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ATAQUE A TIROS

"Ele parou de atirar no brigadiano e começou a atirar em mim": Guarda municipal descreve noite de terror em Novo Hamburgo

Volmir de Sousa, de 54 anos, recebeu alta do hospital no final da tarde de quarta-feira, após 15 dias internado

Laura Rolim
Publicado em: 07/11/2024 às 17h:53 Última atualização: 07/11/2024 às 19h:45
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Duas semanas depois do ataque a tiros que deixou cinco mortos no bairro Ouro Branco, em Novo Hamburgo, uma das vítimas baleadas por Edson Fernando Crippa, de 45 anos, recebeu alta, na quarta-feira (6), e comemora por estar vivo. Volmir de Sousa, 54, tentou salvar um policial militar ferido durante o tiroteio e foi alvejado por seis disparos. Do total, quatro atingiram o corpo e dois, o colete.

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Volmir de Sousa | abc+



Volmir de Sousa

Foto: Laura Rolim/GES-Especial

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Internado desde a madrugada do dia 23 de outubro, a volta para casa foi muito aguardada pelo agente municipal e pela família. “O hospital, por melhor que seja, não tem comparação com estar em casa”, afirma Sousa.

Nesta quinta-feira (7), após algumas horas da alta, ele aproveitou para retomar um pouco da rotina e decidiu ajudar na ótica que administra, paralelamente ao trabalho na Guarda Municipal, no bairro Primavera. Com o caminhar ainda devagar por conta da recuperação, já que teve os dois pulmões perfurados, duas costelas quebradas e uma vértebra atingida, ele agradece pela vida. 

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“Foram duas semanas bem angustiantes, com vários procedimentos e algumas recaídas, com febre intensa e quadro de infecção. Mas graças a Deus eu consegui ter alta, depois de todo o estrago feito. Me sinto feliz por isso. Agora é só um tempo para me recuperar e voltar a ativa”, relata, esperançoso.

Da noite de terror vivida na Rua Adolfo Jaeger, em que dois policiais militares, o pai e o irmão do atirador foram mortos, Sousa lembra que recebeu na viatura o chamado da Brigada Militar e se dirigiu rapidamente com outro colega para a casa da família Crippa. Sem saber do que se tratava a ocorrência, ao chegar no local, se deparou com o tiroteio e pessoas baleadas.

“A gente via aquele colega, que tinha sido atingido, caído ao chão e recebendo vários disparos, e não deu para resistir, ficar só olhando e não fazer nada. Eu corri, tentei fazer alguma coisa, atirei contra a janela de onde o agressor estava atirando para ver se ele parava. Só que ele parou de atirar no brigadiano e começou a atirar em mim”, descreve Sousa. 

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Até conseguir receber ajuda de outros colegas e ser encaminhado para o atendimento médico, o sobrevivente relembra que o tempo passou devagar. “Não tinha como chegar onde eu estava. Pedi ajuda pelo rádio, mas demorou. Teve um momento que eu apaguei. Depois, eu voltei e continuei pedindo socorro. Quando eu percebi três agentes da brigada se aproximando, eu consegui me arrastar até eles, e foi quando me puxaram para dentro da viatura e me colocaram na ambulância”, conta Sousa.

Questionado sobre o que sentiu quando ficou esperando resgate e se ficou com medo de morrer, Sousa relembra que “passou muita coisa pela cabeça”. “Com certeza fiquei com medo [de morrer], porque fui atingido várias vezes, eu via a perda de sangue que eu tinha. Teve um momento que eu não conseguia mexer as pernas, e fiquei com medo de, mesmo que eu sobrevivesse, de ficar com uma sequela grande”, comenta.

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Para ele, da ocorrência em que acabou baleado, um dos momentos mais marcantes foi quando viu o colega da brigada militar sendo atingido pelos disparos. “A gente lembra daquela cena, daquele soldado sendo atingido, e isso dá um impacto muito forte na gente”, relembra o guarda municipal.

Dos 19 anos em que atua como agente de segurança municipal, ele relata que nunca enfrentou situação parecida durante a carreira. “Eu acho que nenhum dos colegas que estavam lá viveram isso. Nós enfrentamos muitas situações de perigo, mas nenhuma nem perto dessa que aconteceu ali”, completa Sousa.

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Orgulho

Para ele, atuar na guarda municipal e contribuir com a segurança da cidade é motivo de orgulho. “Até hoje, quando eu saio para o serviço, saio com orgulho de poder fazer alguma coisa pela sociedade. A gente se doa da melhor forma possível. Escolhi essa profissão e continuarei trabalhando com muito prazer “, diz Sousa.

Apesar do trauma vivido e do processo doloroso no Hospital, ele diz se sentir bem psicologicamente. “A gente se abalou, principalmente, com aqueles que se foram. Quando eu lembro das perdas que tivemos, isso é o que eu mais sinto. Mas, daqui uns dias, estaremos prontos para voltar para a rua e para o trabalho”, considera.

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Agora, junto da esposa e dos filhos Eduardo, 29, e Emily, 22, ele pretende seguir comemorando a vida. “O sentimento é só de gratidão por todos que estiveram orando, mandando a energia e todos que contribuíram para o resgate, além do pessoal do hospital geral [Hospital Municipal] e da Unimed. Gratidão, principalmente, a Deus. Acho que foi a mão dele que esteve ali, e só por ele que estou aqui agora”, agradece.

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