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SEGURANÇA URBANA

Uso de quase 700 câmeras é apontado como fundamental na queda da criminalidade em Novo Hamburgo; veja os números

Recuperação de veículos roubados e prisão de assaltantes são alguns dos pontos destacados pela GM da cidade

Eduardo Amaral
Publicado em: 04/03/2024 às 12h:10 Última atualização: 04/03/2024 às 12h:10
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Um carro roubado ou clonado entra em Novo Hamburgo pela BR-116. No mesmo instante, a Central de Monitoramento da Guarda Municipal (GM) recebe um alerta. Em uma fração de segundos, a imagem é analisada automaticamente em um banco de dados para confirmar a placa do veículo. Na sequência, os guardas são acionados diretamente da Central de Operação para realizarem a abordagem.

Central de monitoramento reúne imagens de todas as câmeras da cidade | abc+



Central de monitoramento reúne imagens de todas as câmeras da cidade

Foto: Eduardo Amaral/GES Especial

A cena descrita acima tem se tornado corriqueira na cidade com o sistema de monitoramento instalado na cidade. O modelo de monitoramento se divide em quatro diferentes tecnologias e conta com quase 700 câmeras, das quais 176 estão destinadas para monitoramento de ruas e prédios públicos, outras 434 em escolas e mais 77 destinadas exclusivamente para o trabalho de cercamento eletrônico.

Importância 

Um dos exemplos aconteceu em agosto do ano passado, quando uma abordagem a um veículo roubado foi totalmente coordenada a partir da Central de Monitoramento. A operação também foi toda filmada pelas câmeras instaladas nas avenidas da cidade. Abaixo, você assiste o vídeo completo da ação:

Iniciado em 2019, o cercamento eletrônico é considerado pelos agentes de segurança como fundamental na redução da criminalidade em Novo Hamburgo. “Em termos de prevenção, não tem como mensurar, mas os números estão caindo”, aponta o guarda municipal e chefe de setor, Valter Pereira, que é um dos responsáveis por atuar no monitoramento em vídeo da cidade.

Gerente de videomonitoramento, Rogério Hass explica que as câmeras também têm sido importantes para capturar pessoas que cometam crimes nas áreas monitoradas. “Elas complementam o trabalho. Nós perdíamos muitas ocorrências pelas descrições dos suspeitos. O cidadão ligava dizendo ter sido roubado, por exemplo, por alguém de moletom, mas ele mudava de rua e trocava de roupa”, explica Hass.

De acordo com ele, a partir da instalação das câmeras, a GM da cidade consegue identificar com mais precisão os suspeitos de crimes nas regiões monitoradas. Ele cita como exemplo casos de assaltantes que utilizam veículos.

Como o de uma lotérica assaltada no centro da cidade em janeiro. Através do cruzamento de imagens, cedidas à Polícia Civil (PC), foi possível identificar o local onde os assaltantes deixaram o carro utilizado na fuga. Com isso, os investigadores conseguiram identificar rapidamente e os suspeitos pela autoria do assalto foram presos dias depois do ataque.

Rotina de olhar sempre atento

Para que o monitoramento da cidade funcione 24 horas por dia nos sete dias da semana, as equipes se dividem em grupos. São nove profissionais que se dividem entre o grupo que faz exclusivamente o monitoramento das câmeras e os guardas municipais que se posicionam mais atrás, atendendo as ligações para o 153 e também acionando as forças de segurança em caso de uma ocorrência.

Central de monitoramento reúne imagens de todas as câmeras da cidade | abc+



Central de monitoramento reúne imagens de todas as câmeras da cidade

Foto: Eduardo Amaral/GES Especial

Cada um dos seis agentes responsáveis pelo monitoramento nos computadores fica responsável por uma ronda específica, fazendo monitoramentos constantes. Cada um em um grupo de câmeras pré-determinado de acordo com as regiões.

Ao mesmo tempo, os monitores maiores transmitem imagens de outros pontos da cidade, permitindo que, mesmo quem não está responsável apenas pelo monitoramento, possa ficar alerta a alguma ocorrência. E a atenção não serve apenas para casos de segurança, já que mesmo casos de canos estourados, acidentes de trânsito, incêndios, entre outros, também tem o atendimento, mesmo que indireto, dos guardas.

