Uma operação da Polícia Civil, que teve como alvo um casal que reside em uma casa de luxo na esquina do Instituto Penal de Novo Hamburgo, provocou reações de espanto e surpresa entre os vizinhos. Embora habituados à movimentação da Polícia nos arredores para a condução de presos, não é comum verem viaturas realizando “batidas” em residências do entorno.
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Uma moradora que reside a poucos metros da casa que foi alvo, na Rua Adolfo Jaeger, no bairro Ouro Branco, afirma que ficou admirada ao perceber que a Polícia entrava na residência vizinha logo cedo. “Percebi que era algo grande pela forma ágil com que os policiais entraram na casa, e fiquei chocada quando saíram com pessoas presas lá de dentro”, conta a aposentada.
Um morador que limpava o pátio de sua casa garante que não percebeu nada de anormal na casa ao lado. “Não vi nada. Teve prisão aqui perto?”, perguntou. O morador relata que não conhece os vizinhos e, por isso, não sabe nada da rotina deles.
Já um agente da Susepe, que fazia a troca de turno com colegas, conta que observou a ação da Polícia Civil na vizinhança enquanto monitorava o entorno do Instituto Penal de Novo Hamburgo pelas câmeras de monitoramento. “Foi uma operação que não chamou muito a atenção. Reparei apenas uma viatura caracterizada, mas poderiam ter viaturas discretas por perto”, explica. Conforme o agente penitenciário, os policiais deixaram o imóvel sem fazer apreensões de objetos. “Pelo menos, não saiu nada de volume de lá”, conclui.
“Hoje viemos apenas para prender os alvos”, explica delegado
O delegado Guilherme Calderipe, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Viamão, responsável pela operação desta manhã em Novo Hamburgo e outras cidades, como Gravataí e Tramandaí, explica que hoje não ocorreram apreensões durante o cumprimento dos mandados de prisão. “Hoje não fizemos nenhuma busca, viemos apenas para prender os alvos mesmo, porque é a fase final da investigação”, explica. A casa foi vistoriada, mas nada de ilícito foi encontrado desta vez.
Calderipe conta que essa foi a segunda vez neste ano que a Draco de Viamão esteve na residência. Em maio, quando foi deflagrada a primeira fase da Operação Fortuna, foram apreendidos documentos que comprovam o envolvimento do casal com a prática de jogos de azar, além de carros de luxo, como uma Hilux e um Range Rover. “Na primeira parte [da investigação], encontramos muitos documentos com a contabilidade dos jogos, bastante dinheiro e até maquininha de caça-níquel tinha ali, tudo relacionado a jogo”, conta.
Conforme o delegado, o casal de Novo Hamburgo era o principal alvo da investigação. Segundo a Polícia apurou, eles lideravam um esquema criminoso ligado aos jogos de azar, principalmente o de caça-níquel e bingos, em diversas cidades do Estado, com mais de 100 casas de jogos espalhadas em diversas cidades da região metropolitana e do litoral. “Na região metropolitana, eles tinham negócios em praticamente todas as cidades. Também identificamos ações em cidades do interior, como Santa Maria e Pelotas”, conclui.
A investigação iniciou em novembro de 2021 com a identificação de uma mulher, moradora de Novo Hamburgo, que fez fortuna com o esquema. Somente ela teria movimentado R$ 10 milhões em apenas uma de suas contas bancárias. O dinheiro oriundo do crime era lavado com a compra de imóveis.
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