AÇÕES COMEÇARAM
Dragagem do Rio dos Sinos opera em fase de testes em trecho leopoldense
Empresa licenciada pela Fepam e autorizada para o serviço já iniciou atividades em área de 1,4 km; quando em pleno funcionamento, 100 toneladas de areia poderão ser retiradas do rio por dia
Última atualização: 15/01/2025 11:42
A empresa Gama Mineradora, licenciada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (Fepam) a realizar a dragagem do Rio dos Sinos para fins comerciais, já iniciou os trabalhos em São Leopoldo, operando em fase de testes, por enquanto.
A atividade começou na semana passada e deve ocorrer em trecho de 1,4 quilômetros a jusante da ponte da BR-116 sobre o rio, – ou seja, em direção ao bairro Vicentina, no chamado Baixo Sinos –, área para qual o Gama teve a renovação de seu licenciamento autorizado pela Fepam.
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Mais três trechos
Proprietário da empresa, Adriano Linck – que está na área de mineração de recursos hídricos há mais de 20 anos – explicou que a empresa tem licenciamento para vários trechos do Rio dos Sinos, que devem ser renovados pela Fepam periodicamente. O trecho onde está atuando agora foi autorizado pela Fundação em agosto do ano passado, mas pelas obras no dique, o escritório da empresa, que fica no final da Avenida João Corrêa, só pode ser acessado no fim de novembro. Reformas também foram necessárias no local, fortemente atingida pela enchente. Além disso, a draga utilizada apresentou problemas e precisou de manutenção.
Por isso, os trabalhos acontecem agora e não tem um prazo definido para acabar – a licença da Fepam tem 5 anos de validade. Segundo Linck, a empresa aguarda a renovação de licenciamento para poder operar também em outros três trechos leopoldenses do rio.
100 toneladas/dia
Linck também explicou como funciona o serviço. “É uma embarcação que tem uma bomba dentro, com um motor, que ela coloca o cano e puxa a areia do fundo. Ela puxa com água e areia junto, cai dentro da embarcação, a água volta pro rio e fica só areia”, resumiu. Para chegar a essa fase, porém, antes, todo um trabalho de batimetria, análise da água, de solo, areia e sondagem, entre outros, é realizado.
Depois da coleta, a draga retorna para o terminal da empresa e descarrega a areia no depósito primário. De lá, ela fica secando para depois poder ser carregada por caminhões e comercializada.
Como ainda está sendo feito o monitoramento do melhor trajeto para navegação – visto as condições do rio, que tem muito material acumulado da precipitação de maio – e a draga está passando por ajustes, atualmente cerca de 50 toneladas de areia estão sendo retiradas do rio por dia. Quando estiver operando a pleno – o que Linck acredita que deva acontecer em cerca de dois meses –, em torno de 100 toneladas de areia poderão ser retiradas do fundo do rio diariamente.
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“Todo mundo fala do rio, mas está de costas pro rio”
Destacando que o trabalho realizado também tem uma função social muito grande, pois a dragagem tem baixo teor poluidor e é uma das atividades que pode auxiliar na prevenção de enchentes, Linck acredita que é necessário maior entendimento da comunidade sobre o assunto. “Não que o que a gente está fazendo é a salvação, mas é uma das coisas que ajuda muito”, disse.
Ele também coloca que muitos não reconhecem a importância do Rio dos Sinos e do quanto ações voltadas ao meio ambiente são necessárias. “Todo mundo fala do rio, mas está de costas pro rio”.
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Prefeito comemora início das ações
O prefeito de São Leopoldo, Heliomar Franco esteve na empresa e comemorou o início das ações de dragagem no Rio do Sinos. “Começamos a tirar areia do rio, aliviando a pressão sobre os diques, para que a água flua com mais facilidade. Isso é proteção para nossas residências. É o primeiro passo. Em breve já começaremos a fazer também o desassoreamento do rio, que é outra etapa, da qual a prefeitura ganhou autorização do Governo do Estado para fazer”, disse Heliomar, lembrando que, na semana passada, o Diário Oficial do Estado publicou Instrução Normativa (IN) que dispensa a outorga e autoriza o município a realizar o desassoreamento em leito de rios e cursos d’água.
Ao contrário da dragagem, que tem fins comerciais, o desassoreamento tem a intenção de tirar excessos de areia e dejetos que se acumulam no fundo e nas margens do rio. Com a Secretaria de Meio Ambiente (Semmam) já encaminhando os trâmites necessários, o desassoreamento do Rio dos Sinos pode começar ainda no mês que vem.