REVITALIZAÇÃO

Obras na Rua Independência avançam, mas preocupam lojistas locais

Trabalhos estão sendo executados na primeira e segunda quadras da via, mantendo bloqueios e alterações no trânsito

Publicado em: 31/01/2024 10:49
Última atualização: 31/01/2024 11:39

Mais equipes e horários ampliados, alterações no trânsito e avanços a cada semana. A obra de revitalização e modernização da Rua Independência, conhecida como Rua Grande, segue ocorrendo no Centro leopoldense, dentro do que espera a Prefeitura Municipal e o Consórcio São Leopoldo, responsável pela execução dos serviços. Porém, para os comerciantes das primeiras quadras da via, a queda drástica no movimento e a extensão da obra têm trazido cada vez mais preocupação.

Atualmente, os operários trabalham concomitantemente na primeira e segunda quadras da Independência – ou seja, da Avenida Dom João Becker à Rua Brasil, e da Brasil à Osvaldo Aranha.

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Calçada do lado direito da primeira quadra já foi concretada pela equipePriscila Carvalho/GES-Especial
Obra de revitalização da Rua Independência - obra na segunda quadraPriscila Carvalho/GES-Especial

Primeiras quadras

Na primeira quadra, a macrodrenagem da rede pluvial e do esgoto cloacal já foram concluídas, assim como as tubulações da rede de energia elétrica e de lógica. Agora, o Consórcio está na fase de concretagem das calçadas, já tendo concretado a calçada do lado direito da via. Desde segunda-feira (29), as equipes trabalham agora na retirada da calçada do lado esquerdo para, então, concretá-la.

O engenheiro da Secretaria de Obras e Viação (Semov), Rogério Daudt, que acompanha diariamente a obra, explicou que a concretagem deve ficar pronta nesta semana. Nas próximas, então, será feita a colocação de basalto. A concretagem e basalto também serão feitas no leito da rua, para depois ser recolocado o calçamento retirado do local – serviço que é todo feito manualmente.

Na segunda quadra, a macrodrenagem da rede pluvial e da rede de esgoto cloacal foram concluídas e segue a ligação das redes domiciliares e dos prédios comerciais na rede pluvial e no esgoto cloacal, do lado direito da Independência. O Consórcio também trabalha na instalação das caixas principais da tubulação da rede de energia e da rede lógica nesse trecho da via.

Rua Brasil deve ser liberada segunda-feira

Para continuidade das obras, desde a última semana a Rua Osvaldo Aranha está fechada no cruzamento com a Independência. No local, que é o início da terceira quadra da Rua Grande, o Consórcio está fazendo a ligação da rede pluvial da Osvaldo Aranha. Nesse ponto, ainda não há prazo para liberação.

Na Rua Brasil, porém, a liberação ganhou nova data. A princípio, o trânsito seria desbloqueado até ontem, mas houve atraso por conta da necessidade de remanejamento da rede de internet. A previsão agora é de liberar na próxima segunda-feira (5).

Obra de revitalização da Rua Independência - cruzamento Rua Brasil com IndependênciaPriscila Carvalho/GES-Especial
Obra de revitalização da Rua Independência - cruzamento da Rua Osvaldo Aranha com a IndependênciaPriscila Carvalho/GES-Especial

Comerciantes relatam prejuízos

O tempo levado para entregar a primeira quadra da obra é um dos motivos de preocupação para os lojistas, que relatam perdas desde o início da revitalização.

Gerente de um comércio na primeira quadra da rua, Margarete Rodrigues Machado de Oliveira, diz que trabalha há 13 anos no local e nunca havia passado por queda semelhante nas vendas. “O movimento está só 20% do que seria o normal. Tem dias que vendemos R$ 200. Com aluguel, IPTU, funcionárias, todas as despesas e impostos, está bem difícil”, comenta, lembrando que os clientes reclamam da dificuldade de acesso. “Tem comércios aqui que entra apenas uma pessoa por dia, e tem dias que não entra nenhuma. Está sendo um caos para nós. Tem gente que não vai conseguir (manter o comércio)”, completa. Quem passa pelo trecho, de fato, já nota lojas fechadas.

“Estamos desacreditados”

Proprietário de outro comércio no local, Kauan Lazarotto lembra que o primeiro prazo dado pela prefeitura era de conclusão da primeira quadra em até 60 dias. “Falaram que iam terminar em dezembro, não terminou. Depois falaram que era quadra por quadra, já está quase na terceira e ainda não terminaram a primeira. Estamos desacreditados”, lamenta, contabilizando os prejuízos já registrados.

“Para abrir, eu tenho mais ou menos uns R$ 4,5 mil de gasto, de largada, todos os dias”, disse, citando os produtos que precisa por no balcão, o pagamento de funcionários, luz e aluguel, por exemplo. Para conseguir manter a loja, Lazarotto já teve que fazer, pelo menos, seis demissões. “Estamos segurando conforme dá, mas não está fácil.”

Calçadas do lado esquerdo estão sendo retiradas e um acesso foi colocado em frente a um dos comércios afetados Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

Assunto foi pauta de reunião entre Acist e Câmara

As obras na Rua Independência também foram pauta de uma reunião entre comitiva da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Tecnologia (Acist-SL) e a presidente da Câmara de Vereadores de São Leopoldo, Iara Cardoso. O presidente da Acist, Daniel Klafke, reiterou que o comércio está sendo seriamente afetado pela obra e que medidas compensatórias precisam ser tomadas, como redução tributária, e ajuda aos comerciantes de todas as quadras. “O pacote de ajuda precisa ser amplo”.

Diretora de Cultura e Turismo, Ingrid Marxen lembrou que é preciso haver um calendário definido para a execução e conclusão da obra, tendo em vista que em seis meses será celebrado o Bicentenário da Imigração Alemã em São Leopoldo e que haverá um grande fluxo de pessoas transitando no centro da cidade.

Prazo dado é uma média

Em entrevista ao Jornal VS, o titular da Semov, Geraldo Passos, destacou que entende a inquietação dos lojistas e que a prefeitura também está preocupada em provocar menos prejuízos possíveis ao comércio. Ele citou ainda que o prazo para execução de cada quadra é uma média. “Sempre fizemos a ressalva: a previsão é uma média de dois meses por quadra, mas não tem como garantir, pode dar mais ou menos”, ponderou, esclarecendo que não é viável fazer a obra quadra por quadra, porque ela é interligada, com equipes trabalhando em várias frentes diferentes, como tubulação de esgoto, rede pluvial, telefonia e internet.

“Dois meses é um tempo médio que se calcula para a previsão da obra. A primeira quadra sempre é a mais demorada, porque os serviços precisam ser todos iniciados, não tem nada pronto. Enquanto na segunda quadra, já fazemos serviços concomitantes com a primeira”, argumentou o engenheiro Rogério Daudt. “As quadras subsequentes vão demorar menos tempo”, projetou.

Paciência

“Queremos pedir paciência à comunidade, porque realmente obra é assim. A primeira rua foi mais complicado, porque tem muita coisa embaixo, muita mudança, as empresas estavam comprando material, as equipes pegando o serviço. Hoje a gente avançou bastante”, afirmou. Passos também ressaltou que toda a equipe da Semov acompanha os serviços e que ela está preparada. “Estamos trabalhando com maior empenho do mundo.”

A Semov estima que a primeira quadra seja entregue até o final de março. A intenção é estar com, pelo menos, três quadras concluídas até o meio do ano. 

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