“Paulo, eu vou te dar essa cédula, mas tu não gasta. Assim, tu sempre vai ter dinheiro”. Foi a partir desta frase e uma nota de 200 cruzeiros de 1946 que ganhou de seu avô aos 11 anos que Paulo Celito Coelho, hoje com 75, passou a dedicar sua vida ao colecionismo.
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Assim como o famoso escritor e “mago” homônimo, o hamburguense Paulo Coelho buscou sua própria maneira de tornar-se um “alquimista” e por mais de seis décadas coleciona seu tesouro particular. Aliás, para ele, colecionar não se resume apenas a juntar itens, é também conhecer a história por trás deles, especialmente a história do Brasil.
Numismata é o termo utilizado para descrever colecionadores de moedas, e é assim que Coelho se define. Mas, sobretudo, é um colecionador. Além de incontáveis moedas e cédulas de dinheiro, desde a época do Império no Brasil até os dias atuais, o aposentado soma mais de 20 coleções distintas, incluindo selos, lápis, canetas, caixas de cigarro, álbuns de figurinha, cartões de Ayrton Senna, miniaturas de carros, itens da Coca-Cola, chaveiros, cartões postais, e até mesmo relógios, máquinas fotográficas e calendários de bolsos.
Dentro de cada uma, ainda podem ser encontradas diversas outras coleções. As moedas e cédulas, por exemplo, são divididas entre nacionais, norte-americanas, chilenas, uruguaias, e tantos outros locais do mundo. “O que eu tenho é um hobby. Sempre gostei de colecionar e catalogar muitas coisas. E isso me ajuda a adquirir conhecimento, me ajuda a prevenir Alzheimer, por exemplo. É a minha paixão”, conta.
Sem esforço, o numismata sabe dizer toda a cronologia da moeda brasileira, quais são raras, quais foram recolhidas pelo Império, quais foram impressas com erros. Sabe até a quantidade de notas que cada série teve. Possui todas as 111 cédulas de cinco cruzeiros de 1961, conhecidas como a Nota do Índio, C-111.
Sua coleção de dinheiro vai além de simplesmente obter e guardar os itens. Coelho também estuda sobre o assunto. Em seu escritório, os livros sobre moedas lotam as estantes. Em 2008, fez uma exposição com seu acervo em São Paulo nos 200 anos do Banco do Brasil, quando era funcionário do banco em Novo Hamburgo. E apesar de seu amor pelo dinheiro – pelas peças e não pelo que ele compra -, a profissão de bancário veio pelo destino.
Demissão provocada por John Lennon
Paulo Coelho iniciou sua trajetória profissional aos 14 anos, trabalhando na Casas Floriano, que ficava em frente às Bancas de Novo Hamburgo. Lá, ficou por seis anos até que foi, segundo ele, obrigado a pedir demissão. “Eu pedi uma licença para ir à Santa Rosa em um congresso de estudantes, mas não quiseram dar. Os patrões, descendentes de alemães, eram muito rigorosos, mas eu fui mesmo assim. Quando voltei, disseram para eu ir ao escritório e pedir minha demissão”, relembra.
Desempregado, foi tomar um café e encontrou amigos que trabalhavam no Banco Mercantil e disseram que lá havia vagas. Coelho fez o teste, passou e na mesma semana já estava empregado. Anos depois, em 1972, acabou indo trabalhar no Banco do Brasil.
Sua demissão do Banco Mercantil, inclusive, está ligada a uma de suas paixões, da qual também possui itens de coleção: os Beatles. Coelho era fã dos Meninos de Liverpool e como muitos jovens da época, mantinha um visual semelhante ao quarteto.
“Eu tinha um bigode e umas suíças, era igual ao John Lennon. Um dia o dono do banco mandou cortar o cabelo e eu disse que não iria, porque eu trabalhava direito e aquele era meu estilo. Até que fui demitido”, relembra.
“O maior atleta de todos os tempos”
Se os Beatles eram inspirações, Ayrton Senna é o ídolo máximo. Coelho relembra de ver as corridas pela televisão, ou escutá-las pelo rádio quando estava na estrada. O colecionador possui uma pasta repleta de cards, de todos os locais onde Senna correu e conquistou seus três títulos mundiais de Fórmula 1.
“O Ayrton foi o maior atleta que já tivemos, o maior piloto de todos os tempos. O que ele fazia, era único. Além de piloto, também era um ser humano muito bom, preocupado com a segurança dos outros. Tanto que, quando ele morreu, ele não queria correr porque era perigoso”, comenta.
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Falando em esportes, não poderiam faltar os álbuns de figurinhas. Sejam do campeonato brasileiro de futebol, ou das Copas do Mundo. Alguns exemplares, ele tirou cópias para poder exibir e preservar os originais. E quando se fala em álbuns, também estão presentes clássicos como “A Dama e o Vagabundo”, “Marcelino Pão e Vinho”, “Betty Boop”. Itens como tazos e cartões telefônicos também integram o acervo.
Tradição numismática
Com 75 anos, Paulo Coelho, ainda aspira expandir consideravelmente suas coleções antes de, talvez, começar a vendê-las ou passá-las adiante de alguma forma. O filho, Josué Coelho, chegou a seguir os passos do pai na juventude. Mas hoje, aos 41 anos, se dedica a outras atividades. Os dois chegaram a sair juntos em uma revista da cidade em 1995 compartilhando a numismática.
Enquanto isso, o colecionador de Novo Hamburgo mantém sua dedicação e ainda faz serviços de avaliação, compra e também vende cédulas, moedas e outros itens de colecionismo. O contato pode ser feito pelos telefones (51) 99155-7812 e 3239-1043, ou ainda pelo e-mail pccoelho@hotmail.com.
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