O Museu Histórico Visconde de São Leopoldo realizou neste sábado (2), feriado de Finados, uma homenagem aos 100 anos do túmulo-monumento de doutor João Daniel Hillebrand, que fez parte do segundo grupo de 80 imigrantes que aportaram no sul do Brasil.
A celebração ocorreu no Cemitério Municipal Cristo Rei. Na ação, o diretor do Colégio Luterano Concórdia e pastor ordenado da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), André Luis Bender, realizou um discurso bíblico mencionando a história de Dr. Hillebrand.
“Um médico promissor, com um futuro promissor, deixou a segurança do velho continente para se aventurar no Brasil, num lugar ainda hostil, cuja natureza precisava ser domesticada ainda para atender às necessidades daquele povo que ainda estava vindo e daquele grupo de pessoas que já estava aqui”, descreveu Bender.
“Ele fazia atendimento médico às famílias em um período de situações muito precárias. Em 1848, diz a biografia dele, ele fez o primeiro censo da região. E essa preocupação em contar os números era também ver as necessidades. E por fim, cito ainda, no contexto da epidemia de Cólera, a atuação que ele teve de proteger as pessoas da região”, completou.
“Sua memória tem que ser lembrada para que outras pessoas se inspirem”
Para o presidente do Museu, Cássio Tagliari, Dr. Hillebrand deverá ser sempre lembrado. “Ele foi um herói: uma pessoa não necessariamente perfeita, que tinha seus defeitos, mas que superou isso e se dedicou a uma causa coletiva, às crianças e à comunidade, então sua memória tem que ser lembrada para que as pessoas conheçam, se inspirem e outros heróis surjam para levar adiante a civilização”, diz Tagliari.
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Ingrid Marxen, diretora de Relações Institucionais do Museu, destaca o papel que Dr. Hillebrand teve junto à comunidade de imigrantes na época. “Ele era um médico que atendia de graça, sem custo nenhum, as pessoas necessitadas numa época em que não havia outra oportunidade.”
Monumento foi criado no centenário do município de São Leopoldo
Segundo o historiador Márcio Linck, a construção do túmulo-monumento se deu em 1924, com o objetivo de honrar o papel de Dr. Hillebrand no período das imigrações alemãs. “Já havia lá um túmulo simples, de pedra gres, muito comum na região, e por ocasião do centenário de São Leopoldo, se resolveu fazer um mausoléu à altura da personalidade que foi o doutor João Daniel Hillebrand”, conta. “Foi contratado pela firma Aloys Friederichs, com sede em Porto Alegre e origem em Lomba Grande. Eles faziam estátuas para cemitérios e monumentos para esse tipo de situação”, continua.
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Linck narra também que, durante a escavação para a construção do monumento, ocorreu uma situação curiosa. “Um dos empregados que estava ali cavando nas pedras viu que tinha dentro de uma caixinha, dentro da sepultura, um exemplar do jornal, escrito em alemão, Die Neuezeit”, informa. “Era um jornal bissemanal com a data de 14 de julho de 1880, no ano em que faleceu o próprio Hillebrand. Era o número 100 do exemplar. E na caixinha tinha também três colunas em homenagem ao Dr. Hillebrand, escritas no jornal, e uma receita médica assinada por ele”, continua.
Dr. Hillebrand conquistou diversas condecorações ao longo de sua história
Márcio Linck cita ainda algumas condecorações que Dr. Hillebrand conquistou. “É inegável o papel que ele teve aqui, ele foi o cara que organizou os colonos aqui, deu toda uma assistência para esse início. Depois ele ainda dirigiu as tropas federalistas na Revolução Farroupilha, foi nomeado pelo Duque de Caxias”, destaca.
“Em 1846, recebeu o título de cidadão brasileiro, com todas as homenagens como Cavaleiro da Ordem Rosa. Em 1848, ele foi nomeado para comandar a diretoria-geral das colônias da província. Ele foi ainda nomeado coronel da Guarda Nacional em 1858, já foi nomeado juiz municipal de órfãos e ainda fez um recenseamento, em 1848, que foi fundamental para as pesquisas genealógicas posteriormente “, prossegue.
Linck ainda cita que, num período em que diversos médicos fugiram, temendo serem atingidos pela cólera, Dr. Hillebrand permaneceu para combater a doença, ajudando as pessoas mais pobres até mesmo com alimentos e remédios.
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