Aluguel social para 300 famílias

Segundo a Prefeitura de São Leopoldo, a Secretaria Municipal de Habitação aprovou a concessão de 300 benefícios de Aluguel Social – Calamidade aos atingidos pela enchente na cidade, tendo preferência inicialmente, famílias abrigadas no Monte Alverne e Centro de Eventos, que constam no cadastro já realizado pela SAS.

“Destas, 115 famílias dos abrigos já acessaram o benefício. As 64 famílias que se encontram no Monte Alverne também serão beneficiadas e foram comunicadas dos trâmites para acessarem o benefício concedido pelo município, que é o encaminhamento da documentação pessoal e da locação do imóvel que deve ser feita pelo locatário. O aluguel de R$ 882,81 é de seis meses sendo prorrogado por mais seis meses, caso seja necessário”, informou a comunicação da prefeitura leopoldense.

 

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