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CADÊ O ÔNIBUS?

Leopoldenses reclamam de longo tempo de espera nas paradas

Algumas linhas possuem horários mais espaçados do que outras, o que gera a insatisfação dos usuários; Entenda por que isso acontece

Publicado em: 02/02/2024 às 07h:00 Última atualização: 01/02/2024 às 21h:11
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“Eu fico uma hora amargando e ele não passa. Isso não é vida para nós”. A reclamação da dona de casa Fátima Maria Ramos, de 62 anos, já virou rotina para muitos que dependem dos ônibus para se locomover pelo município. Com a passagem a R$ 5,00 desde 2 de janeiro e sem ar-condicionado em muitos casos, a comunidade reclama também da falta de comodidade na viagem. 

Algumas pessoas da comunidade reclamam do tempo de espera nas paradas de ônibus



Algumas pessoas da comunidade reclamam do tempo de espera nas paradas de ônibus

Foto: Amanda Krohn/Especial

Dona Fátima, que usa a linha Santos Dumont para colaborar com o tratamento de seu marido, afirma que suas idas ao Centro são permeadas por desconforto. “Nós já somos idosos; ou eles botam mais ônibus, ou mudam o jeito. Eles deveriam passar de meia em meia hora, mas levam uma hora para chegar. Não aguento mais”, desabafa. 

Tempo de espera varia

A aposentada Leonira da Silva Bek, 60, não sofre do mesmo mal ao usar a linha Vila Maria, também do bairro Santos Dumont. “Daqui a pouco chega”, diz, tranquilamente. Já os usuários da linha Morro do Paula não têm a mesma sorte que Leonira. A doméstica Maria Antunes, 77, e seu neto Wellinton Rosiel Antunes dos Reis, 17, volta e meia precisam pedir carona, como aconteceu durante a realização desta reportagem. “Ele vem de uma hora em uma hora, mas hoje nós perdemos porque ele veio adiantado. Agora temos que esperar alguém nos buscar”, conta.

Dona Maria e Wellinton desistiram e pediram carona



Dona Maria e Wellinton desistiram e pediram carona

Foto: Amanda Krohn/Especial

Como acompanhar

O Consórcio Operacional Leopoldense (Coleo), responsável pelo transporte coletivo municipal, reforça que as reclamações, assim como pedidos de informação, devem ser feitos pelos canais oficiais do consórcio e da prefeitura. “Percebemos que muitos usuários pesquisam horários de forma incorreta e se baseiam em sites não oficiais. Antes de alterar qualquer horário, sempre publicamos nas mídias sociais”, avisa o consórcio, mediante assessoria.

O Coleo atende pelo telefone (51) 3592-2009, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h30,e também na Rua Conceição, 838, Centro. As alterações de horários são divulgadas na página da empresa no Facebook.

Insatisfações podem ser repassadas também à ouvidoria municipal, que atende de segunda a sexta-feira, das 9h às 14h. O atendimento pode ser feito na Avenida Dom João Becker, 754 e pelo telefone 156. O Coleo reforça que as reclamações, tanto à prefeitura quanto ao consórcio, devem vir acompanhadas do máximo de informações possível. Além do detalhamento do ocorrido, é necessário fornecer data, local, nome da linha e horário em que aconteceu, e, se possível, número do veículo.

Coleo explica como funciona a tabelação e definição da frota

De acordo com o Coleo, “se a população de um bairro é maior, a tendência é que a movimentação de passageiros também seja, fazendo com que os intervalos de tempo entre veículos sejam menores”. O Consórcio explica que acompanha diariamente as lotações.  “Os veículos variam de 23 a 54 passageiros sentados e mais 43% a 50% de pé”.

A empresa informa ainda que há uma queda de 66% nessa demanda aos sábados e de 90% nos domingos, o que diminui, consequentemente, a frota nesses dias. Em relação às alterações semanais na
tabela, “as atualizações, em sua maioria, são somente de minutos. Exemplo: o ônibus sai do centro às 11h36, mas sairá às 11h34 para não ficar atrasado na viagem de retorno em função de um engarrafamento que está se formando no Centro”, diz o consórcio.

O Coleo reclama, ainda, que o valor atual da passagem é inferior ao necessário para suprir as demandas. “Atualmente o valor da tarifa técnica alcança o patamar de R$ 6,13. Bem diferente do atual valor da tarifa pública em São Leopoldo, que é R$ 5,00. Isso ocasiona a redução da qualidade do serviço prestado, com aumento da idade média da frota, redução de horários, demissões de funcionários e possibilidade de atraso nos pagamentos dos salários”, explica o consórcio em nota.

Acessibilidade é obrigatória, mas ar-condicionado não é

Em relação à exigência de ar-condicionado e acessibilidade, a Secretaria de Mobilidade e Serviços Urbanos (Semurb) esclareceu, mediante assessoria, que a climatização é apenas aconselhada. “A acessibilidade, sim, é obrigatória. Todas as frotas devem ter esse recurso, mas ainda está dentro do período de adequação dos veículos”. Conforme a pasta, este período é de 15 anos após a assinatura do contrato de concessão, em julho de 2011. Ou seja, as empresas têm até 2026 para se adaptarem.

A Semurb define, ainda, que as empresas que não cumprirem as exigências são notificadas e podem ser punidas em caso de reincidência. Também questionado, o Consórcio alega que a acessibilidade é um conjunto de características que obedecem à lei. “Vai desde o adesivo azul com o símbolo de acessibilidade na lataria do veículo, pega mão tátil, friso amarelo nas escadas de acesso, até o elevador para cadeiras de roda. Ocorre que conforme o ano de fabricação do ônibus, as exigências vão sendo maiores”.

Segundo o Coleo, os ônibus mais antigos devem possuir o adesivo e pega mão tátil. Já o elevador para cadeiras de rodas só é obrigatório para veículos fabricados a partir de 2012, que também devem ter as outras características. De acordo com a Semurb, a idade média das frotas deve ser de até 10 anos e a troca mais recente ocorreu em 2023, com a substituição de sete veículos.

Semurb garante que controla cumprimento das normas

A Semurb garante que “toda mudança de linha e horários são apresentadas à Semurb, e, após análise e consulta popular, é deferida ou não a proposta do Coleo”. A pasta acrescenta que “realiza o controle de lotação, cumprimento dos horários e itinerários e estes dados são controlados e aferidos pelo Poder Publico junto ao Consórcio”. A listagem de lotações e horários não foram repassadas à reporter em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A secretaria defende que, em alguns casos, os atrasos são justificáveis.“As rotas e horários são impactados conforme as instabilidades climáticas e bloqueios inesperados das pistas. 

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