Em meio a latas de tinta, tijolos e dos materiais que ainda estão fora de seus lugares corretos, a esperança da reconstrução ressurge forte e vibrante no Instituto Lenon Joel pela Paz. E junto dela, vem a alegria de celebrar o aniversário de 18 anos da instituição, localizada no bairro São Miguel, em São Leopoldo.
Criada em 2006, a entidade disponibiliza oficinas e o serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, atendendo jovens de 6 a 17 anos de idade, em situação de vulnerabilidade social. Severamente atingido pela enchente, ficando submerso por dias, o espaço perdeu tudo o que disponha para atender as crianças e adolescentes. Com a ajuda de diversos parceiros, porém, voltou a funcionar e, agora, está sendo ampliada, pondo em prática um sonho antigo de colaboradores e comunidade.
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Centro de distribuição
Vice-presidente do instituto, Delci Mello lembra que até o último mês de abril, a segunda etapa da nova sede estava pronta, com móveis e equipamentos. Mas tudo acabou perdido na enchente, que cobriu o lugar de água. “Não dava pra ver o Lenon nos primeiros dias. A gente conseguiu acessar a sede no dia 3 de junho”, contou. Após limpar a sede e descartar tudo o que foi atingido, o local passou a ser um Centro de Distribuição para atingidos pela cheia.
“Fornecíamos rancho, colchão, cobertas, roupas de cama, material de limpeza. Nós trabalhamos do dia 7 até o dia 27 de junho só distribuindo coisas. E depois já começamos o atendimento a crianças e adolescentes, que é o nosso papel”, ponderou.
Parceiros ajudaram a recuperar entidade
Neste período, o instituto também começou a receber contatos de pessoas, empresas e instituições até de outros estados que gostariam de colaborar na reconstrução da entidade. Com isso, além de retomar o projeto da terceira etapa da sede, que inclui a construção de salas no segundo andar, inúmeros materiais e equipamentos novos foram adquiridos novamente. “Temos uma sala, que é só para o material que a gente já conseguiu novo”, disse Delci, mostrando o espaço, abarrotado de equipamentos e destacando que o suporte recebido vai desde uma colher do refeitório até um computador.
Entre as benfeitorias, a entidade também foi apadrinhada com um carro novo para conseguir auxiliar no transporte de mercadorias, como alimentos e verduras, entre outros.
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Inauguração no fim do ano
Com recurso garantido, a obra na entidade está a todo vapor. Além do segundo andar, muro vazado, calçada nova e playground, estão entre outras melhorias que devem ser feitas. “Até o final do ano vai estar tudo pronto e a gente vai estar com todos os parceiros aqui para inaugurar”, afirmou Delci.
Depois da ampliação pronta, a sede do Lenon contará com 6 salas de atendimento, refeitório, cozinha, 5 banheiros e, no segundo andar, auditório, 3 salas para atendimento técnico e um banheiro.
Atualmente, das 175 crianças atendidas antes da enchente, cerca de 120 voltaram para o instituto. “Porque tem crianças que ainda não voltaram pra esse bairro, que ainda dependem da Defesa Civil que vai lá pra fazer a vistoria em sua casa”, explicou a vice-presidente, ressaltando que a entidade dá suporte também para os jovens que ainda não voltaram.
Festa para celebrar aniversário
Na noite desta quinta-feira (14), um evento na Sociedade Ipiranga vai celebrar os 18 anos do Instituto Lenon. “Essa festa vai ser muito emocionante. A gente está preparando apresentações das crianças, das oficinas, vai ter dança, música. Além disso, 14 pessoas vão ser homenageadas por estarem nesse momento de construção e pela história junto com o Lenon”, ressaltou Delci.
“Estamos preparando uma noite que faça com que as pessoas revivam a história do Instituto Lenon e se emocionem junto com a gente”, completou.
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“É muita emoção, a gente fica até sem palavras”
Hoje morando na cidade de Porto Vera Cruz, o pai do jovem Lenon – morto em um assalto ao estabelecimento comercial da família, aos 16 anos, dando nome à instituição –, Noli Backes, conhecido como Tomé, virá à festa, junto a mais 42 participantes do Amigos do Lenon, entidade criada naquele município. Eles farão uma apresentação de dança gaúcha na festa.
“É muita emoção, a gente fica até sem palavras, lisonjeado”, iniciou Backes, atuante no instituto leopoldense. “Começamos a movimentar esse evento e vieram todas aquelas lembranças. Aí a gente começa a ver um pouco da dimensão do que se fez dentro desses 18 anos, a refletir sobre a importância da entidade, quantas crianças e jovens foram encaminhados, oportunidades criadas. A instituição promoveu pra nós não apenas satisfação pessoal, mas uma oportunidade que a vida anteriormente não tinha oferecido. É uma felicidade imensa que a gente carrega por termos conseguido superar toda a situação que aconteceu. É muito gratificante”, concluiu.
Educandos e educadores exaltam espaço
Enzo Ribeiro da Silva, 13 anos, chegou com 6 ao instituto. Hoje, em meio às atividades com os colegas, ele reconhece o quanto a entidade contribuiu e ainda contribui em sua vida. “Eu venho pra aprender bastante. Eu também gosto de vir porque aqui eu tenho bastante amigos, aí eu vou aprendendo e vou convivendo com meus amigos”, disse.
Pedagoga e colaboradora do Lenon há 8 meses, Camila Delavi se emociona ao lembrar as dificuldades enfrentadas esse ano pelo Lenon e diz que agora ele está se ressignificando. “Ver o instituto Lenon se reerguendo, pra mim como colaboradora, é um renascimento. Estamos renascendo daquilo que já estava sendo construído, mas que tragicamente foi ceifado. Mas que agora nos dá uma alegria imensa em ver que nos 18 anos do instituto estamos ressurgindo com amplitude. Ampliando-se o instituto para trazermos mais crianças e adolescentes para essa instituição.”
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