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Água volta aos poucos em São Leopoldo e comunidade espera ansiosa

Semae prioriza fornecimento a abrigos e serviços essenciais; Demais localidades devem esperar

Publicado em: 07/05/2024 às 18h:07 Última atualização: 07/05/2024 às 19h:57
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Após uma tarde de testes realizados pelo Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae), o abastecimento de água começa a voltar aos poucos durante esta terça-feira (7) em São Leopoldo. A autarquia prioriza o fornecimento a abrigos e serviços essenciais, no entanto, ainda não havia confirmado os locais que já receberam o serviço até o horário de fechamento desta reportagem às 17h45 desta terça-feira (7). O serviço estava suspenso desde a sexta-feira (3) devido ao alagamento na Elevatória de Água Bruta (EAB) da autarquia.

Kelly Cristina mora na Feitoria e utiliza água dos vizinhos enquanto não volta em sua casa



Kelly Cristina mora na Feitoria e utiliza água dos vizinhos enquanto não volta em sua casa

Foto: Amanda Krohn/Especial

Conforme relatos de moradores, alguns desses lugares eram o Cristo Rei e parte do loteamento São Geraldo, no bairro Feitoria. A ação de retomada foi feita junto à Prefeitura Municipal de São Leopoldo com apoio das empresas Stihl, Taurus, Higra, Rototech, Top Vargas e Mercúrio, além de um grupo de voluntários.

Enquanto uns respiram, outros ainda aguardam

O presidente da Associação de Moradores do bairro Cristo Rei, Glauco Dias Jorge, 59 anos, conta que ele e seus familiares estavam fazendo racionamento desde a sexta-feira (3), quando o fornecimento foi cortado. “Somente utilizávamos para necessidades básicas e ainda assim de forma restritiva. Na segunda-feira, a caixa d’água secou e tivemos que recorrer ao vizinho para podermos abastecer com água que ele havia armazenado em uma espécie de cisterna.”

Para Dias, seu alívio não se compara ao de pessoas atingidas pelas inundações. “Sem dúvida, o retorno da água trará maior tranquilidade para passarmos por este cenário devastador. Mas, mesmo passando por essa privação, nada se compara às pessoas atingidas pela cheia”, afirma. “Inclusive, nós da Associação estamos prestando ajuda diária em três turnos nas dependências do Centro de Espiritualidade Cristo Rei (Cecrei), aberto para acolher as pessoas vítimas da enchente”, completa.

No bairro Feitoria, onde ainda não há abastecimento em toda a região, a dona de casa Kelly Cristina Medeiros Paraná, 57, aguarda ansiosa pela retomada de sua rotina. “Na minha casa ainda não voltou, então venho três vezes por dia encher os galões na casa de um vizinho”, relata. “Precisamos da água para cozinhar, tomar banho, então tenho que me virar”, prossegue.

Kelly utiliza a torneira de sua vizinha para garantir sua alimentação e higiene básica



Kelly utiliza a torneira de sua vizinha para garantir sua alimentação e higiene básica

Foto: Amanda Krohn/Especial

Como o reabastecimento foi possibilitado

Em vídeo institucional, o gerente de manutenção macroindustrial do Semae, Paulo Grave, explicou que as equipes da autarquia criaram um sistema de geração de energia e acionamento dos motores. “Nós tínhamos o entrave da questão do alagamento na nossa captação, e a ideia era utilizar inicialmente toda a estrutura física de bombeamento original”, afirmou. “Nós utilizamos cabos de 240 milímetros (mm), mais de 800 metros (m), que são muito pesados, a cada 100 m ele pesa 240 quilos (kg). Com isso nós contamos com o sistema de boias para fazer a sustentação desses cabos para que eles flutuassem e fizemos o acionamento desses motores com inversores de frequência e soft starter”, continuou.

De acordo com o gerente, cada motor possui uma potência de 250 a 260 KVA, com uso de dois geradores (um de 750 KVA e outro de 300 KVA). Com isso, a equipe colocou em funcionamento a geração de energia para captação de água em São Leopoldo. “O maior entrave que nós tivemos era passar os cabos até o local para a ligação dos motores, com isso nós contamos com a ajuda de mergulhadores, o operador de jet ski, os operadores de barco, pessoas que têm conhecimento em navegar em água de rio e mar”, relatou. “A questão de sustentação desses cabos e a colocação deles na água por conta da equipe em Terra, foram mais de dez pessoas para transportar os cabos até a margem do Arroio do rio para poder ser puxado pelo jet ski até o local de ancoragem lá nos motores”, finalizou.

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