Com o sábado (25) sem chuva, o dia foi de muita limpeza e retirada de entulhos no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo. Os montes de móveis estragados se acumulavam em cima das calçadas e, por conta do grande volume, ganhavam as ruas.
O resultado é que em diversas ruas era difícil o trânsito de veículos, já que havia também muitos carros estacionados nas vias estreitas, que serviam de ponto de apoio para os moradores. A maioria iniciou a faxina no começo desta semana, mas como voltou a chover e, algumas vias ficaram alagadas novamente, muitos suspenderam o serviço e decidiram esperar para ter certeza de que o trabalho não seria em vão.
Essa foi a situação do analista de qualidade José de Oliveira, 29 anos. Morador de São Leopoldo, ele integra o mutirão familiar para limpar a casa da sogra e a avó, na Rua Lepoldo Wasum.
Desde quarta-feira eles retiram os móveis, eletrodomésticos, roupas e outros objetos perdidos de dentro das residências. Tudo ser perdeu com a enchente que durou três semanas. “A gente precisou parar quando começou a chover porque com tanta coisa acumulada na rua, a água se acumulou. Mas a gente entende que tem muita coisa para limpar em toda a cidade”, comenta.
Já o enfermeiro Fabiano da Silva, 46, veio de Canoas para ajudar. Ele conta que por causa da enchente ficou 69 horas de plantão, pois não havia como acessar a unidade em que trabalhava no Polo Petroquímico. Silva critica a administração de Novo Hamburgo que não colocou bombas de sucção em funcionamento para retirar a água parada. “Se não fosse pelas bombas da Vila Brás, isso aqui ainda estaria tudo alagado”, disse.
Mais adiante, na Rua Amir Ramires, a movimentação também era intensa nas residências. Na casa da agente de saúde Rosane Beatriz da Rocha, 50, o que se tinha esperança de salvar foi deixado em um canto para ser lavado depois. A casa ficou com rachaduras e todas as portas de madeira precisam ser trocadas, além de todos os móveis terem sido jogados fora, pois estragaram. Sobrou a geladeira, que depois da limpeza, será testada.
Natural de Taquara, há 27 anos Rosane reside no bairro Santo Afonso. Ela conta que muitos vizinhos foram embora e outros já colocaram a casa à venda. “Como retomar a vida com essa incerteza daqui?”, disse referindo-se à situação do dique e da casa de bombas. Ela relata que enfrenta uma dificuldade a mais, pois estava trabalhando de maneira informal e, como perdeu o contao ao precisar sair às pressas de casa, foi dispensada.
A filha dela, Sofia da Rocha Diniz, 11, também ajuda na faxina. Aluna do 5º ano da Escola Municipal Arnaldo Grin, também devastada pela enchente, está com saudades do colégio. “É muito ruim porque eu não consigo estudar, estou sem ver meus amigos e quase todos foram atingidos também”, afirma.
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