Cozinheiras comunitárias estão aprendendo sobre Aproveitamento Integral e Boas Práticas em Manipulação de Alimentos. A segunda parte do projeto começou nesta segunda-feira (25) e segue até a quinta-feira (28), das 14h às 17h, no Laboratório de Gastronomia na Escola de Saúde do Campus São Leopoldo da Unisinos. A primeira parte da capacitação foi entre os dias 11 e 14 de setembro. Nas segundas e terças-feiras, as aulas são de boas práticas. Já nas quartas e quintas-feiras, o tema é aproveitamento integral.
A articuladora de projetos da Rede e coordenadora da formação, Franciele Lemos Reche, afirma que o objetivo da iniciativa é proporcionar qualificação. “É tanto o trabalho delas nas comunidades, porque elas são cozinheiras voluntárias, como para que elas possam trabalhar fora de suas comunidades e ter uma geração de renda”, explica. Franciele, que também é professora no curso de Gastronomia da Unisinos, as cozinhas comunitárias são fundamentais para o combate à insegurança alimentar. “A gente vive em um estado grave de insegurança, então esse trabalho tem um impacto social muito grande, é essencial o que elas fazem produzindo comida todos os dias”, afirma.
Sustentabilidade e nutrição
A professora da capacitação, Angélica Weber Menzel, destacou o combate ao desperdício de alimentos. “Geralmente, quando se tem três caixas de alimentos, uma é só as cascas e se joga fora. Aqui a gente usa tudo”, comenta.
A aluna e educadora social, Cléia Assunção de Freitas, de 33 anos, inscreveu-se no curso com o desejo de ajudar ainda mais a população que ela atende na Ocupação Steigleder. “A gente ajuda muitas pessoas que precisam de alimento e não têm o que comer em casa”, diz. “Estou aprendendo muito sobre higiene e já estou utilizando as boas práticas no meu dia a dia”, completa.
A cozinheira da Ocupação Justo Marinês Nodare Matielo, de 43 anos, também aprova a iniciativa. “É bom para a gente evoluir, a gente aprende e vai passando para nossas outras colegas das cozinhas comunitárias”, afirma. “Muitas pessoas vêm para a nossa unidade sem ter almoçado ou jantado, então fazemos o melhor que pudemos por elas. É fazer o bem sem olhar a quem”, finaliza.
Insegurança alimentar é um problema social e vai além da fome
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês), a insegurança existe quando as pessoas não têm acesso regular e permanente a alimentos em quantidade e qualidade suficiente para sobreviver. Com isso, elas não sabem quando, como e quanto irão comer em sua próxima refeição, colocando em risco sua saúde. A FAO define ainda quatro categorias de insegurança alimentar: mderada, grave, crônica e aguda, medidas pela qualidade e quantidade de comida disponível.
10,1 milhões de brasileiros passam fome
A subalimentação crônica, nível mais extremo de insegurança alimentar, atingia 4,7% da população do Brasil entre 2020 e 2022. Isso significa que, em números absolutos, 10,1 milhões de pessoas sofreram com a fome no país. Os dados são do relatório global Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, divulgado em julho deste ano por cinco agências especializadas da Organização das Nações Unidas (ONU).
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