A novela sobre o que será feito do quarteirão localizado ao lado do Bourbon Shopping Novo Hamburgo pode ter um final surpreendente. A área da Trensurb, desapropriada em 2012 para a construção do Complexo de Integração Intermodal, está cotada para ser o novo endereço do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense (IFSul).
Foto: Juliana Nunes/GES-Especial
No ano passado, IFSul e Trensurb deram início às tratativas para a doação de área de 20 mil metros quadrados localizada entre a Avenida 1º de Março e a Rua Montevidéu, no bairro Santo Afonso.
Desde 2014, o espaço, que serviu como canteiro de obras da ampliação da linha do trem, estava desocupado. A proposta de cessão do terreno chegou a ser enviada para o Ministério da Economia. No entanto, o terreno da Santo Afonso foi tomado pela enchente histórica de abril e maio, o que fez o governo federal descartar a autorização de doação.
Foto: Débora Ertel/GES-Especial
Por isso, a oferta de área mudou e passou a ser o quarteirão entre as ruas Marcílio Dias, Imperatriz Leopoldina, 5 de Abril e Avenida Nações Unidas, que hoje é utilizado como estacionamento para alguns veículos. “É uma ótima notícia para a cidade e para a região, pois aquela é uma área central, com acessibilidade muito boa”, comemora o deputado estadual Miguel Rossetto (PT), que tem intermediado as conversas entre as duas instituições desde o início.
Foi nesta segunda-feira (24) que as direções do Trensurb e IFSul se reuniram para tratar do assunto e a estatal apresentou a sugestão de negociar o quarteirão projetado inicialmente para receber o complexo de transporte.
Conforme o reitor do instituto, Flávio Nunes, a Trensurb colocou algumas condições para a doação do terreno, demanda que será apresentada à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC). “Temos uma caminhada pela frente. A Trensurb quer alguma coisa de contrapartida e, agora, vamos apresentar ao MEC para ter essa condição”, declara Nunes.
Procurada, a assessoria de imprensa da Trensurb confirma que houve uma reunião, mas “ainda não temos nenhuma definição para divulgar”. “Assim que isso for possível, certamente será amplamente divulgado”, informou um comunicado.
Localização privilegiada
Segundo o reitor Flávio Nunes, apesar de ter sido uma conversa inicial, a equipe do IFSul ficou “contente” com a notícia. “Ali é espaço muito mais adequado, com localização privilegiada e, com certeza, vai permitir aumentar a nossa oferta aí em Novo Hamburgo”, salienta.
O reitor comenta que a negociação para a doação do terreno da Santo Afonso estava bem encaminhada e, agora, será necessária a abertura de um novo processo junto ao MEC em razão da mudança de área.
“Eu acredito que essa negociação vai ser rápida”, projeta o deputado Miguel Rossetto. O governo federal prevê orçamento de R$ 3,9 bilhões para expansão dos institutos federais em todo o País.
Sobre o futuro projeto na área central, ele avalia que a nova sede do campus deverá ser construída na vertical. Isso porque o terreno ao lado do shopping mede 14,5 mil metros quadrados, quase 6 mil metros a menos que o terreno da Santo Afonso.
Foto: Débora Ertel/GES-Especial
Sede atual também sofre com alagamento
O campus hoje fica na Rua Pinheiro Machado, em uma área doada pelo município, onde funcionou uma fábrica de calçados que faliu. Mesmo passando por muitas adaptações, a escola consegue acomodar apenas 300 alunos, sem espaço para ampliar as matrículas ou ofertar mais atividades, apesar da procura. É o menor campus da rede no Estado.
Além disso, o campus do IFSul já foi atingido por enchentes três vezes desde o ano passado, sendo que na última cheia, a inundação alcançou 40 centímetros e danificou diversos equipamentos da escola. Para Flávio Nunes, essa situação é um elemento a mais para buscar um novo endereço para a instituição.
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Além do curso de mecatrônica já ofertado, há intenção de implantar outros cursos em nível médio e ainda um superior de engenharia de automação, além do Pro EJA, modalidade de Educação de Jovens e Adultos voltada à educação profissional. “Há um potencial muito grande de crescimento no campus pelo porte da cidade e o que ela representa.”