Com cuidado e muito carinho, aos poucos, peça por peça vai sendo limpa e separada das demais, ainda sujas de barro. É assim, num trabalho de formiguinha, que os voluntários do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo (MHVSL) estão tentando resgatar os diversos objetos atingidos pela enchente de maio. O térreo da sede da instituição, que fica no Centro leopoldense, foi severamente invadido pela água e boa parte do acervo ficou submersa por dias.
Logo após a água baixar, porém, o museu já começou a limpar e organizar tudo o que foi atingido. Com o auxílio dos voluntários, cada espaço e item está sendo higienizado, com a cautela necessária que os objetos, históricos, exigem.
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Voluntariado
A diretora de relações institucionais do MHVSL, Ingrid Marxen, é uma das voluntárias. Em seu chamado “quartinho” na instituição, ela contribui na limpeza dos objetos, como por exemplo, moldes de letras e imagens, conhecidos como tipos móveis, usados para a impressão de jornais, livros, encartes, entre outros do início do século passado.
Para tanto, Ingrid deixa os tipos de molho em um balde com água e sabão. Com uma esponja, ela esfrega as peças para tirar a sujeira. “Vai praticamente uma esponja por semana. Esfrego em cima, em baixo, dos 4 lados, e no lado que tem a letra passo a escovinha”, relata, sobre o processo que costuma fazer. Nos cantinhos, partes mais difíceis ou quando o barro não sai totalmente, ela também uma a escovinha. Quando está pronto, ela enxágua e deixa os objetos secarem naturalmente. “Com o ar-condicionado ligado sempre, pra não ficar tudo úmido e mofado de novo”, explica.
“Eu consigo fazer umas 40 (peças) por turno mais ou menos”, comenta, Ingrid. Somente em julho, ela fez 111 horas de voluntariado, contabilizando caixas e caixas de tipos móveis já limpos e ajudando na reorganização do museu.
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A procura por restauradores
Mas há objetos históricos que precisam de um restauro mais especializado, como as máquinas de escrever atingidas. “Nas teclas têm que passar quase que um cotonete ao redor, não é só o que está em cima, não é só tirar o pó, é o que tem embaixo”, comenta Ingrid, lembrando que alguns tipos de sujeira podem propagar fungos e estes se espalharem por outras peças da mesma vitrine ou mesmo prejudicar a respiração de quem atua no local.
Outro exemplo, são os instrumentos musicais, alguns grandes e que demandam conhecimento técnico para executar o restauro. “A gente está procurando também outras opções de restauradores, pra ver se tem mais pessoas que possam nos ajudar, principalmente com os nossos instrumentos, que são o mais importante. Pois tem que realmente ser alguém que entende do instrumento, porque a gente só vê por fora, mas e o que tem ali dentro?”, questiona a diretora.
Para tanto, há necessidade de profissionais restauradores, que também estão em falta no momento pela grande demanda de trabalhos.
Bíblia de 1765 foi salva
Dentre os objetos do museu salvos da enchente, um deles é tratado de forma especial por Ingrid: uma bíblia datada de 1765. A diretora conta que ela ficava exposta no primeiro andar do local, em um balcão baixo, onde facilmente seria atingida pela água e, provavelmente, seria totalmente perdida. “No dia 3 de maio, uma funcionária do museu já estava na porta para ir embora no fim da tarde e resolveu voltar e levar a bíblia para o 2º andar. Foi um milagre, verdadeira obra do Espírito Santo”, conta.
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Campanha para executar restauros
Os restauros, porém, precisam ainda de recursos. Por isso, o Museu lançou uma campanha de adoção de objetos. Por meio da iniciativa Adote um Objeto do MHVSL , interessados em ajudar no conserto de itens de raridade, sejam pessoas físicas, empresas ou instituições, podem contribuir com a doação de R$ 100 por meio de transferências via PIX. A chave é o CNPJ 96.760.418/0001-76.
Dos 20 objetos colocados para adoção na campanha, 12 foram adotados até o momento. Outros 5 objetos foram parcialmente adotados, ou seja, foi arrecadado algum valor, e 3 ainda não tiveram nenhum valor arrecadado.
Segundo o presidente do Museu, Cássio Tagliari, são muito mais objetos a serem restaurados, mas estes 20 – entre eles, relógio, caixas de música, televisor, uma mala, uma imagem de Jesus Cristo com um antigo altar e um rádio – foram escolhidos primeiramente por serem, a maioria, de madeira, e já se saber quem poderia restaurá-los.
Nesta quarta-feira (21), o museu reforçou a campanha em suas redes sociais. O valor dos restauros varia entre R$ 800, o item mais em conta, que é um telefone de campanha, e R$ 150 mil, o item mais caro, um piano alemão Schiedmeyer, de 120 anos de fabricação.
As fotos e o valor necessário para o restauro de cada item podem ser conferidos na página do Museu no Facebook e Instagram @mhvsl.
Como ajudar
Para adotar um objeto histórico atingido pela enchente, saber mais informações, ou se apresentar como restaurador, além das redes sociais, interessados podem contatar o MHVSL pelo telefone (51) 3592 4557 ou e-mail: museuhiostoricosl@museuhistoricosl.com.br.
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