Um concerto da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) fez homenagem ao Bicentenário da Imigração Alemã na noite desta quinta-feira (10), em São Leopoldo. O evento, que ocorreria no dia 3 de maio, precisou ser adiado devido à enchente histórica que se iniciou justamente naquela semana. A nova apresentação foi realizada no Santuário do Sagrado Coração de Jesus, no bairro Padre Reus.
A orquestra, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac-RS), realizou o concerto em parceria com a Prefeitura de São Leopoldo. Com repertório repleto de grandes nomes germânicos da música erudita, como Bach, Beethoven e Brahms, o evento teve regência do maestro Evandro Matté e participação do cantor lírico argentino Matías Herrera como solista convidado.
A participação integra a Série Interior dentro da Temporada Artística 2024 da Ospa, que promove concertos por todo o Estado há mais de 70 anos.
A força do bicentenário
O presidente do Comitê Oficial do Bicentenário da Imigração Alemã, Rafael Gessinger, destaca o simbolismo trazido pela orquestra após as enchentes que atingiram o Estado.
“O concerto de São Leopoldo, em maio, seria a abertura do ciclo de concertos em homenagem ao Bicentenário. Aí veio a catástrofe, veio a enchente, que alteraram profundamente a perspectiva”, lembra. “Mas a música tem essa característica de ser uma superação, a música é vida interior, nos convida a ter esperança, então o simbolismo reside ali: é a prova de uma resiliência germânica e gaúcha”, continua.
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Gessinger ressalta que as celebrações seguem até o dia 31 de dezembro. “O ano ainda tem mais dois meses de bicentenário e nós consideramos que está sendo vivido com muito orgulho.”
Evento ganha significado ainda maior depois das inundações
Para o secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, Fabricio Peruchin (pasta à qual pertence o comitê das comemorações do Bicentenário), o evento ganhou um significado ainda maior após as inundações que acometeram o Estado. “Justamente em maio, sofremos o maior desastre climático da nossa história e agora estamos aqui, com o peito acalentado e o coração aquecido, primeiro porque conseguimos já fazer uma grande superação, depois desse momento trágico de maio, e depois conseguimos fazer uma grande comemoração para esse povo alemão que tanto contribuiu e contribui para que tenhamos nosso Estado forte como ele é.”
“Nos concertos, me sinto parte da música”, diz morador de São Leopoldo
O engenheiro de software Carlos Paiva, de 35 anos, mora no bairro Cristo Rei e vê a música erudita como uma poderosa ferramenta para aumentar o foco no trabalho. “Eu, como programador, uso para me concentrar. Eu passo muito tempo no código, então preciso de um som que não tenha letras de música e que me convoque a um ato de introspecção. Essa ajuda, para mim, é primordial.”
Fora do trabalho, a música, para Carlos, é mais do que uma ferramenta: é um sentimento. “Nos concertos eu me sinto parte da música. Parece que a vibração do instrumento, a melodia, me convida a fazer parte daquilo”, comenta. “Dependendo do momento, da música, a sensação pode ser diferente. Com um Vivaldi, consigo sentir algo mais leve, é como caminhar em nuvens”, completa.
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