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FORÇA PÓS-CHEIA

22 cozinhas sociais leopoldenses seguem atendendo após a enchente

Mais da metade dos espaços foram atingidos pela inundação de maio; atualmente, apenas uma está se reestruturando para retomar ações

Priscila Carvalho
Publicado em: 02/10/2024 às 12h:42 Última atualização: 02/10/2024 às 12h:43
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Cinco meses depois da maior tragédia climática do Estado, muitos são os serviços e projetos que ainda estão retomando suas atividades. Em São Leopoldo, um deles são as cozinhas sociais e comunitárias que fazem parte do programa São Léo Mais Comida no Prato.

Com alguns espaços severamente atingidos pela enchente, algumas cozinhas precisarem se reestruturar para, então, voltar a atender. Em outras, no entanto, o serviço continuou e foi ainda mais importante nesse período, pois recebeu desabrigados e serviu mais refeições do que o habitual.

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Cozinha da Horta, da ocupação de mesmo nome, no bairro Rio dos Sinos, foi destruída pela enchente de maio



Cozinha da Horta, da ocupação de mesmo nome, no bairro Rio dos Sinos, foi destruída pela enchente de maio

Foto: Reprodução

17 atingidas

Ao todo, conforme a Secretaria de Assistência Social (SAS), das 25 cozinhas sociais inscritas no programa, 14 foram totalmente atingidas pela enchente, 3 parcialmente e cinco abrigaram famílias durante as cheias. “Neste período, todas buscaram apoio para reerguerem-se, sendo que atualmente somente uma cozinha social não retornou suas atividades, com previsão de reabertura na segunda quinzena outubro”, afirmou a secretaria.

Conforme a SAS, a destinação de recursos neste período foi retomada ainda no mês de maio. Segundo a chefe do Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional e Apoio a Iniciativas Comunitárias da SAS, Carolina Cerveira, as cozinhas que precisaram paralisar as atividades não receberam verba. Em compensação, outros espaços tiveram sua oferta ampliada por terem se transformado em abrigos ou estarem atendendo a pessoas que estavam limpando suas casas.

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Recurso

Carolina explica que o recurso destinado pelo programa não pode ser utilizado para reconstrução das estruturas. “Primeiro porque nosso termo de parceria com a instituição gestora prevê que o dinheiro seja utilizado só para a aquisição de alimentos, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como touquinhas, e gás de cozinha. E também porque a maioria das cozinhas não tem CNPJ, e então fazer o repasse de recurso para uma pessoa física é mais complicado”.

No total, conforme previsto em edital divulgado no início do ano, pouco mais de R$ 1 milhão – disponibilizado através de parcelas mensais de quase R$ 86 mil – está estimado para execução do projeto em 2024. O recurso mensal é dividido entre todas as cozinhas participantes, conforme o número de refeições que oferecem. Conforme o SAS, por semana, 5.590 refeições são servidas pelas cozinhas leopoldenses.

Solidariedade ajudou e ainda pode contribuir

Durante o período crítico da enchente, a solidariedade também contribuiu muito para que o trabalho das cozinhas continuasse. “Muitas pessoas doaram alimentos, insumos, ajudaram a reconstruir algumas das cozinhas. Colaboramos nesse processo de conectar as pontas, entre quem queria doar e quem precisava receber”, disse Carolina.

Dentro do Programa de Aquisição de Alimentos, a SAS também destinou um volume maior de verduras e frutas no mês de junho. Foram 15 toneladas adquiridas e distribuídas às cozinhas sociais, já que elas operaram também como emergenciais no período das enchentes – o normal seria a aquisição de 5 toneladas a cada 15 dias.

Hoje, Carolina lembra que ainda há muitas cozinhas precisando de ajuda com doações, especialmente de equipamentos e utensílios perdidos na enchente. Para colaborar, interessados podem entrar em contato com a SAS pelo telefone 2200-0598 ou e-mail: sas@saoleopoldo.rs.gov.br. A secretaria fica na Rua São Joaquim, 600, Centro de São Leopoldo, e funciona das 8h às 17h.

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23 projetos ativos

Neste momento, há 23 cozinhas sociais ativas no projeto: Centro Social Feitoria (CESF); Comunidade Indígena Por Fi Ga; Associação de Moradores Cohab Feitoria (AMOCF); Almoço Humanitário; Ocupação Steigleder; Grupo de Coração; Sopa Solidária – Paróquia Santo Inácio de Loyola; Projeto K´Anjos do Bem; Mãos Solidárias; Ocupação Mauá; Tenda da Esperança; Aliança do Bem; Marielle Franco (AAPPIM); São Francisco; Santa Marta; Sobra da Panela – Turma do Sopão; Arcanjo São Miguel; Barriguinha Cheia; Coletivo Quem Planta Colhe; Fazer o Bem sem Olhar a Quem; Tenda do Encontro – Encontrando o Futuro; e Guerreiros e Guerreiras da Ocupação Justo.

A Cozinha Horta, da Ocupação Horta, no bairro Rio dos Sinos, segue ativa, mas com previsão de reabertura das atividades para o fim do mês de outubro.

Cozinha se prepara para retornar

Uma das cozinhas fortemente atingidas e que teve que parar suas atividades foi a Cozinha da Horta, da Ocupação Horta, no bairro Rio dos Sinos. Fundadora do projeto, Cléia Assunção de Freitas, 34 anos, conta que a cozinha funcionava junto a sua casa, que foi destruída pelas cheias. “A única coisa que consegui recuperar foi o fogão da minha casa, mas o da cozinha não”, lamentou. “Era bem simples, mas tudo feito com muito amor”, acrescentou, sobre a ação que completaria um ano em agosto.

Cléia Assunção de Freitas, fundadora da Cozinha da Horta



Cléia Assunção de Freitas, fundadora da Cozinha da Horta

Foto: Arquivo pessoal

Com ajuda da ONG Moradia e Cidadania e projetos da Unisinos, Cléia foi contemplada e deve ter uma nova casa construída no terreno onde morava, já com espaço para a nova cozinha do projeto. “Temos expectativa de voltar a atender até o fim do mês, se tudo der certo. Mas já vou começar a comprar coisas amanhã (hoje), porque queremos fazer uma atividade de Dia das Crianças para as crianças daqui”, contou.

Para ajudar a cozinha da Horta, interessados podem entrar em contato com Cléia pelo WhatsApp (51) 99795-4868. 

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