Quando percebem algum desses fatos, os agentes de segurança sediados no Centro de Comando acionam o órgão responsável, seja Brigada Militar (BM), que tem o espelhamento das imagens, Corpo de Bombeiros ou outro órgão do próprio governo municipal.

Ação e intermediação

Sempre que um cidadão de Novo Hamburgo liga para o telefone 153, um dos agentes que está dentro do Centro de Comando faz o primeiro atendimento. Neste mesmo instante, eles então buscam as câmeras do local da denúncia para conferir.

Em casos que não seriam de responsabilidade da GM, os guardas também acionam os órgãos responsáveis, evitando indicar que o cidadão faça uma nova ligação para outro número. “Se eu posso fazer a ponte, eu mesmo faço”, explica um dos agentes responsável pelo primeiro atendimento.

Mesmo trabalhando diariamente em frente às telas, os agentes municipais garantem que não há espaço para tédio na rotina. “Não tem como ser monótono, sempre vê alguma coisa que possa interessar”, explica Hass.

Funções diversas

O monitoramento da cidade não é feito apenas por um modelo de câmera. O chamado cercamento é realizado por câmeras instaladas nas entradas da cidade. Conectadas a outros órgãos de segurança, elas conseguem, em poucos segundos, verificar as placas dos veículos que entram na cidade e saber se os mesmos têm denúncias de furto, roubo ou são clonados.

Motoristas que começam a receber multas indevidas podem utilizar desse sistema para se defender. Um dos casos aconteceu no final do ano passado, quando uma motorista de Novo Hamburgo começou a ser multada por trafegar na cidade de Gramado, mesmo quando estava em Novo Hamburgo.

Após fazer a denúncia junto à PC, ela conseguiu os dados do cercamento que verificou que no mesmo em que foi registrada sua passagem em Novo Hamburgo, o cercamento de Gramado registrou a passagem da sua placa exatamente um minuto após o registro na cidade do Vale do Sinos. Pelo cercamento, foi verificado então pequenas diferenças no carro que trafegava na Serra.

Essas câmeras usadas no cercamento utilizam a tecnologia conhecida como Optical Character Recognition (OCR) que possui a capacidade de identificar rapidamente características dos objetos a partir de uma imagem. No caso de Novo Hamburgo, elas são configuradas para reconhecer as letras das placas de carros, motos e caminhões.

Há também as câmeras móveis e fixas, estas últimas instaladas tanto nas ruas da cidade quanto nos prédios públicos e escolas. Cada uma tem sua particularidade.

As câmeras fixas são fundamentais para fazer o cruzamento de imagens, permitindo uma visão mais precisa do momento do crime. Já as câmeras móveis possuem uma função de monitoramento mais voltado para um raio maior de ação, podendo ser posicionadas de acordo com a necessidade do momento.

Os números

No final de 2023, a Secretaria de Segurança da cidade divulgou os índices de criminalidade em Novo Hamburgo, que apontam para uma queda nos crimes violentos e também em furtos, especialmente de veículos.



Em 2019, primeiro ano de monitoramento, a cidade teve 45 homicídios dolosos, chegando a uma taxa de 18,83. Os dados mostram que, entre 2017 e 2023, as taxas de homicídios em Novo Hamburgo caíram 11%. No mesmo período, o roubo de veículos, quando há emprego de violência, caiu 26%. Já os furtos, quando não há agressão, caíram 15%. “A gente acredita que é resultado do cercamento eletroeletrônico”, avalia Pereira.

Além dos casos concretos que geraram intervenções da GM, situação que pode ser medida de forma mais precisa em dados, os trabalhadores da segurança também apontam a prevenção de crimes a partir desse monitoramento da cidade.

Infrações de trânsito também são monitoradas pelo sistema de câmeras, contudo, multas só podem ser aplicadas presencialmente. Assim, motoristas não podem ser multados apenas com base nas imagens das câmeras.

Mais investimentos

Atualmente, os custos para manutenção do sistema gira em torno R$ 50 mil, e embora o número de câmeras já auxilie na prevenção a crimes, os agentes apontam que a cidade precisaria de um incremento de aproximadamente um terço em relação à quantidade atual para melhorar a vigilância da cidade, e com isso buscar a redução ainda maior dos índices de criminalidade da cidade.

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