CHEIA HISTÓRICA

Morador de São Leopoldo que passou por cheias históricas volta para casa

Seu Almirante perdeu tudo e agora vive recomeço no bairro São Miguel; artesã que fazia trabalho beneficente também é atingida

Publicado em: 12/06/2024 07:00
Última atualização: 12/06/2024 10:44

O barbeiro Alcino Almirante Gonçalves, que contou ao Jornal VS sobre as enchentes de 1941 e 1965, voltou para sua casa nessa terça-feira (11) no bairro São Miguel após mais de um mês fora de casa. Aos 84 anos, ele perdeu tudo e trabalha para recuperar o local com a ajuda do filho, Alcino Almirante Gonçalves Filho, de 34 anos.

Seu Almirante perdeu móveis, eletrodomésticos e diversos documentos na enchenteAmanda Krohn/Especial
cheia histórica no RS - São Leopoldo - Almirante FilhoAmanda Krohn/Especial

Entre os dias 4 e 10 de junho, ambos limpavam juntos a casa do Seu Almirante, como é conhecido. "É horrível, perdi tudo: móveis, documentos… sobraram apenas algumas roupas. Até eu conseguir tudo vai levar muito tempo", contou o barbeiro, enquanto mostrava uma pasta cheia de lama onde eram guardados os documentos.

Seu Almirante esclarece que a casa em que esteve abrigado com seu filho pertencia a amigos. "Meu filho mora aqui do lado, perdeu tudo também", disse. "É muito problema. Meu filho limpou a casa e eu estou me sentindo bem em entrar, mas não é como antes. Agora é só sufoco, uma imundícia e um cheiro ruim", continuou.

Em família

Alcino Filho relatou que, além de seus pertences, perdeu também o emprego. "Eu trabalhava como autônomo, fazendo canudinho, mas perdi meus materiais, agora estou também procurando emprego", desabafou. "Nunca passei por isso, mas a gente tem que ser forte. Não dá para desistir, tem que ir à luta, é uma grande reconstrução e meu pai depende de mim, tem 84 anos", seguiu.

Parte da luta envolve tentar alguns itens através de doações. "Estamos recebendo roupas de amigos e vizinhos, e também estou indo nos locais que fazem essa distribuição", conta Almirante Filho. "Na minha casa, metade está condenada a ser deteriorada. Minha esposa está bem afetada emocionalmente, ela é porta-bandeira em uma escola de samba", acrescentou, enquanto mostrava as roupas recuperadas.

Teresinha organizou suas roupas em cadeiras pela casa Foto: Acervo Pessoal

Artesã que fazia festas solidárias também é atingida

A artesã leopoldense Teresinha Schwartzhaupt Fogaça, de 61 anos, da Vila dos Tocos, também perdeu diversos itens com as inundações. Acostumada a arrecadar brinquedos para fazer festas beneficentes de Natal, Páscoa e Dia das Crianças, ela já divulgou suas ações no Jornal VS em duas ocasiões: no Natal de 2023, em edição impressa, e na Páscoa de 2024. Nos eventos, ela doou os brinquedos para presentear as crianças de seu bairro.

No entanto, dessa vez, Teresinha é quem precisa de doações. "Saí de casa no dia 3 de maio e voltei só no dia 29. Estou precisando de um roupeiro, de uma pia e de um armário para mim, mas ainda não consegui receber o Auxílio Reconstrução", disse. "Já fizeram o cadastro para mim na escola Zaira, o atendimento foi as mil maravilhas, mas ainda não tenho um prazo de quando vou receber. Estou sem uma pia para lavar louça, lavar roupa... preciso de ajuda", continuou.

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