EXPEDIÇÃO
Pesquisadores da Unisinos avançam em jornada na Antártida
Coleta de fósseis e microfósseis estavam entre as ações dos professores no continente mais gelado do planeta
Última atualização: 29/02/2024 09:46
O Brasil iniciou suas atividades operacionais e de pesquisa na Antártida no verão austral de 1982/1983, após a elaboração do Programa Antártico Brasileiro. E os pesquisadores da Unisinos, por meio de cooperação de estudos, já estavam desde esse início envolvidos na produção científica na jornada pelo continente mais gelado do planeta. E mais uma vez um dos locais mais inóspitos da Terra voltou ao foco. Pesquisadores do Instituto Tecnológico de Paleoceanografia e Mudanças Climáticas - itt Oceaneon, da Unisinos, participaram de uma nova expedição no local que já registrou temperaturas de -89,2 graus.
Os pesquisadores foram em busca de pegadas do passado por meio da coleta de fósseis e microfósseis. Conforme avaliação da equipe do itt Oceaneon, fósseis são verdadeiras cápsulas do tempo. Rochas ou sedimentos podem, por exemplo, preservar plantas, vestígios de animais e outros rastros que ajudam a contar a evolução do planeta Terra. E por que estudar esses vestígios? Esses indícios revelam mudanças e fenômenos de milhões de anos. E podem fornecer em busca de pistas climáticas, alvo da expedição.
"Realizamos caminhadas de até 20 quilômetros reunindo amostras e fazendo perfis geológicos destes sedimentos. Essas rochas datam de 23 a 66 milhões de anos atrás e nos possibilitarão estudar momentos de aquecimento e esfriamento da Terra", enfatiza Gerson Fauth, coordenador do itt Oceaneon.
Análise do material
Participaram da expedição, que iniciou no final de 2022 e durou quase dois meses, a aluna de pós-doutorado do projeto Paleoclima da Geologia Unisinos, Leslie Márquez; e a doutoranda em Geologia da Unisinos, Bruna Schneider. O trabalho dos pesquisados em campo foi divulgado nesta semana pela Unisinos. Agora, o material coletado seguirá para análise nos laboratórios do itt.
O instituto desenvolve pesquisas visando compreender a evolução geológica, biológica e paleoceanográfica dos oceanos, especialmente do Oceano Atlântico e suas bacias sedimentares. Além disso, realiza pesquisa básica, projetos de Desenvolvimento e Inovação, capacitação profissional e prestação de serviços tecnológicos.
Além do trabalho de análise, o professor Fauth enfatiza que o resultado da pesquisa será relatado em artigos científicos. "Recebemos com muita alegria a oportunidade de realizar uma expedição como essa, que nos dá acesso a amostras raras de serem coletadas, fósseis que contam a história da nossa evolução. Essa imersão de estudo das mudanças climáticas possibilita o desenvolvimento da pesquisa científica e estimula a formação acadêmica de mestres e doutores", completa, por meio da assessoria da universidade.
Alterações climáticas
De acordo com dados da expedição, Fauth, Leslie e Bruna embarcaram na Operantar 41, uma operação que faz parte do Programa Antártico Brasileiro. A saída do Brasil aconteceu em 28 de dezembro e a primeira parada foi Punta Arenas, no extremo sul do Chile, onde a equipe de São Leopoldo realizou atividades de campo juntamente com pesquisadores do Instituto Antártico Chileno (Inach).
Em seguida, embarcaram no navio Ary Rongel, atravessaram a Passagem de Drake e pararam na Base Brasileira sediada nas Ilhas King George. Em seguida, o trio foi lançado de helicóptero na Ilha Seymour, onde aconteceu o trabalho de campo. A localidade reserva materiais ricos para os estudos geológicos. Nela, são encontrados fósseis que contam a história geológica da evolução do Atlântico Sul e do rompimento entre América do Sul e Antártida, fenômeno que causou importante mudança climática.
Segundo Fauth, estudos desses eventos permitem traçar relações com as alterações climáticas atuais, ajudando a prever o que pode acontecer no futuro. E por aproximadamente um mês, a equipe de pesquisadores da Unisinos coletou fósseis e microfósseis nos afloramentos.