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SOLENIDADE

Prêmio Jacobina é entregue para 31 mulheres ativistas que se destacaram em São Leopoldo

Reconhecimento organizado pela Prefeitura de São Leopoldo é destinado a mulheres que se destacaram por sua atuação em diferentes áreas da sociedade civil; confira as agraciadas

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Publicado em: 20/11/2024 às 17h:10 Última atualização: 20/11/2024 às 17h:10
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Premiando 31 mulheres que se destacaram por sua atuação em diferentes áreas da sociedade civil leopoldense, ocorreu, na noite desta terça-feira (19), a solenidade de entrega do 3º Prêmio Jacobina Mentz Maurer.

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31 mulheres ativistas receberam o Prêmio Jacobina em 2024



31 mulheres ativistas receberam o Prêmio Jacobina em 2024

Foto: Lisandro Lorenzoni/Prefeitura de São Leopoldo

Instituído pela Lei 8.770/2018, o prêmio é um reconhecimento às ativistas que desenvolvem um trabalho de cooperação, enfrentamento à violência, combate às desigualdades, sustentabilidade, direitos humanos, literatura, políticas sociais, combate à fome, dentre outros em São Leopoldo. As “jacobinas” foram escolhidas por uma comissão julgadora formada pela Secretaria Municipal dos Direitos Humanos (Sedhu), Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim) e Faculdades EST. Foram 13 categorias que receberam indicações.

A cerimônia foi realizada no Auditório da Secretaria de Educação, no prédio da antiga Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Direitos Humanos (Sedhu). A abertura do evento teve apresentações musicais de Marilene Andrade (voz) e Gerson Bueno (violão) e também da acordeonista Dudy Eduarda, em parceria com a Produtora Mão & Dom.

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Ações propositivas para empoderar

Para o titular da Sedhu, Anderson Bittencourt (Mano Astral), o Prêmio Jacobina é uma reverência a mulheres empoderadas de São Leopoldo, que vivenciam e vencem todas as dificuldades impostas por uma sociedade machista e ainda patriarcal. “Com a gestão pública, do prefeito Vanazzi, a gente vem promovendo essas ações propositivas para que cada vez mais possamos empoderar as mulheres, e assim melhorar enquanto seres humanos, melhorar como sociedade no caminho de mais respeito e garantia dos direitos humanos”.

Eliene Amorim, secretária municipal de Políticas para Mulheres, destacou a importância histórica de Jacobina Maurer e a participação das mulheres na sociedade, a necessidade de ocupar espaços, defender e lutar “por garantias que lhes são de direito” e convidou para a programação das atividades dos 21 Dias de Ativismo.

Mulheres plurais

A diretora de Políticas Setoriais da Sedhu, Salete Souza, uma das organizadoras do prêmio desta edição, fez um relato emocionante no contexto da história de Jacobina Maurer, identificando uma ligação com as mulheres que receberam a comenda em cada categoria. “É um orgulho olhar essa plateia e ver mulheres plurais, de diferentes raças e etnias, classes sociais e idades. Vocês mostraram quão forte é a união das mulheres. Vocês são exemplos de força, garra e amor por aquilo que fazem”, afirma Salete.

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“Muito especial”

Líder comunitária da Ocupação Steigleder e uma das coordenadoras do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLPM), Gislaine Garcia da Silva, 35 anos, ressaltou o papel das mulheres e o significado de receber a premiação em um ano marcado pelos eventos climáticos de maio. “Esse prêmio é muito especial, depois de tanta luta que nós passamos, nós mulheres, mães, que lutamos para poder retornar a vida normal. Cada uma tem uma luta, uma história, uma conquista. Os nossos direitos como mulheres, o combate às violências, tudo isso, está sendo representado aqui hoje. A gente tem políticas públicas para as mulheres, a gente está tendo voz, ouvidos, coisas que nós não tínhamos antigamente”, destacou.

Auditório da Smed ficou lotado durante solenidade do Prêmio Jacobina nesta terça-feira (19)



Auditório da Smed ficou lotado durante solenidade do Prêmio Jacobina nesta terça-feira (19)

Foto: Lisandro Lorenzoni/Prefeitura de São Leopoldo

Quem foi Jacobina Mentz Maurer

Jacobina Mentz Maurer foi uma líder religiosa e protagonista da Revolta dos Muckers (1868-1874). Casada com João Jorge Maurer, liderou uma comunidade independente no Morro Ferrabraz, em Sapiranga, na época colônia de São Leopoldo. João e Jacobina cuidavam de enfermos, devido a escassez de médicos. A comunidade cresceu e pela sua organização causou impacto na sociedade local, que a acusou de bruxaria, difamando sua imagem. A Revolta dos Muckers foi reprimida por tropas do império e Jacobina foi assassinada em 2 de agosto de 1874.

