No ano do Bicentenário da Imigração Alemã, um patrimônio que marca a construção de Novo Hamburgo também terá um novo capítulo em sua história. É a restauração do Monumento ao Imigrante, erguido junto à Sociedade Aliança, do bairro Hamburgo Velho, com início marcado para janeiro de 2025.
O projeto, lançado em 25 de julho de 2023, captou R$ 790 mil para realizar a obra e, deste modo, colocar fim às infiltrações que maltratam o marco tombado como patrimônio histórico e cultural do município. Inclusive, em visita ao espaço ontem, após a chuva, era possível ver poças d´’água no local e muita umidade nas paredes.
O projeto é da Associação de Moradores e Empreendedores (AME) de Hamburgo Velho, viabilizado por meio Lei de Incentivo à Cultura (LIC-RS), pelo programa Pró-Cultura RS. São apoiadoras as empresas Formas Kunz, Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgas), Sinoscar e Companhia Zaffari.
O Monumento ao Imigrante foi criado em homenagem aos 100 anos da Imigração Alemã, em 1924, e inaugurado na época da emancipação de Novo Hamburgo, em 1927, sendo o monumento mais antigo da cidade. Com cerca de 23 metros de altura, o projeto da obra foi elaborado pelo arquiteto alemão Ernest Karl Ludwig Seubert, enquanto o pastor Richard Kreutzer cuidou da organização e Júlio Kunz arrecadou os recursos financeiros.
O local onde o marco foi erguido teria sido o primeiro lote colonizado pelos imigrantes alemães. A iniciativa conta com parceria da Sociedade Aliança e da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), com gestão cultural da Imago Produtora. Na tarde de terça-feira, representantes das entidades fizeram questão de fazer um registro no monumento para comemorar a conquista.
Gestora cultural do projeto, Luana Khodja ressalta a importância da mobilização conjunta para se alcançar o principal objetivo, que é a conservação do monumento. “Houve um esforço de todos, mas é importante destacar o empenho da Secult, por meio do secretário Ralfe. Foi uma ação de engajamento conjunto para garantir o restauro”, declara.
O secretário municipal de Cultura, Ralfe Cardoso, lembra que a iniciativa vinha sendo articulada desde 2018 pela Secult, que depois conquistou a AME Hamburgo Velho e a Sociedade Aliança. “É uma proposta que faz parte da retomada da valorização do Patrimônio Histórico de Novo Hamburgo”, destaca, lembrando dos restauros da antiga Semec II e do Lar da Menina, hoje Casa das Artes e sede da Secretaria Municipal da Cultura, além dos projetos da Casa da Lomba e futura Casa da Orquestra de Sopros.
Conforme o arquiteto Jorge Stocker Júnior, coordenador e responsável técnico do projeto, no último ano o monumento sofreu muito com as chuvas. Ele explica que nos dois terraços, onde há os mirantes, há sérios problemas de drenagem, provocados pela ação do tempo.
“Isso provoca um empoçamento que infiltra para dentro da estrutura, afetando as paredes, soltando o reboco e a pintura”, comenta. Ele explica que uma das primeiras ações será voltada para a melhoria do sistema de drenagem, com instalação de dutos novos e impermeabilização.
Stocker chama atenção que obras de restauração são diferentes de obras de reforma e, por isso, têm custo mais elevado, pois exigem mão de obra especializada e técnicas diferenciadas para garantir a originalidade.
No monumento, uma das ações será voltada à recuperação das pedras das pilastras e colunas, que foram cobertas por tinta. “É uma pedra grés muito bonita, toda talhada. Para este trabalho foi contratado um conservador-restaurador. Por isso que acaba ficando mais caro”, explica o arquiteto.
Ele pontua que durante os estudos para realização do projeto de restauração, vários elementos originais do monumento, que ficaram escondidos durante anos por conta das manutenções realizadas ao longo do tempo, serão redescobertos pela comunidade. Isso porque serão realizadas oficinas e visitações durante a obra. “As pessoas poderão acompanhar bem de perto.”
Segundo a presidente da Associação de Moradores e Empreendedores (AME) de Hamburgo Velho, Luciane Jantsch, o valor total do projeto é de R$ 1,58 milhão, o que inclui também um memorial e ações de valorização do patrimônio junto à população.
Como a primeira proposta captou metade dos recursos, será elaborado um novo projeto para buscar a verba que falta por meio da Lei Rouanet. A previsão é que o monumento fique durante todo o próximo ano em obras.
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