Quadros de dengue, Covid-19 e demais doenças respiratórias estão superlotando as unidades de saúde pública de Novo Hamburgo. A Fundação de Saúde do município (FSNH) confirma que a espera por atendimento está oscilando entre cinco e seis horas, em média. Com 4,4 mil casos, o município lidera o ranking da dengue no Rio Grande do Sul. A doença já causou ao menos quatro óbitos na cidade, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.
Nesta quarta-feira (27) a reportagem do Jornal NH circulou pelas unidades de pronto atendimento (UPAs) do Centro e do bairro Canudos, além da unidade básica do bairro Santo Afonso para conferir relatos enviados por leitores ao longo dos últimos dias.
Na UPA Centro, por volta das 10 horas havia pessoas aguardando no lado de fora da unidade. Anderson dos Reis, 47 anos, que procurou atendimento com sintomas de dengue, era um deles. Ele esperava atendimento desde às 8 horas. “Não deram previsão. Disseram para aguardar e que vão chamar dependendo da urgência. Então quer dizer que os sintomas de dengue não são urgentes?”, questionou.
Já o morador do bairro Santo Afonso Sandro de Abreu, 42 anos, segundo a esposa Silvana de Abreu, 42, teve o nariz quebrado após desmaiar enquanto recebia atendimento na UPA Centro.
Conforme relatou a esposa, o motorista de aplicativo foi à UPA por volta das 6 horas desta quarta também com sintomas de dengue. Os batimentos cardíacos de Sandro estavam alterados e, por conta disso, acabou sendo atendido uma hora e meia depois para receber medicação.
Silvana contou que, ao receber a medicação, o marido precisou ficar em pé porque não haveria cadeiras disponíveis. “Foi quando passou mal, desmaiou, e quebrou o nariz”, relata. A Fundação de Saúde de Novo Hamburgo (FSNH) informou, por meio de nota, que o paciente não estava recebendo medicação quando caiu. Imagens do circuito interno comprovam a informação, bem como mostram que havia cadeiras disponíveis no local.
“Ele recebeu o acesso, porém pediu para ir ao banheiro antes e, na porta do banheiro, fez uma hipotensão e caiu. Ele foi prontamente atendido. Quanto à lotação, as emergências estão lotadas em função de problemas com a dengue, Covid e doenças respiratórias”, informou a FSNH.
Pacientes passam por triagem
Segundo a Fundação de Saúde, apesar da espera acima do normal por atendimento devido à superlotação das unidades, os pacientes passam por triagem e, quando há necessidade imediata, são encaminhados para atendimento.
“Os que aguardam são aqueles que não possuem febre alta, pressão alterada ou qualquer outro sintoma que é considerado de urgência. Nesse meio tempo, é claro, que qualquer intercorrência que houver eles recebem atendimento na hora”, acrescenta a nota.
Demanda é alta também na rede particular
Não é somente o sistema público de saúde que tem apresentado superlotação. Na última segunda-feira (25) a Unimed Vale do Sinos emitiu um comunicado dizendo que suas emergências estão passando por período de alta ocupação. A recomendação é que, na medida do possível, os clientes utilizem o atendimento digital.
A situação em outras cidades
Em Campo Bom, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a demanda por atendimentos aumentou bastante nos últimos dias, tanto nas unidades de saúde quanto no Pronto Atendimento e no Hospital Dr. Lauro Reus.
“Os principais motivos são casos de suspeita de dengue e síndromes gripais. O tempo de espera é relativo. Nos dias com maior demanda, como foi o caso da última segunda-feira, os pacientes esperam até três horas para serem atendidos, mesmo com três médicos clínicos atendendo ininterruptamente. Nesta quarta-feira a demanda já é menor”, informou a assessoria de imprensa.
Em Estância Velha, no entanto, não há registro de lotação ou filas de espera. “De fevereiro para março houve um aumento de 29 casos de Covid (de 33 para 62) e a procura aumentou nos postos de saúde, principalmente buscando consultas e testagens. A procura da vacina bivalente também aumentou. Desde janeiro já foram realizadas 586 aplicações”, informou a assessoria de imprensa.
Fique atendo aos sintomas de dengue
- Febre alta (39°C a 40°C), com duração de dois a sete dias
- Dor retro-orbital (atrás dos olhos)
- Dor de cabeça
- Dor no corpo
- Dor nas articulações
- Mal-estar geral
- Náusea
- Vômito
- Diarreia
- Manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira
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O que fazer se apresentar sintomas
Conforme recomenda a infectologista e professora do curso de Medicina da Universidade Feevale Adriana Stimm, a hidratação deve ser priorizada durante o tratamento. “Soro caseiro, aquele de reidratação oral, feito com um litro de água potável, uma colher de chá de sal e açúcar. Além do soro, pode se hidratar com sucos, chás e frutas que tenham bastante liquido”, indica.
Além disso, ela chama a atenção para o uso de de anti-inflamatórios. “Evitar diclofenaco e ibuprofeno. Evitar o famoso AAS, tanto o adulto quanto o infantil. E também utilizar repelente, para prevenir que o mosquito pique essa pessoa que está supostamente infectada e passe para os demais. Qualquer sinal de alarme, esse paciente vai ter que procurar o pronto atendimento, para ser atendido e manejado da melhor forma possível”, completa Adriana.