ARTE QUE MUDA A VIDA

Relação com música clássica muda vida de famílias de Novo Hamburgo; confira relatos

Projeto que leva ensino de música clássica para escolas públicas altera relações familiares e com a comunidade

Publicado em: 12/12/2023 07:00
Última atualização: 12/12/2023 14:51

No último domingo (10), integrantes do Núcleo de Orquestras Jovens de Novo Hamburgo subiram ao palco montado na Praça do Imigrante como parte das atividades do Natal do Sinos. A participação no evento marca a fase final de mais um ano de atividades intensas do projeto que chega ao fim de 2023 atendendo 260 estudantes da rede municipal.

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Núcleo de Orquestra Jovem de Novo Hamburgo se apresenta no Natal do Sinos 2023Eduardo Amaral/GES-Especial
Núcleo de Orquestra Jovem de Novo Hamburgo se apresenta no Natal do Sinos 2023Eduardo Amaral/GES-Especial
Núcleo de Orquestra Jovem de Novo Hamburgo se apresenta no Natal do Sinos 2023Eduardo Amaral/GES-Especial
Núcleo de Orquestra Jovem de Novo Hamburgo se apresenta no Natal do Sinos 2023Eduardo Amaral/GES-Especial
Núcleo de Orquestras Jovens no palco do Natal dos SinosEduardo Amaral/GES-Especial
Núcleo de Orquestra Jovem de Novo Hamburgo se apresenta no Natal do Sinos 2023Eduardo Amaral/GES-Especial
Núcleo de Orquestra Jovem de Novo Hamburgo se apresenta no Natal do Sinos 2023Eduardo Amaral/GES-Especial
Núcleo de Orquestra Jovem de Novo Hamburgo se apresenta no Natal do Sinos 2023Eduardo Amaral/GES-Especial
Núcleo de Orquestra Jovem de Novo Hamburgo se apresenta no Natal do Sinos 2023Eduardo Amaral/GES-Especial
Núcleo de Orquestra Jovem de Novo Hamburgo se apresenta no Natal do Sinos 2023Eduardo Amaral/GES-Especial
Núcleo de Orquestra Jovem de Novo Hamburgo se apresenta no Natal do Sinos 2023Eduardo Amaral/GES-Especial
Núcleo de Orquestra Jovem de Novo Hamburgo se apresenta no Natal do Sinos 2023Eduardo Amaral/GES-Especial

Iniciado em 2018, o Núcleo de Orquestras oferece além das aulas de música os instrumentos que as crianças e adolescentes podem levar para casa. Coordenador do Núcleo de Orquestras, Gustavo Müller destaca como o projeto tem influenciado positivamente não apenas os participantes, mas todo o núcleo familiar dos estudantes.

“A gente já vê famílias engajadas com seus filhos, e que veem uma possibilidade, inclusive, de poder ser monitor do projeto. Tem alunos que já estão perguntando como é que faz para ser professor do projeto”, relata Müller.

Um dos casos de famílias que viram a vida mudar a partir do projeto é de Carlos Eduardo Recova da Silva Fernandez, 15 anos, e sua mãe Josiane Recova da Silva. 41. Carlos foi um dos primeiros a ingressar na Orquestras. Mãe solo, a auxiliar de limpeza vive sozinha com o filho no bairro Canudos, e mostra admiração pela dedicação e evolução do adolescente.

“Tenho tudo salvo, desde os primeiros arranhões com aquele som difícil de sair, até os dias de hoje, com um lindo som, já tendo umas apresentações com partes como solista junto com o Grupo. Isso é motivo de orgulho”, diz ela, ao relembrar a trajetória do filho ao aprender a tocar violino.

Descoberta familiar

Fã número um do filho, Josiane diz que não entendia de onde vinha a facilidade de Carlos com o instrumento. Foi em meio às apresentações do Festival Internacional de Música de Novo Hamburgo (FeMusik) que ela encontrou uma explicação familiar para a facilidade do filho.


Carlos Eduardo e a mãe Josiane ficaram mais próximos após a entrada do menino no projeto artístico Foto: Arquivo Pessoal

“Meu pai esteve internado com câncer e veio a falecer naquele período. Devido aos ensaios e compromissos com as aulas junto com os músicos estrangeiros, ele não conseguiu ver o avô. Após a morte do meu pai descobrimos que o talento vinha do avô, que quando jovem tocava violino”, relembra Josiane.

Ela conta que durante o período de internação, o pai se emocionava, mas nunca revelou a relação com o instrumento. “No hospital, eu mostrava ele no palco do FeMusik e o avô chorou de orgulho, mas não falava nada”, conta.

Mudança para toda família

Josiane ressalta que afora o conhecimento musical, a participação na Orquestras teve como primeiro impacto na vida de Carlos Eduardo. “Ele passou a ser mais comunicativo do que já era, mais responsável com os estudos e comprometido com o grupo.”

Dentro de casa, a relação entre os dois também mudou e ficou mais intensa. “Passei a me envolver mais com ele, estar sempre presente. Mesmo com uma vida corrida”, conta Josiane, destacando que a rotina de Carlos Eduardo também é bastante intensa.

“Ele não é só músico, é atleta de jiu-jitsu, estuda e trabalha. É uma rotina bem puxada”, relata ela, lembrando que o filho atua como menor aprendiz em uma empresa de Novo Hamburgo.

Müller destaca como o contato com a manifestação artística é capaz de impactar na sociedade. “A gente sabe que a música tem o poder de transformar as pessoas e a gente já está vendo isso acontecendo aqui em Novo Hamburgo.”

Admiração do público

Quem acompanha as apresentações também percebe as mudanças sociais que a arte está promovendo na vida dos estudantes. “Em que momento, por exemplo, uma criança que mora na Lomba Grande, bem na zona rural, ia ter possibilidade de hoje estar ali tocando um violino com maestria, fico emocionada”, resume a professora Liliane Soares Carvalho, 54 anos, que acompanhava a apresentação do último domingo.

Liliane destaca ainda a possibilidade de a cidade ter contato com uma representação artística menos comum de se encontrar no dia a dia. “Acho que hoje em dia, existem vários tipos de arte que a gente está perdendo. A música clássica, acredito que seja de uma importância muito grande para o crescimento e o desenvolvimento de uma sociedade.”

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