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SÃO LEOPOLDO

"Não aguento mais": Nível do Rio dos Sinos supera a marca de 2023 e comunidade desabafa

Moradores das regiões afetadas mostram como estão lidando com a situação

Publicado em: 02/05/2024 às 19h:35 Última atualização: 02/05/2024 às 19h:37
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O nível do Rio dos Sinos chegou a 6,29 metros (m) às 19h20 desta quinta-feira (2), segundo a Defesa Civil de São Leopoldo. Com isso, a elevação superou a maior marca atingida em 2023, que era de 6,18 m. Conforme o Plano de Contingência do Município, o status ainda é de Alarme. 

inundacoes em São Leopoldo - Adriano dos Santos Martins



inundacoes em São Leopoldo – Adriano dos Santos Martins

Foto: Amanda Krohn/Especial

Os bairros com mais famílias desabrigadas e desalojadas são: Vicentina, Santos Dumont, Campina, Paim, Jardim Fênix, Vila Brás, Pinheiro, São Geraldo e Feitoria. Os locais disponíveis para abrigamento são a Paróquia Santo Inácio de Loyola, no bairro Rio dos Sinos; a Associação Meninos e Meninas de Progresso (Ammep), no bairro Santos Dumont; o Centro de Espiritualidade Padre Arturo (Cepa), no Arroio da Manteiga; e o CTG Candeeiro, na Feitoria.

Moradores da Feitoria saem de suas casas

Com o número de pessoas em abrigos ultrapassando o total de 400 pessoas no município, a comunidade reclama das constantes perdas. “Não aguento mais, quero sair daqui”, reclamou o autônomo Marisson Benhur Torres, de 46 anos, morador da rua Frederico Mayer, no loteamento São Geraldo, do bairro Feitoria, a segunda região mais afetada na cidade. “É um prejuízo que, a cada vez que acontece, é em torno de uns R$3 mil a R$ 4 mil reais, que a gente gasta com o quê? Com móveis, tu vai gastar com pia, com colchão… tudo”, continua.

O mecânico Adriano dos Santos Martins, 29, também do loteamento São Geraldo, comenta a dificuldade para conseguir sair de casa antes que a água tome conta. “É difícil, a gente fica nervoso, mas a gente tenta acompanhar, então tem que respirar e manter a calma. Às vezes a gente nem soma o prejuízo, a água vai levar o que ela tem que levar”, diz. Com os pertences e seu cachorro de estimação a tiracolo, Revoada, Martins afirma que sua maior fonte de apoio são os vizinhos. “Da prefeitura não temos nenhum suporte, foi mais suporte dos vizinhos, um ajudando o outro, erguendo as coisas, levando os móveis, pegando roupa… um vizinho ajudando o outro.”

Jaqueline (ao centro) abriga-se na Paróquia Santo Inácio com seus filhos Rhuan e Myrella



Jaqueline (ao centro) abriga-se na Paróquia Santo Inácio com seus filhos Rhuan e Myrella

Foto: Amanda Krohn/Especial

Comunidade da Steigleder se une para enfrentar as cheias

A coordenadora da Ocupação Steigleder, Jaqueline dos Santos Rodrigues, tem 40 anos, viu a situação se repetir pela terceira vez no bairro Santos Dumont. “Essa é a terceira vez que vemos isso acontecer, a última foi no dia 16 de junho, é um momento que a gente nunca vai esquecer porque foi uma das piores que a gente pegou até hoje”, relata a auxiliar de serviços gerais, que estava acompanhada de seus filhos Rhuan Rodrigues Garcia, de 11 anos, e Myrella Rodrigues Garcia, de 3. Abrigados na Paróquia Santo Inácio, os moradores da Steigleder representam o maior contingente de desalojados do município, segundo a Secretaria de Assistência Social (SAS). 

Diante da situação, o foco de Jaqueline é dar apoio à comunidade. “A gente se articula antes. Temos dois grupos no Whatsapp, o da ocupação e o de salvamento. Caso aconteça o que aconteceu e a gente não tenha como esperar o socorro chegar, o próprio grupo da comunidade faz o resgate e ajuda as pessoas a erguer os móveis”, explica. “Eles se sentem mais seguros em saber que a coordenação está sempre pronta pra ajudar. Se aconteceu alguma coisa ou prevê lá no jornal que vai dar alguma enchente, eles já vêm lá e perguntam o que vão fazer, para onde vão levar, então eles sabem que estamos nos preparando para uma possível tragédia”, continua.

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