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Confira as Jacobinas premiadas

Literatura
– Cíntia Regina Maciel: moradora do Arroio da Manteiga, graduada em Letras e pós-graduada em Neuropsicopedagogia, escreve poemas e poesia sobre mulheres para mulheres.

– Kátia Simone Müller Dickel: moradora do bairro Feitoria, graduada em Letras e mestre em Educação pela UFRGS, escritora do livro “Ela disse Não”.

– Dominga Menezes: moradora do Bairro Pinheiros, coautora do livro “Invisíveis: O lugar de indígenas e negros na história da imigração alemã”, graduada em Comunicação Social – Jornalismo, pela Unisinos, com experiência em jornalismo diário, assessoria de imprensa parlamentar e gerenciamento de projetos de comunicação social e corporativa. Sócia-fundadora e editora da Carta Editora & Comunicação.

Enfrentamento à violência
– Andréia de Oliveira Bastião: moradora do Arroio da Manteiga, soldado da Brigada Militar e fiscalizadora de medidas protetivas e atendimento à mulher vítima de violência na Patrulha Maria da Penha.

– Letícia Dias Fagundes: moradora do Morro do Espelho, jornalista, fundadora do Instituto Mulheres Jornalistas, uma instituição jornalística que defende a igualdade de gênero, o empoderamento e a representatividade das mulheres na sociedade, lutando contra a violência política de gênero e a violência contra jornalistas.

– Michele Mendes Arigony: delegada da Polícia Civil e titular da Delegacia da Mulher de São Leopoldo (DEAM).

– Tânia Sansone: moradora do bairro São Miguel, sua caminhada é longa como mulher negra na cidade. Enfrentou muita violência de gênero e religiosa. Foi a primeira mulher negra a fazer um culto afro em uma Igreja Pentecostal em São Leopoldo. E por causa da violência saiu da igreja. Hoje é sacerdotisa da Ruah e teóloga feminista. Sua formação na teologia é nas questões de gênero e religião, incluindo educação antirracista.

Sustentabilidade
– Cláudia Sá: moradora do bairro Feitoria, idealizadora da Feira Bem Vestida, a maior feira de brechós do RS, evento anual que impacta positivamente a vida das mulheres empreendedoras, ressignificando mais de 10 mil peças/ano, incentivando o consumo sustentável.

– Julia Rolim da Silva: moradora do bairro Campina e CEO da Interventura Urbana, empresa focada em soluções que transformam a vida das pessoas, conectando à comunidade aos negócios locais em prol da transformação dos espaços pela cidade.

Comunitário
– Andrea Ramos dos Santos: moradora da Ocupação Redimix, no bairro Santos Dumont, idealizadora do Projeto K’Anjos, em 2020, cozinha social que alimenta centenas de pessoas, e atende crianças e adolescentes no contraturno escolar, com atividades lúdicas, educativas e sociais.

– Cláudia Maria Alves dos Santos: moradora do bairro Vicentina, prepara mais de 100 refeições por semana na cozinha social Barriguinha Cheia, garantindo para as mulheres moradoras e seus filhos uma alimentação saudável, combatendo a fome.

– Gislaine Garcia da Silva: moradora do bairro Santos Dumont, coordenadora da Ocupação Steigleder e uma as representantes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLPM).

– Maria Amorin: moradora do bairro Campina. Aos 85 anos, Maria é articuladora e mobilizadora de políticas públicas para mulheres e da Associação Arte Cultura para Paz Isaura Maia.

– Raquel Morais Otero: moradora do bairro Rio do Sinos e voluntária da Ocupação Steigleder. Organiza e distribui alimentação para mais de 200 pessoas por semana no galpão da Ocupação há mais de três anos.

– Vanilda Egger da Silva: moradora do Arroio da Manteiga, atua no empoderamento das mulheres, fortalecendo a geração de renda através da horta comunitária, no enfrentamento às violências domésticas, sendo referência para os encaminhamentos de informações.

Direito da Criança e do Adolescente
– Delci Teresinha de Mello: moradora do bairro São Miguel, realiza atividades na defesa dos direitos da criança e do adolescente e da política de assistência social através do Instituto Lenon Joel Pela Paz.

Direito da Pessoa com Deficiência
– Neuma Maria da Silva Andrade Borba: moradora da Campina, atua na Casa da Jéssica, que faz parte da Associação Artecultura Para a Paz Isaura Maia (AAPPIM). A residência inclusiva promove cuidados e autonomia para jovens e adultos com deficiência.

