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PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Projeto escolar, Semana de Educação Socioambiental quer motivar e ajudar a conscientizar

Sustentabilidade é o foco de iniciativa promovida pela Emef Barão do Rio Branco e que ganhou reforço após a enchente

Priscila Carvalho
Publicado em: 20/06/2024 às 11h:14 Última atualização: 20/06/2024 às 11h:15
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Enquanto na sala de aula alunos ensinavam colegas menores sobre o funcionamento de um minhocário e como os plásticos descartados incorretamente afetam a vida marinha, na horta da escola, uma turminha inteira se empenhava em plantar novas mudas.

Acompanhados da professora Débora Schilling, os alunos do 9º ano, Sarah e Anderson, 14 anos, foram multiplicadores de ensinamentos aos colegas menores, do 5º ano



Acompanhados da professora Débora Schilling, os alunos do 9º ano, Sarah e Anderson, 14 anos, foram multiplicadores de ensinamentos aos colegas menores, do 5º ano

Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

Essas e outras atividades fazem parte da Semana de Educação Socioambiental Sustentável, que está sendo realizada pela Escola Municipal de Ensino Fundamental Barão do Rio Branco, do bairro Pinheiro em São Leopoldo. A iniciativa acontece há anos no educandário, mas em 2024 ganhou motivo maior: além de destacar a Agenda 2030 (plano de ação global que reúne 17 objetivos de desenvolvimento sustentável), a programação trata sobre a enchente que assolou município e Estado no mês passado.

O objetivo é desenvolver a consciência socioambiental entre os alunos, promover práticas sustentáveis, envolver a comunidade escolar na preservação ambiental e estimular a colaboração. Com isso, até esta sexta-feira ocorrem palestras, contação de histórias, apresentação de projetos, construção de minhocários, oficinas e a construção da nova horta da escola.

Livros

Bióloga, microbiologista e com mestrado em Diversidade Cultural e Inclusão Social, a professora de Ciências, Débora Schilling, encabeça o projeto. “Se a gente não parar até 2030, em 2050 vai ter mais resíduo plástico nos oceanos do que peixe. Isso é muito grave, e eu acredito muito nessas crianças”, afirmou, sobre a importância das várias atividades desenvolvidas na ação.

Um dos destaques é o livro “Um sonho de Cícero: Preservação das Nascentes, Arroios, Rios e Mares”, escrito por Débora, e que traz, por exemplo, o funcionamento de um minhocário. Depois de aprender, os estudantes de séries finais constroem e explicam sobre ele para os colegas menores. “Além de promover a reciclagem, reutilizando as garrafas, ensinamos sobre a decomposição de resíduos orgânicos e o papel das minhocas na decomposição do solo. Analisando o sistema refletimos sobre questões como o aquecimento global”, destacou a professora, que desenvolve projetos na área desde 1989.

Agora, uma outra obra, sobre as enchentes, já está sendo desenvolvida. “Nós estamos construindo outro livro juntos, eu e os alunos, o Rio Grande que transformou o Rio Grande do Sul. Eles contam histórias positivas que aconteceram, porque a enchente é negativa, mas também trouxe uma nova visão: tem gente boa nesse mundo, tem muita gente que ajuda e isso que estou reforçando”, ponderou Débora.



Parcerias

Diretora da Emef, Maria do Carmo Silva Gonçalves, a Carminha, lembrou que o projeto é realizado desde 2006 na escola, sendo criado na intenção de colaborar com a comunidade local e conscientizá-los sobre o tema. “O socioambiental não veio agora, depois enchente. A cada ano, a cada gestão que se tem na escola, se busca retomar”, comentou. A maior dificuldade, porém, são as parcerias, segundo ela. “A gente não pode depender só dos governos, a gente tem que se autogerir, e o mais difícil é ter essa parceira. Então, o nosso caminho agora é buscar parcerias, buscar parceiros também da comunidade pra que a gente possa expandir. Não tem projeto que se perpetue se não tiver investimento.”

Aprendizado de todos os lados

Um dos colaboradores do projeto na escola, o professor de Séries Iniciais, Douglas Tondolo Bones, é o responsável por estimular e orientar os alunos no manejo da horta da escola. Nesta semana, por exemplo, os pequenos do 3º ano fizeram o plantio de alface e repolho, com a ajuda do educador e de estudantes do Centro Estadual de Educação Profissional Visconde de São Leopoldo (Colégio Agrícola), parceiro do projeto. “O professor ensinou que tem que colocar a terra e ficar apertando nas bordas, pra deixar ela bem retinha, pra ela crescer. Depois a gente vai colher e vai pra merenda”, contou o aluno Mikael Jesus Pereira, de 11 anos.

“Além da gurizada aprender, a gente pode pôr em prática o que aprendemos lá na escola, sem o professor do lado”, disse Abner Saidler, um dos estudantes do Agrícola empenhados na ação, junto com as colegas, Amanda Lopes e Alana Prates. “Eles são bem interessados em aprender, em fazer as coisas”, completou Amanda.

Intenção é tornar a horta comunitária

A retomada da horta é apenas a primeira de uma série de ações que o educandário planeja para os próximos meses. “Depois, vamos seguir fazendo mais canteiros. Temos um projeto elevado, de fazer todos com divisões”, comentou Bones. Para tanto, a Barão do Rio Branco lançou uma campanha para doação de tijolos que serão usados no espaço.

Além disso, a ideia é tornar a horta comunitária. “A última produção que tivemos, oferecemos para os alunos, para professores, levamos pro refeitório e ainda sobrou. Agora, queremos incluir a educação financeira, fazer feirinhas pra comunidade, ensinar os estudantes sobre gerenciamento financeiro”, complementou a diretora Carminha.



Forno solar

Outra iniciativa feita na escola é o Forno Solar, alternativa sustentável para cozinhar alimentos a base da luz solar, usando basicamente, papelão, sacolas plásticas e papel alumínio, fazendo então uma espécie de estufa.

Incentivado pela professora Débora, o aluno Josué Vieira da Silva, 13 anos, fez uma reeleitura do forno e foi um dos destaque da semana em 2022. “Os raios solares entram e não conseguem sair por causa das sacolinhas e do plástico que fica em cima. As moléculas se agitam, vai esquentando e cozinha o alimento”, explicou ele, que já está montando o projeto deste ano: o Forno Solar para Pizza.

Resíduos viram material didático

Além de ensinar sobre práticas sustentáveis, a professora Débora destaca que todo material didático utilizado nesses anos de projeto é produzido por meio de resíduos descartados. Entre os exemplos, estão sacolas, papelão, embalagens de ração e até mangueirinha de chuveiro. “Esse resíduo não vai parar no sistema digestor dos animais. Esse resíduo não vai mais causar entupimento e promover enchente. O resíduo me ajuda e eu não compro isopor”, justificou, lembrando que a intenção é passar aos alunos para que eles possam multiplicar os ensinamentos. “É isso que a gente quer: que a nossa palavra voe, pra outras pessoas imitarem também.”

 

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