Já vivendo mais de duas semanas da enchente histórica, São Leopoldo registra o recuo lento das águas do Rio dos Sinos nestes dias de trégua da chuva. Neste domingo (19) à noite, por volta das 22 horas, o rio estava em 5,52 metros, uma baixa de 36 centímetros no dia (à 0h de domingo o nível era de 5,88m). Nas últimas 24 horas a baixa foi de mais de 60 centímetros. Os dados do nível do rio são do Sistema de Hidrotelemetria da Rede Nacional Hidrometeorológica.
O nível ainda está acima da chamada cota de inundação leopoldense, que é de 5,1 metro. Mas, mesmo baixando desta marca, o que pode acontecer ainda nesta segunda-feira (20), o recuo do Sinos não significa o fim da inundação de algumas áreas alagadas da cidade, apesar, de claro, a sua baixa ajudar nisso.
Na realidade, a situação de inundação das ruas em São Leopoldo está sendo combatida com o uso de bombas, tanto as que usualmente eram utilizadas nos bairros (as chamadas casas de bombas do sistema de combate a cheias, que vão sendo religadas pouco a pouco) como as extras fornecidas para acelerar esta “secagem” dos bairros inundados já há mais de duas semanas.
Bombas anfíbias
O principal auxílio neste sentido foram as bombas anfíbias (que funcionam fora e dentro da água) obtidas pelo Semae junto à empresa leopoldense Higra, que fabricou (e ainda está fabricando) emergencialmente os equipamentos para bombear águas dos bairros Campina/Scharlau, Rio dos Sinos/Santos Dumont e Vicentina/São Miguel. São seis equipamentos no total.
A primeira bomba anfíbia já foi instalada na sexta-feira (17) e a segunda no sábado (18), ambas no bairro Campina. O bairro foi o primeiro a receber a operação para, segundo o Semae, garantir o abastecimento de água tratada dos populosos bairros da zona morte e também auxiliar na drenagem dos alagamentos no bairro Rio dos Sinos e ainda na parte nordeste da cidade.
A terceira bomba anfíbia entrará em funcionamento junto ao Arroio João Corrêa – isso já deve ocorrer nesta segunda-feira (20) – e a quarta deve ser instalada junto à Vila Brás, na terça (21). Estes dois locais ainda receberão um segunda bomba para auxiliar no trabalho de drenagem – a Higra necessita de 48 horas para construir cada aparelho. A capacidade de sucção da bomba anfíbia é de cerca de 3.300 litros por segundo, o que equivale a drenar três piscinas olímpicas por hora. O equipamento pesa cerca de 6 toneladas.
No Centro, o recuo das águas possibilitou o religamento gradual das casas de bombas originais do sistema anti-cheias junto à rodoviário e ao Ginásio Celso Morbach, o que possibilitou a retirada das águas da área. As outras casas de bombas ainda seguem afetadas pela inundação e/ou necessitam de reparos devido ao fato das instalações terem ficado submersas.
Obras nos diques
A Prefeitura de São Leopoldo concluiu na sexta-feira (17) a operação emergencial de recomposição dos diques da Vila Brás, ao lado da Casa de Bombas da Santo Afonso, e do Arroio da João Corrêa, no bairro Vicentina.
Esta foi uma obra emergencial de reparo de trechos dos diques que ruíram após as águas do Sinos passarem por cima das estruturas, o que provocou a ruptura, segundo explica o prefeito Ary Vanazzi em suas lives nas redes sociais, defendendo que os diques salvaram a cidade de um desastre pior.
Segundo nota da Prefeitura, a reconstrução dos diques, em sua plenitude, com materiais de impermeabilização e selagem como a argila, que impedem a penetração da água e a vazão, se dará em um segundo momento. A explicação vem sendo dada devido a vídeos que mostram a água vazando nestes reparos emergenciais. “É normal que haja vazão das águas dos arroios nas base dos diques reparados”, explica nota da Prefeitura.
Ponte da BR-116 liberada; pontes urbanas leopoldenses seguem fechadas
O Dnit liberou o tráfego da BR-116 próximo às pontes do Rio dos Sinos, nos dois sentidos. Com o recuo das águas na pista central dos dois lados do trecho entre a Scharlau e a elevada da Avenida João Corrêa foi possível liberar o tráfego sem a necessidade de veículos transitarem na “contramão” em trecho do sentido interior-capital.
Neste domingo à tarde ainda havia água em parte da faixa direita da pista junto ao bairro São Miguel, em São Leopoldo, logo após a passagem pelas pontes em direção à capital – esta água deve recuar mais nas próximas horas. Mas já era possível transitar pela faixa da esquerda sem problemas, apenas com tráfego mais lento.
Se as pontes da BR-116 foram liberadas, o mesmo não acontece nas pontes 25 de Julho, Henrique Roessler e Ingá (junto ao trem). O problema são os acesso a elas, principalmente do lado norte (sentido bairro-Centro). No caso da 25 de Julho, a Avenida Caxias do Sul ainda segue ainda com pontos alagados nos dois sentidos. A ponte neste domingo estava liberada apenas para acesso local dos moradores do bairro Rio dos Sinos. Nesta segunda-feira (20) a Prefeitura deve reavaliar a situação, caso as águas na Caxias do Sul recuem.
Já na Ponte Henrique Roessler a situação é bem problemática na Rua Dr. Hillebrand, ainda muito alagada, já que na área central a água já recuou. O mesmo ocorre na ponte Ingá, já que ainda há muita água no trecho da Avenida Mauá do lado do bairro Rio dos Sinos. O tráfego nestas duas pontes dependerá da retirada da água no bairro, o que deve ocorrer com a operação das bombas de sucção nos próximos dias.
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