Empreendedorismo
– Cláudia Maria dos Santos Sampaio: moradora da Feitoria Seller. O empreendimento da Cláudia é a Kakau Crocheteria, voltado para a confecção de peças artesanais em Crochê e Tramas com jornais, que nasceu devido à necessidade de gerar uma renda extra, porém com o passar do tempo começaram também a produzir os trabalhos em crochê com fios sustentáveis (algodão e juta). A Kakau Crocheteria participa de feiras de economia solidária e da Expo Black.

– Iara Cristina Nunes do Rosário: moradora do Jardim América. Empreendedora da Pretchinhax Roupas e Acessórios Afro, voltado à sustentação de autoestima e referência, demonstrando a valorização da ancestralidade e do culto ao sagrado.

– Isabella Coelho Back: moradora do Centro. Proprietária do Afronte Bar & Espaço Cultural. Inaugurado em maio de 2023, o espaço oferece uma combinação de ambiente de bar e restaurante com atividades culturais, como exposições de arte, performances ao vivo, eventos literários, shows de drag queens, karaokê e feiras de empreendedores locais. Destinado, principalmente, a proporcionar um ambiente seguro para a comunidade LGBTQ+ e mulheres.

– Sílvia Kurtz Bemvenuti: moradora do Centro, é proprietária da La Casa Frida, um espaço temático, multicultural, que homenageia a artista plástica mexicana Frida Kahlo e fomenta cultura e entretenimento.

Protagonismo Juvenil
– Camille Nogueira Piroscia: moradora do Centro. Escritora de poemas, em outubro, lançou o livro “De declarações a rosas” na abertura do show da Banda Viana Moog, na 38ª Feira do Livro Ramiro Frota Barcelos e na Livraria No Pátio.

Educação Formal
– Márcia Diehl Pereira: moradora do Centro, professora ativa na comunidade leopoldense. Leciona há 17 anos na EEEM Cristo Rei. Formada em Educação Física, com especialização em Gestão Escolar e Orientação Educacional. Realiza um trabalho voltado às necessidades individuais de cada educando.

Diversidade
– Patrícia Pires: moradora da Campina. Atua no Coletivo “Mães da Diversidade”, que presta auxílio para mães que têm filhos LGBTQIA+, e que convivem com o medo de perdê-los para a homofobia.

Saúde
– Janaína Silva da Cruz: moradora do Centro, atua no Projeto Odara em Movimento, promovendo o cuidado e saúde mental, principalmente das mulheres, através de terapias complementares.

– Tatiane Garcia: moradora do bairro Cristo Rei. Atendimento especializado em crianças neurodivergentes, principalmente autistas. É fonoaudióloga especialista em autismo e proprietária da clínica Moriah Terapias integradas Ltda, é autista e especializada em várias áreas referentes ao transtorno.

Povos e Comunidades Tradicionais
– Águida Guiomar Pires: moradora do bairro Pinheiros, P. Mãe Águida é sacerdotisa do P.Tumpiz Terreiro de Umbanda Pesquisa e iniciação, P.Preta Velha Zimba do Congo onde é dado apoio espiritual e terapêutico para mulheres, especialmente as que enfrentam câncer, para promover um acolhimento. Além disso, participa ativamente de campanhas de doação de alimentos, vestuário e itens de higiene, com uma atuação contínua ao longo do ano, principalmente depois da enchente de maio.

– Eliana Fátima Souto: moradora do Bairro Santos Dumont e Ialorixá (mãe de santo). Zeladora da Cultura Gege na organização Afroumbandista Ilê Oni Bará, que faz atendimento às mães solos, com foco nas crianças, palestras e orientação, inclusive de gênero no enfrentamento às violências.

– Isabel Cristina Passos: moradora do bairro Rio dos Sinos, atua na Associação Ilê Axé Oyawoye, onde acolhe a comunidade diariamente, alcançando palavra, conforto, alento, alimento, espaço para higiene, abrigo e dignidade, recebendo profissionais do sexo atuantes na região, mulheres cis, trans e travestis, assim como todo o público LGBTQIAPN+.

Organização da Sociedade Civil
– Jaqueline Maria D’Avila de Souza: moradora do bairro Santos Dumont, faz parte da Liga Leopoldense de Esporte Amador. Atua na criação de 19 grupos de mulheres para rodas de conversa, estudo de direitos e o entendimento do papel da cidadã civil.

– Marta Regina Montenegro Corrêa: moradora do bairro Arroio da Manteiga, faz parte do Grupo Mãos e Sonhos.

Homenagem

No evento, também foram lidos os nomes e feito um momento de aplausos, como homenagem póstuma (in memoriam) às vítimas da enchente de maio na cidade: Alberi Neri Machado de Souza, Carlos Alberto Dias, Eneide Vargas, João Carlos Dias, João Nelio Silva Barbosa, Paulo Fernando da Silva, Silvio da Silva e Valdemar Cesar Kuhn; e também ao desaparecido, Carlos Eduardo Lassakoski dos Santos.

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