Há nove anos desocupado, o terreno que até 2014 foi utilizado como canteiro de obras pela Trensurb para a construção da extensão da linha do trem poderá se tornar o novo endereço do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense (IFSul).
Há um mês, IFSul e Trensurb estão em tratativas para que a área de 20 mil metros quadrados localizada entre a Avenida Primeiro de Março e a Rua Montevidéu, no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, seja doada para a instituição de educação. O espaço hoje é tomado pelo mato e utilizado para depósito de lixo.
No local, a escola pretende construir uma nova sede, com capacidade para até 1,2 mil estudantes. Assim, além do curso de mecatrônica que já é ofertado pela unidade hamburguense, seriam implantados mais cursos, com a possibilidade de ser um técnico em informática e um curso superior de engenharia de automação. Ainda estão nos planos a implantação do Pro EJA, modalidade de Educação de Jovens e Adultos voltada à educação profissional.
O Santo Afonso é o segundo bairro mais populoso de Novo Hamburgo, com cerca de 23 mil pessoas. Apesar disso, conta apenas com um colégio de ensino médio, a Escola Estadual Maurício Sirotsky Sobrinho. “Será uma revolução naquele lugar. É um ponto muito estratégico, de frente para o trem, em um bairro carente da cidade”, diz o professor de História Rodrigo Dias. Outro fator apontado como positivo para a nova localização do campus é que o terreno tem como vizinho um condomínio do Minha Casa, Minha Vida em expansão.
Segundo Dias e a coordenadora do curso de Mecatrônica, Ângela Marques, com a perspectiva de expansão dos institutos federais em nível nacional, o campus hamburguense, que tem a menor área entre as 14 unidades da rede, viu uma oportunidade de ampliação.
Conforme a assessoria de imprensa da Trensurb, a direção da empresa tem “realmente intenção de viabilizar o uso do terreno em questão por parte do IFSul”. Inclusive, uma reunião seria realizada nesta segunda-feira para selar a doação, mas foi transferida por questões de agenda para outra data ainda não definida.
Atua sede é improvisada em antiga fábrica calçadista
Fundado em 2015, o campus do IFSul iniciou suas atividades em Novo Hamburgo na sede da Associação do Bem-estar da Criança e do Adolescente (Asbem), para depois se instalar em um prédio doado pela prefeitura na Rua Pinheiro Machado, bairro Industrial.
O local pertencia a uma fábrica calçadista que faliu e mantém as características de um prédio industrial. Por isso, a escola necessitou fazer várias adaptações no espaço para acomodar os mais de 300 alunos. Além disso, foi preciso instalar três salas de aula em contêineres. Ocupando uma área de 4 mil metros quadrados, o IFSul não tem mais para onde crescer e, em dias de chuva, conta com o improviso para acomodar seus estudantes.
Na avaliação de Dias, o campus hamburguense tem vantagem em relação a outras cidades que apresentaram interesse de implantação dos institutos federais porque já conta com cursos estruturados e alunos. Além da mecatrônica, nas modalidades ensino médio integrado e ensino subsequente, o IFSul oferece pós-graduação em educação pela pesquisa. A escola atende alunos de toda a região, vindos de Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha, Canoas e São Leopoldo, entre outros.
Investimento de R$ 10 milhões
O IFSul também já está em tratativas com a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC) e visita de um representante do governo federal é esperada para o final de outubro. Quem lidera o processo é o diretor Marcus Eduardo Maciel Ribeiro. No entanto, por meio da assessoria de imprensa, o MEC informa que até o momento não recebeu pedido formal em relação ao projeto de ampliação do campus Novo Hamburgo.
Estima-se que sejam necessários entre R$ 9 milhões e R$ 10 milhões para tirar o projeto do papel e construir um novo campus. Conforme Dias, o MEC tem projetos-padrão prontos, o que facilitaria a execução. Sendo assim, o instituto projeta que até o final deste ano a doação do terreno seja efetivada, com projetos e licitação encaminhados no primeiro semestre de 2024, de modo que a obra possa ter início no segundo semestre do ano que vem.
Para garantir que o projeto saia do papel, a instituição ainda busca apoio de parlamentares da região e da bancada gaúcha em Brasília, a fim de conquistar recursos por meio de emendas. “Nossos alunos hoje têm uma empregabilidade muito boa, recebendo no estágio uma renda de R$ 2 mil, o que faz muita diferença nas famílias, que são carentes”, comenta Ângela.
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