Evento já tradicional no mês de conscientização ao câncer de mama, a Secretaria de Políticas para as Mulheres (Sepom) de São Leopoldo promoveu mais uma edição do “Cabelaço”, iniciativa que oferece cortes de cabelo gratuito para arrecadação de mechas e posterior produção de perucas a pessoas em tratamento oncológico.
A atividade ocorreu no espaço em frente a Escola de Gestão do Centro Administrativo, nesta terça-feira (24), em parceria com a equipe do Salão de Beleza Divina Afro Hair, que realizava os cortes na hora.
A titular da Sepom, Eliene Amorim dos Santos, e a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim), Sueli Lopes, acompanharam a ação e destacaram o que ela representa. “Quando uma mulher se movimenta, a sociedade inteira se movimenta e se estrutura, se reestrutura. Então, além de ser um ato da saúde integral das mulheres, é também um ato de generosidade, porque fazer o bem, faz bem, e trabalha com a autoestima”, analisou. “Esse momento da vida das mulheres é de muita solidão, de muitas inquietações, aflições, depressão. Então, sentir esse gesto da sociedade toda pensando em uma possibilidade de embelezamento é poder sentir que temos muitas mãos segurando nas nossas mãos”, destacou Eliene.
Significado
A presidente do Comdim ressaltou que a ação será compartilhada com a rede feminina de combate ao câncer, que atende não mulheres com câncer de mama, mas com vários tipos de câncer. Ela também ressaltou o ato de amor envolvido na iniciativa. “Esse momento que a mulher passa pelo câncer é muito difícil. Ela se sente só, isolada, é um momento de busca, porque o cabelo para a mulher tem um significado muito grande, como a mama e o útero também tem. É o nosso sagrado feminino”, ponderou Sueli. “Então, com esse olhar de amor, essa ação tem um simbolismo inacreditável. É uma maneira de dizer: vocês não estão sós!”.
“O bem volta pra gente”
Participando já em 2022, o Salão de Beleza Divina Afro Hair foi parceiro mais uma vez da atividade. “Ano passado eu saí daqui me sentindo muito bem. Conversei com elas (representantes da Sepom) e disse que fazia questão de estar presente nos próximos, com toda equipe”, disse a proprietária, Tatiane Tavares, lembrando que o estabelecimento já vem recolhendo doações de suas clientes e conscientizando para o tema.
“Fechamos lá com o maior prazer e viemos fazer porque acho que vale a pena a gente estar dentro dessas ações. Trabalhamos muito, é muito corrido, mas estar numa ação dessa, traz o bem pra ti mesma. O bem volta pra gente”, concluiu.
Moradora do bairro Rio Branco, Nelci Kuhn, 52 anos, foi a primeira a chegar na ação para contribuir com seu cabelo, de onde foi possível doar quatro mechas grandes. “Eu tinha deixado ele crescer. Acho que doação é sempre bom. É importante”.
Prevenir para tratar ainda na fase inicial
Durante o Cabelaço, quem quisesse também podia doar mechas cortadas em outras oportunidades. Foi o que fez a servidora pública municipal, Carolina Cerveira, 45 anos. Em tratamento justamente contra um tumor no seio, ela conta que cortou o cabelo em março, quando recebeu o diagnóstico de câncer. “O médico me disse que eu ia perder o cabelo, daí resolvi cortar logo e não tinha onde doar. Então, pensei em guardar para quando surgisse a oportunidade e agora está aí”.
Carolina comentou que descobriu o tumor em fase inicial, durante exames de rotina, salientando a importância da prevenção para detectar e tratar o câncer logo em sua primeira fase. “O tempo é importante. À medida que tu não identifica logo, na fase inicial, a doença vai evoluindo. É uma forma da gente também ter um tratamento mais resolutivo quando identificamos na fase inicial”.
Guardando para doar
Moradora do bairro Rio dos Sinos, Soraia Souto Linck, 62 anos, soube da ação pelo jornal e aproveitou para levar as várias mechas do seu cabelo, que foi guardando para doar. “Aqui tem de vários cortes. Cada saquinho é uma mecha”, comentou.
Estudante de Serviço Social, Cristiane Veit Cezar, 37 anos, também quis contribuir com a ação, levando uma mecha. A história por trás, porém, é que chamou atenção. Ela conta que a filha pequena sempre dormiu agarrada em seu cabelo e que por isso ela o deixou crescer. “Quando veio a pandemia, não tínhamos certeza de nada, não havia vacina ainda. Então, cortei meu cabelo e guardei, com a intenção de que, caso acontecesse alguma coisa comigo, minha filha ficasse com uma mecha”, relatou. Como tudo ficou bem, ela resolveu doar a mecha guardada com tanto carinho à iniciativa do Cabelaço.
Todas as mechas arrecadadas na ação desta terça serão doadas ao Instituto da Mama do RS (Imama).
LEIA TAMBÉM