O CORREDOR DO VALE DO SINOS
CATÁSTROFE NO RS: Como é o caminho emergencial da BR-116?
Travessia exige paciência e cuidado dos motoristas, principalmente à noite; dependendo do fluxo, demora pode chegar a levar uma hora (ou mais) para passar de um lado para outro
Última atualização: 10/05/2024 19:33
Uma das medidas emergenciais mais importantes no sentido de mobilidade na região do Vale do Sinos foi a construção, em menos de 48 horas (entre a terça e quinta-feira desta semana), do corredor da BR-116, entre os quilômetros 242 e 248, em São Leopoldo, para a travessia pela ponte do Rio dos Sinos.
As equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) e da Neovia Engenharia (que faz as atuais obras de melhorias na rodovia) agiram rápido e aterraram trechos alagados da rodovia, fazendo uma estrada de pedras (rachão), terra e pó de brita - uma típica estrada de chão batido.
Inicialmente, a rota emergencial foi aberta para atender veículos com caráter emergencial, transportando suprimentos e mantimentos para as localidades atingidas, além de dar celeridade às ações de resgate. Mas desde sua abertura, na quinta-feira (9), veículos de passeio e outros veículos de transporte de cargas têm sido autorizados a passar pelas barreiras que estão montadas nas pontas deste caminho.
A preferência, porém, é para veículos que estão agindo no combate às cheias, seja com resgates, abastecimento ou atendimento à população atingida.
Cuidado e paciência
A passagem pela rota emergencial da BR-116 exige, primeiramente, paciência, porque há uma demora que parte de meia hora a mais de uma hora para se passar pelo trecho, em abos sentidos, dependendo do fluxo de veículos.
A reportagem do Grupo Sinos passou pelo local por volta das 23 horas de quinta-feira (9), no sentido interior-capital, enfrentando mesmo neste horário um movimento que acumulava cerca de 50 veículos. A fila começava na ponte e se estendia até o posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Scharlau, lembrando os dias mais complicados de trânsito na rodovia.
De um lado e de outro da rodovia dá para se observar a destruição deixada pelas cheias e que as águas ainda cobrem vários pontos nos bairros leopoldenses de ambos os lados da rodovia. Imagens que causam impacto e tristeza pelo caos deixado pelas inundações.
Um complicador de se usar a passagem emergencial da BR-116 à noite é a escuridão (os postes de iluminação estão desligados - não há energia elétrica no trecho por motivos de segurança). A única luz é dos faróis dos carros e lanternas de segurança das equipes que estão gerenciando o tráfego no local.
Percorrendo o trecho
É no posto da PRF que está o controle da passagem, que, a princípio, é livre, mas que pode sofrer restrições conforme a necessidade do momento. Vale dizer que não há retorno após este ponto.
Na quinta-feira, com o recuo das águas do bairro Campina e Scharlau, à direita da rodovia no sentido interior-capital, a pista central ficou seca, possibilitando a passagem de veículos, que era feita na "contramão", a partir do posto da PRF, inicialmente, para acessar o trecho de estrada emergencial.
O trânsito em toda a extensão da rota alternativa é feito em uma faixa apenas, na chamada fila indiana (só um carro por vez) e, no caso do sentido interior-capital, antes de chegar às pontes, é preciso cuidado com o acostamento, onde estão veículos salvos da cheia e pessoas que montam vigília na margem da rodovia. Além disso, cães - provavelmente sobreviventes das inundações - circulam pelo local.
O sistema de passagem por ser só um veículo por vez, é de pare e siga. Ou seja: primeiro a pista é liberada em um sentido e só após a passagem de todos veículos (normalmente um carro da PRF fecha a fila) a fila do outro sentido passa a fluir.
Chão batido após a ponte
Ao chegar nas pontes, o caminho é feito na contramão pela pista capital-interior, já que a ponte do sentido contrário está ainda interditada devido ao atingimento das águas há uma semana, quando todas travessias foram interditadas, uma a uma , entre a sexta-feira (3) e o sábado (4), tornando impossível se passar por qualquer ponte em São Leopoldo.
Passando pela ponte no sentido interior-capital, os veículos têm que passar pela estrada de chão montada em cima da pista de asfalto (cerca de um metro em relação à superfície da rodovia), que está submersa de ambos os lados no trecho urbano de São Leopoldo que vai das pontes à elevada (o viaduto Manoel Luiz Nunes) sobre a Avenida João Corrêa.
A velocidade pedida no trecho é de cerca de 30 km/h, sempre com cuidado com os pedregulhos e desníveis da pista (carros mais baixos correm o risco de arrastar o assoalho no local).
No sentido capital-interior
Para quem quer atravessar a rota emergencial de São Leopoldo em direção a Portão ou Novo Hamburgo a barreira está localizada na entrada da elevada (o viaduto Manoel Luiz Nunes) sobre a Avenida João Corrêa. Equipes de segurança estão postadas no local regrando a passagem.
Após a descida da elevada começa o trecho de chão batido até a ponte do Sinos. Passando pelo rio, o trânsito no sentido capital-interior ainda tem mais um trecho de estrada de chão batido, que foi erguido com quase um metro de altura quando as águas ainda tomavam a pista central ao lado do inundado bairro Rio dos Sinos.
Por isso, o motorista deve cuidar para se manter na trilha da rota de chão batido até ingressar na pista de asfalto próximo à Passarela Caxias do Sul, entre os Kms 246 e 245. A parti daí a rodovia segue curso normal.
Resumindo: a travessia emergencial da BR-116 pelas pontes do Sinos é complicada, demorada e precisa ser feita de forma cuidadosa.
Outro caminho
A outra rota para se ir de Novo Hamburgo a São Leopoldo e vice-versa segue sendo pela Estrada da Integração Leopoldo Petry e a Rua João Aloysio Algayer, em Lomba Grande, e pela Avenida Feitoria, pelo bairro leopoldense Feitoria. Esta rota foi liberada no início desta semana, após as águas do rio recuarem na Estrada da Integração. Mas o tráfego é grande neste local e a passagem da entrada da estrada até o Centro de São Leopoldo, por exemplo, pode demorar mais de uma hora.
As três pontes urbanas - a 25 de Julho, Henrique Roessler e Ingá (do trem /Avenida Mauá) - de São Leopoldo seguem interditadas, sem previsão de liberação, já que as ruas de acesso às três travessias ainda seguiam alagadas e sem condições de tráfego. Somente após a baixa das águas (e a notícia boa é que casas de bombas estão sendo ativadas) deve ser avaliada a possibilidade de liberação das vias.
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