Os pedidos de ajuda da jovem de 21 anos que foi mantida em cárcere privado por três meses dentro de um apartamento no bairro São Miguel, em São Leopoldo, eram ouvidos constantemente pelos vizinhos. Conforme a delegada Michele Arigony, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da cidade, uma testemunha relata ter ouvido os gritos da vítima várias vezes, bem como “barulhos similares a agressões”.
No entanto, até a segunda-feira (29), dia em que a jovem usou um lençol como corda para fugir do apartamento e ser levada até a DP para denunciar o homem de 47 anos, nada foi informado à Polícia Civil. “Nunca recebemos denúncia [sobre o caso]”, expõe a delegada.
A vítima havia sido contratada para prestar serviços sexuais ao agressor há cerca de três meses. A jovem não soube dizer, no entanto, a data em que foi contatada pelo homem. Desde então, ela não conseguiu mais sair do apartamento.
Durante o período, ela sofria agressões físicas e sexuais. O abusador ainda ameaçava matar membros de sua família caso ela gritasse ou tentasse fugir. À Polícia, a vítima afirma que ele estava “cuidando ela” antes mesmo de contratar seus serviços.
“Ele dizia que sabia onde ela morava, quem era sua família”, explica Michele. Não se sabe, contudo, se o homem realmente tinha conhecimento do local onde a vítima morava ou se ameaçava para que ela não tentasse fugir.
Presa em quarto durante o dia
O homem saia para trabalhar e deixava a vítima trancada no quarto durante o dia. Segundo a jovem, o agressor deixava comida no local para que ela se alimentasse durante o período. À noite, quando chegava, deixava que ela circulasse pelo apartamento.
“Ele mantinha ela para fins sexuais. Segundo a vítima, os estupros eram diários, sempre à força, com violência”, expõe a delegada.
Durante o período em que ficou em cárcere, não houve ocorrência de desaparecimento registrada pela família.
Fuga
Na segunda, o homem saiu do local por volta das 6 horas. Uma hora depois, ela conseguiu fugir pela janela do terceiro andar. A vítima entrou no apartamento da vizinha do andar inferior (como mostra a imagem acima) e pediu ajuda para procurar a Polícia.
Após a denúncia, a jovem foi levada para receber atendimento médico. Ela foi liberada e levada até os familiares. A Polícia aguarda o resultado dos exames.
Prisão
O homem foi preso onde trabalhava. Não se sabe o que levou o agressor a escolher a vítima ou se outras mulheres foram mantidas em cárcere anteriormente.
Michele informa que a Justiça já converteu a prisão em flagrante para preventiva. O homem segue detido.
Denuncie
Denúncias podem ser encaminhadas pelo Disque Denúncia 181 e no WhatsApp da Polícia Civil (51) 98444-0606 ou 197 no plantão de emergências.
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