RECONSTRUÇÃO PÓS-CHEIAS
Projeto Renascidades quer recuperar praças atingidas pela enchente em São Leopoldo
Encabeçada pelo Interventura, iniciativa visa requalificar cinco espaços em locais de vulnerabilidade social, por meio de financiamento coletivo; veja como ajudar
Última atualização: 23/10/2024 13:51
Requalificar praças atingidas pelas enchentes e entrega-las, melhores do que eram, a suas comunidades. Esse é o objetivo principal do Renascidades, novo projeto encabeçado pelo Interventura Urbana, e que já foi iniciado em São Leopoldo.
LEIA: Quem são os 4 mortos durante noite de terror em bairro de classe média alta de Novo Hamburgo
“Ele nasce com o intuito de devolver pra essas comunidades esses espaços que foram duramente atingidos pela enchente. Começamos em São Leopoldo, com cinco praças em cinco lugares de vulnerabilidade social, mas ele pode se expandir para qualquer cidade do Estado que foi atingida pelas cheias”, disse a CEO do Interventura Urbana, Julia Rolim, explicando que a ação se dá por meio de financiamento coletivo. “Acionamos e fizemos parceria com uma plataforma de São Paulo, especializada em urbanismo colaborativo e financiamento coletivo”, reforçou.
Para operacionalizar o projeto, o Renascidades é composto por um time técnico, formado pelas arquitetas e urbanistas, Julia Rolim e Camila Simon Azevedo, a psicóloga Jéssica Schossler, e o artista e designer, Vergílio Lopes.
+ SOBRE O CASO: "Ele não hesitou": Irmã conta que guarda municipal levou 3 tiros ao tentar socorrer PM morto; veja vídeo
Comunidade envolvida
“O grande diferencial do projeto é a gente envolver a comunidade”, ponderou Julia, lembrando que, no último fim de semana, reuniões foram feitas com comunidades de duas das praças que serão beneficiadas: a Novo Sinos e a Brinco de Princesa. “Realizamos um processo de diagnóstico, aonde a gente fez algumas dinâmicas com eles, fazendo algumas perguntas sobre a relação deles com a praça, o que eles esperam, como eles se comprometem também nesse novo momento”, contou.
“A gente fez os diagnósticos e, agora, a gente vai estudar eles pra que a gente possa, aí sim, propor soluções pra essa praça. A ideia é que a gente escute a comunidade, pra que eles prolonguem esse uso, pra que não fique algo obsoleto, porque não adianta a gente propor algo que a gente acha que é legal pra eles, se eles não vão utilizar depois”, complementou Camila.
ACESSE: PRISCILA DINIZ: Vítima de homicídio se dizia oprimida e ameaçada pela sogra em Novo Hamburgo
Diagnóstico e mais quatro etapas
Julia explica que a iniciativa tem quatro etapas: limpeza, reparos, melhorias e o evento de ativação, de reinauguração do espaço. Tudo via financiamento coletivo, por meio de vaquinha coordenada pela plataforma cidades.co. A Praça Novo Sinos, localizada no bairro Campina, será a primeira a receber as ações do projeto e para qual já tem vaquinha aberta. “Ela tem um baita espaço, mas ainda subutilizada, no sentido de oportunidade de coisas pra comunidade. Aqui poderia ter muito mais coisas”, comentou a arquiteta, ressaltando que cada praça tem suas necessidades próprias.
“Pra essa praça em específico a gente está pensando até em possibilidades de uso onde se gere lucro para que eles possam manter a associação (de moradores do bairro). A gente planeja que aconteça alguns eventos aqui, algumas feiras para os empreendedores da região também, então a gente está envolvendo toda a comunidade dessa forma”, acrescentou Camila.
Vaquinha aberta para a Praça Novo Sinos
Enfatizando a importância desses espaços públicos para as comunidades, as arquitetas ponderam também que as praças são espaços de lazer que podem ajudar a retomar o ânimo e até trazer a saúde mental e física aos moradores, neste momento pós-enchente. “Porque quando a gente fala de espaços públicos de qualidade, a gente fala de saúde. Vincular essa requalificação dos espaços à saúde é o nosso objetivo”, afirma Julia. “A praça também é um ponto de encontro da comunidade, onde as pessoas podem se encontrar, conversar, interagir e se fortalecer como comunidade”, adicionou Camila.
VEJA TAMBÉM: IGREJA MATRIZ: Campanha busca ajuda para restaurar a Paróquia Nossa Senhora da Conceição
A vaquinha para a Praça Novo Sinos já está ativa e pode ser acessada pelo site novosinos.cidades.co/limpeza. “A gente pede muito que a comunidade se engaje nas ações que a gente vai fazer, por exemplo nas redes sociais, compartilhando a vaquinha. É nessas iniciativas que a gente acredita que vai alcançar o nosso potencial”, disse Julia.
Mais informações sobre o Renascidades podem ser obtidas pelo instagram do projeto @interventura.urb.
“Foi uma luz que veio pra gente poder reconstruir”
Membros da diretoria da Associação de Moradores do bairro Campina, Jaqueline Massena, 45 anos, e Cristiano Dornelles, 43 anos, moram na comunidade há anos e também foram atingidos pela enchente de maio. “Ficamos um mês fora de casa. Quando voltamos aqui e vimos a praça, estava tudo destruído, com lama, lixo”, disse Jaqueline. “Aqui perto tem uma reciclagem, então os sacos de lixo pararam tudo em cima das árvores, brinquedos, telhados”, complementou Cristiano.
“Assim que baixou a água, abrimos a associação para auxiliar naquilo que fosse possível, começamos a servir alimentação, doações e ajudamos a limpar as residências. Aí vimos a necessidade das crianças, que chegavam aqui e logo perguntavam da praça. A gente estava totalmente abalado, mas isso nos motivou, nos deu aquele gás de querer retomar e a parceria das gurias foi vital naquele momento”, continuou Cristiano.
“Nós estamos bem felizes com o Renascidades, foi uma luz que veio pra gente poder reconstruir isso aqui, voltar a ser o que era antes e até melhor. Desde que fomos pra associação, sempre o nosso intuito era organizar a praça, deixar a praça organizada pra que a comunidade possa usar, usufruir. Quando deu a enchente, parece que esse sonho tinha morrido. Aí veio as meninas e nos deram aquela luz de novo pra seguir em frente”, contou Jaqueline. “Estamos lutando e se Deus quiser vai dar tudo certo. Vamos fazer isso aqui uma praça modelo aqui da Campina”.