JOÃO CORRÊA INUNDADA
CATÁSTROFE NO RS: Força-tarefa resgata moradores do São Miguel, Vicentina e Paim em São Leopoldo
Avenida João Corrêa foi bloqueada, neste domingo (5), para viabilizar apoio às vítimas da cheia do Rio dos Sinos
Última atualização: 05/05/2024 16:12
Em meio à tragédia no Rio Grande do Sul, o Arroio João Corrêa transbordou em São Leopoldo, fazendo com que famílias dos bairros São Miguel, Vicentina e Paim vissem suas casas serem invadidas pela água.
Por esse motivo, a Avenida João Corrêa, que já estava tomada pela água, foi bloqueada no trecho entre a esquina com a BR-116 e a esquina com a Rua São Pedro para viabilizar o apoio às vítimas da enchente.
De acordo com a capitã do 25º Batalhão da Brigada Militar de São Leopoldo, Bibiana Beck Menezes, a força-tarefa foi sendo desenvolvida conforme a proatividade dos órgãos, entidades e da comunidade. “Não há uma lista oficial de órgãos envolvidos, o planejamento foi sendo feito conforme a necessidade”, explica.
Entre os órgãos presentes no locais para prestar apoio aos moradores da região, estavam a Polícia Civil, Brigada Militar, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Bombeiros Civis de São Leopoldo, Exército de São Leopoldo, secretarias da Prefeitura, Organização da Sociedade Civil e diversas outras entidades sociais e governamentais.
Ajuda que veio da cidade vizinha
O cabeleireiro Wagner Zanderlei, de 39 anos, é membro da Central Única das Favelas (Cufa) Sapucaia do Sul, morador do bairro Vargas, de Sapucaia, e veio até São Leopoldo para prestar apoio às vítimas de todas as inundações. Na tarde deste domingo (5), o apoio foi voltado a quem mora no entorno da Avenida João Corrêa.
“Estou desde o primeiro dia, já faz mais de uma semana que estou ajudando. Começamos com alimentação, marmitex e eu vi que de uns dias para cá tivemos que focar nas vidas. Tem uma equipe que entrega Marmitex e outra que tem que salvar vidas”, diz. “De ontem pra cá, vimos crianças, idosos, fizemos mais de mil salvamentos. A gente tá há 38 horas sem dormir, jogado no chão, com frio… mas temos que pensar no próximo”, completa.
Abalado, Zanderlei sofreu para contar o que viu. “Muitas pessoas não querem sair de casa porque temem ser assaltadas… e nós vimos corpos.” Ao lado dele, sua esposa Andreia de Paz, 36, funcionária pública e também membro da Cufa, também participa dos resgates, mas preferiu não ser entrevistada.
Moradora do São Miguel vê inundação pela primeira vez
A manicure Jéssica Vieira, 30, mora no bairro São Miguel e viu sua casa ser inundada pela primeira vez em trinta anos. “Eu nem levantei nada, porque eu não esperei que a água fosse chegar no segundo andar. A gente saiu ontem (4), antes da água chegar. Coisas a gente recupera, o que a gente não recupera é a vida”, afirma. “Na Vicentina até dava enchente, mas não na São Miguel. Minha família mora em Feliz e em Montenegro, lá eles perderam tudo”, completa.