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2 DE ABRIL

Momento para reforçar a conscientização sobre o autismo

Em Sapucaia do Sul, Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo será lembrado com caminhada neste domingo

Publicado em: 31/03/2023 às 10h:07
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Maria Margarete Schumann, de São Leopoldo, trabalhava na zona rural. Na roça, como ela mesma se refere. Mas um novo momento iniciou quando seu neto Victor Schumann da Silva, hoje com 20 anos, foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos 2 anos. “Ele começou a reduzir a fala e apresentar sinais de não sociabilização, ignorando brincadeiras, não respondia aos chamados, o olhar dele foi se modificando. Na época, eu era leiga, não entendia bem o que se passava”, conta ela, enfatizando a importância de datas como a de domingo, 2 de abril: Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo.

Mudança nas vidas de Victor e da avó Maria Margarete



Mudança nas vidas de Victor e da avó Maria Margarete

Foto: Maria Margarete Schumann/Acervo pessoal

Ela decidiu, na infância de Victor, retomar os estudos para entender o autismo e auxiliar o neto. “Tive a ideia de voltar a estudar pra auxiliar meu neto. Sentia que ele precisava e que eu precisava. Fiz EJA, vestibular, cursei Pedagogia e fiz pós-graduação. Um processo de vida junto com meu neto, que é autista severo não verbal.”

E dentro das ações, que envolvem o Programa TEAcolhe em relação a Lei Estadual n° 15.322/2019 – que instituiu a Política de Atendimento Integrado à Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo no âmbito do Rio Grande do Sul -, há atividades na região e capital programadas com ênfase no TEA.

Caminhada

Em Sapucaia do Sul ocorre a 3ª Caminhada de Conscientização do Autismo, neste domingo, às 15h30, com saída da Associação Estrela Azul, na Rua Manoel Serafim, 1.360, em direção à Praça Central General Freitas.

Para quem desejar, é possível ainda encomendar sua camiseta do evento pelo número (51) 98022-2702. 

Formação

Já em Porto Alegre, o Instituto e Clínica Horizontes está preparando, para os dias 18 e 19 de agosto, com inscrições abertas na rede social da instituição, a Jornada Litoral entre Psicanálises e Neurociências: pesquisas e clínica, tendo como convidada a psicanalista francesa Marie-Christine Laznik, especialista em autismo.

Para Ana Lúcia Eggers, diretora administrativa, da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de São Leopoldo, atividades para ampliar o conhecimento sobre TEA e mobilizar a sociedade são sempre essenciais e exigem empenho constante. Nessa jornada de atenção há ainda a Associação Mantenedora Pandorga, que tem como objetivo qualificar a intervenção e buscar a efetivação dos direitos das pessoas com transtorno do espectro do autismo.

Interação social e inclusão no horizonte


Ana Eggers



Ana Eggers

Foto: Ana Lúcia Eggers/Acervo pessoal


Para Ana Lúcia, há avanços em relação à interação social, mas precisa fortalecer ainda mais as ações. “Apesar de ainda buscarmos por mais espaços inclusivos, atualmente encontramos uma maior disponibilidade de serviços voltados a este público. Também contamos com uma rede de apoio, nas políticas públicas, na busca de novas possibilidades no processo inclusivo.

Em São Leopoldo, vários de nossos beneficiários estudam na rede regular de ensino, frequentando a Apae no contraturno. E tantos nossos alunos, quanto pacientes e usuários, com TEA, têm participado efetivamente das atividades ofertadas no Município, fato este, que denota uma preocupação em efetivar a garantia de direitos.” Ela explica que ao ingressar na Apae todos passam por equipe multidisciplinar. “A partir das avaliações de caso é traçado o plano terapêutico e setor para atendimento necessário.”

Investigação para ocupar o lugar da estranheza

“A partir do DSM 5 (sigla para Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) muitas mudanças foram realizadas nos critérios de diagnóstico do autismo. Diagnósticos, que apareciam em separados, como a Síndrome de Asperger, passaram a integrar o TEA. Novos elementos, aliados aos critérios já existentes, fizeram também aumentar consideravelmente o número de sujeitos com o diagnóstico. Como se não bastasse isso, vimos nos últimos anos um aumento crescente de crianças com diversos atrasos no desenvolvimento, muitas vezes sem falar, com atrasos motores e dificuldades relacionais, que são da ordem da preferência pelo inanimado em detrimento ao animado, ou seja, evitam e não conseguem entrar em interação ou sustentá-la”, enfatiza Renata Viola Vives, psicóloga, psicanalista e coordenadora do Instituto Horizontes.

“Hoje temos muitos adultos que, ao investigarem o que se passa com seus filhos, acabam se identificando com o diagnóstico e dando sentindo a uma vida inteira, onde viviam situações de estranheza, bullying e até mesmo depressão. Existem movimentos de políticas públicas, pois hoje o TEA é considerado um transtorno de saúde pública, tendo em vista a necessidade de se olhar para esses indivíduos por toda a vida, oferecendo melhores condições de estudo, trabalho e assistência em geral. Porém, essas políticas públicas ainda estão muito aquém da necessidade da população em geral, que não encontra centros e profissionais qualificados para atendê-los.”

Programa TEAcolhe

A Secretaria de Saúde do Estado destaca que o Programa TEAcolhe está em processo de fortalecimento e expansão, abrangendo todo o Estado do RS. Temos 6 Centros Macrorregionais e 28 Centros Regionais de Referência pactuados/em funcionamento. Esses centros têm o papel de articular as redes de assistência social, educação e saúde a partir da metodologia do matriciamento, qualificando os serviços municipais/locais para o cuidado/assistência das pessoas com autismo e suas famílias em seus territórios. Esse é uma iniciativa inédita, inclusive em nível nacional, tendo sido referência para outros estados que tem buscado conhecer nosso programa.

É a oportunidade de trazer a pauta para a discussão ampliada, articulando cuidados e assistência em três áreas extremamente sensíveis e importantes. Destacamos, ainda, a confecção e fornecimento da CIPTEA, Carteira de Identificação da Pessoa com Autismo, também uma referência nacional. Atualmente, ultrapassamos 10 mil CIPTEAs entregues em todo o estado. A equipe da SES reforça que é necessário grande envolvimento dos gestores municipais na efetividade da proposta. Destacamos, ainda, que a participação das famílias e da sociedade civil organizada na construção e fortalecimento do programa é fundamental e necessária. Outro ponto que desejamos avançar é a articulação com as instituições de ensino e pesquisa sobre o tema do TEA.

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