CHEIA DO SINOS
CATÁSTROFE NO RS: Rede de solidariedade se forma e emociona
Em São Leopoldo, comunidade se une para colaborar com resgates e mitigação de danos
Última atualização: 05/05/2024 21:24
Em meio a situação catastrófica que o município e todo o Estado estão vivendo, mais uma vez, a rede de solidariedade vem chamando a atenção. Desde as primeiras horas em que São Leopoldo abriu espaços para receber desabrigados, voluntários e muitas doações têm chegado aos locais.
No total, segundo a prefeitura, 56 abrigos foram disponibilizados na cidade. Além disso, há mais pontos sendo abertos, de forma voluntária, conforme a necessidade observada por moradores e instituições.
Coração de mãe
Um dos locais estruturados, ainda na manhã do sábado (4), foi a Associação de Moradores do Bairro Jardim América. O presidente da entidade, Clodoir Tavares de Souza, 59 anos, disse que a ideia de abrir o local foi da diretoria, vendo o caos que a cidade estava se tornando.
"Todo mundo abraçou a causa, os amigos, moradores do bairro", disse. Até a noite deste domingo (5), o local estava com 52 pessoas abrigadas. "Tínhamos aberto para 25 pessoas pensando na ideia de que eles pudessem ter mais privacidade e espaço, mas a demanda foi tão grande que fomos crescendo e agora estamos com gente até no pátio. Coração é grande, como o de mãe, e conseguimos atender todos".
Para tanto, com a colaboração de vizinhos, um motor foi emprestado para reativar um poço artesiano de um terreno próximo, e um chuveiro adaptado para que as famílias - e moradores do bairro - pudessem tomar banho. Na sede da associação, uma organização foi montada para servir quatro refeições ao dia. "Com a ajuda de todo mundo, estamos conseguindo fazer e ajudar outras comunidades também", completou Souza.
Ajuda vem até de quem também foi atingido
Outro abrigo, aberto durante este domingo, foi a estrutura da Escola Estadual Amadeo Rossi, no bairro Santa Tereza. Logo que foi disponibilizado, o local já começou a receber muitos desabrigados, e igualmente diversas doações, de vários tipos: alimentos, fraldas, roupas, calçados, entre outros.
Proprietário de uma agropecuária no Centro, Vilson Júnior, 35 anos, teve o estabelecimento atingido pela enchente neste domingo (5). Mas, mesmo ainda sem ter noção do prejuízo em sua loja, juntou vários produtos que tinha no estoque, como sacos de ração, e as doações de amigos e outros empresários e levou à escola. "Já fui em outros lugares também. O pessoal está precisando e se temos como ajudar um pouco, vamos ajudar", colocou, lembrando que nunca viu nada parecido com o vivenciado agora.
"Sempre ouvi falar da enchente de 1965, pois meus pais ficaram ilhados, mas essa aqui é mil vezes pior. É inacreditavel", comenta, emocionado.