Após a divulgação do caso do publicitário de Novo Hamburgo que comprou um iPhone 11 pelo aplicativo da Americanas e recebeu uma caixa de mistura láctea no lugar do aparelho, outros moradores da cidade passaram a relatar episódios semelhantes envolvendo o mesmo grupo empresarial.
No mais recente, o consumidor recebeu folhas de ofício dentro de uma caixa de PlayStation 5. O palestrante Marcos Alan Schur de Oliveira, 57 anos, conta que o videogame seria entregue como presente ao filho Pedro Henrique Kieling de Oliveira, que completa 19 anos nesta quinta-feira (19). “Entreguei o pacote ao meu filho e, quando ele abriu, viu que tinha dois pacotes de folhas [de ofício] Chamex”, lembra.
Morador do bairro Jardim Mauá, o pai do aniversariante fez a compra no dia 11 de janeiro pelo aplicativo Submarino – e-commerce que faz parte do grupo Americanas. O videogame custava R$ 4.799,00. Além de não ter recebido o produto, a entrega atrasou dois dias. “Estava previsto para chegar no dia 16, entrei em contato com a empresa e disseram que não havia ninguém em casa quando os entregadores vieram, mas naquele dia estávamos”, garante Oliveira.
Após a abertura do pacote, seguida por frustração, o consumidor verificou que o produto comprado pelo app havia sido enviado pela transportadora da Americanas. Ao fazer contato, a empresa teria solicitado fotos do conteúdo recebido. “Espero que eles devolvam o meu dinheiro.”
Para cumprir com a promessa de aniversário ao jovem, o pai comprou outro videogame da mesma marca e modelo em uma loja central da cidade. O problema com a compra on-line deve ser registrado junto à Polícia Civil.
História que se repete
Os casos enfrentados pelo publicitário e pelo palestrante não são isolados. A autônoma de 30 anos Ana Flávia Honório Fernandes, que mora em Minas Gerais e passou a virada de ano na casa da mãe, em Novo Hamburgo, também recebeu folhas de ofício no lugar do MacBook comprado. O notebook da marca Apple teria custado cerca de R$ 10 mil.
Por considerar o investimento alto, Ana conta que, antes de finalizar a compra, pesquisou o produto em vários sites na Internet. Chegou a ficar em dúvida entre a Americanas e outra empresa renomada do setor de e-commerce. Foi somente ao se deparar com uma oferta que tomou a decisão. “Tinha uma promoção no meu aplicativo do banco, em que eu receberia 10% de cashback [devolução do valor investido] comprando qualquer produto nesta loja [Americanas]“, comenta.
A compra do equipamento foi feita pelo aplicativo do banco. “Essa compra era material vendido e entregue pela Americanas, eu verifiquei para ver se não era nenhum parceiro, até porque já tenho esse tipo de conhecimento, para evitar qualquer tipo de problema”, detalha.
Prevista para o dia 19 de dezembro, no endereço da mãe, no bairro São Jorge, a entrega foi ocorrer somente dois dias depois. E, ao abrir a encomenda, nem sinal do MacBook. “Me senti enganada! Precisava de um computador para trabalhar”, lamenta.
‘Produto intacto’
Ana conta que, no mesmo momento, pediu o cancelamento da compra pelo site. Na sequência, tentou contatar o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da empresa, sem sucesso. Chegou a recorrer ao site “Reclame Aqui”, no qual a Americanas teria uma semana para se posicionar.
Quando finalmente teve retorno, a empresa teria informado que “o produto havia chegado intacto” e que, após analisar as fotos e documentação enviadas pela consumidora, não seria feito cancelamento da compra. Além de procurar por uma advogada para recorrer da decisão da empresa, Ana registrou ocorrência policial.
Caixa de leite condensado
Um quarto caso recente envolvendo compras on-line aconteceu com um morador do bairro Operário. Depois de economizar o ano todo para comprar um celular, o estudante de 19 anos Gabriel Borba Wieczoreck fez o pedido pelo app da Americanas e acabou recebendo uma caixa de leite condensado.
Amante de tecnologia, o jovem decidiu substituir o primeiro e atual celular por um modelo mais recente e superior. O escolhido foi um Samsung Galaxy S22, de 128GB. “Optei por fazer a compra de um carregador [cuja entrega foi feita] e de um celular pela Americanas, pois já era uma empresa consolidada. Não imaginaria passar por um problema desses”, desabafa o estudante.
Assim como nos demais episódios, a encomenda prevista para chegar no dia 27 de dezembro atrasou, chegando ao endereço no dia seguinte. “Quando abri e vi o que de fato tinha no pacote… Demorou para cair a ficha, para entender a situação. Eu fiquei tranquilo, pois sabia que o problema seria resolvido.”
A resposta da empresa ao chamado, porém, foi bem diferente da esperada por Gabriel. “Recebi a informação de que o meu pedido havia sido entregue de forma correta e que não poderiam trocar/reembolsar o aparelho, por conta de ‘não haver erros’, segundo os analistas”, lamenta. O jovem também registrou o caso na Polícia Civil.
Contraponto
A reportagem fez contato com a Americanas sobre os casos de Oliveira, Ana e Gabriel, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para contraponto.
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