O novo quadro de horários de ônibus em Novo Hamburgo não agradou aos usuários do transporte público. Com as alterações, que entraram em em vigor nesta terça-feira (14), nenhum veículo de passageiros da Viação Santa Clara (Visac-RS) circulou pelas ruas do município durante seis horas em três momentos do dia: das 8h30 às 10h30, das 14h às 16h30 e das 19h30 às 21 horas.
A decisão de reduzir o número de viagens dos coletivos em dias úteis foi feita pela gestão municipal, através da Diretoria de Transporte Público, que coordena o sistema na cidade.
Conforme a Prefeitura, a medida se faz necessária devido ao desabastecimento de combustível. “Esta medida é principalmente em razão do desabastecimento de combustível. Quando isso estiver normal, volta”, disse em nota enviada à reportagem.
Entretanto, o Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul (Sulpetro), garantiu que existe produto suficiente para evitar desabastecimento no Estado.
“Já virou piada”, diz usuária
A decisão foi publicada no site oficial da Prefeitura de Novo Hamburgo no início da noite de segunda-feira (13) e passou a valer na manhã desta terça. Para os usuários, a mudança foi recebida com surpresa e pouca informação, o que causou indignação em quem precisava dos ônibus para chegar ou voltar do trabalho.
Foi o caso da atendente de farmácia, Marciele Dias de Carvalho, de 21 anos, que esperou por mais de uma hora em uma das paradas localizadas na Rua Dr. Magalhães Calvet. Sem qualquer resposta ou informação. “Nem sabia que não teria ônibus. Quando vim de manhã pra trabalhar já estranhei a demora, o ônibus das 9h15 não passou e tive que pegar aplicativo e agora de novo. Tá difícil”, desabafa.
A auxiliar de limpeza, Jaqueline Alves foi de carona para o trabalho porque a linha que ela costuma pegar não passou no horário das 6h10. “O Canudos Esmeralda passou por volta das 6h30, e o segundo ônibus que pego no trajeto do trabalho, o Fenac, não passou no horário das 7h10, como deveria. Pra não me atrasar, de novo, pedi carona com colega de trabalho”, relata. “Que falta de respeito com o trabalhador que acorda cedo e se organiza para estar no horário certo na parada. Tá palhaçada isso, já virou piada”, completa.
Na tarde desta terça, por volta das 14h30, no principal terminal de ônibus de Novo Hamburgo, na Avenida 1º de Março, Centro, o movimento de usuários era intenso, tanto na Plataforma 1 como na 2. Em ambas, usuário se aglomeravam sem informações.
“De manhã, quando vim para o Centro, ninguém falou nada, nem um cartaz no ônibus botaram, ou até o motorista poderia ter avisado, mais nada”, disse Cristiane Machado (30) enquanto aguarda como o filho Adriano, de 6 anos. A espera sem qualquer informação a fez desistir e procurar uma alternativa para chegar em casa.“ Vou pegar um Uber, não dá pra esperar, sei lá até que horas”.
Dona Helena da Silveira (61), moradora do bairro Lomba Grande, tinha a mesma reclamação: a falta de informação ou a presença de algum funcionário do transporte público para orientar passageiros sobre as novas tabelas de funcionamento. ”A parada cheia de gente e nenhum ônibus vem. Até parece os tempos do Covid”, disse desanimada.
Entidade afirma que não há desabastecimento
A pesar dos estragos causados pela enchente que atinge o estado, o Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Estado (Sulpetro) afirma que não o há previsão de desabastecimento de combustíveis na região. “Desabastecimento não há. Ainda existem questões pontuais, em alguns postos, por conta dos problemas de logística. Mas há combustível. A recomendação ainda é de priorizar o abastecimento de carros oficiais”, disse o presidente do Sulpetro, João Carlos Dal’Aqua.
A reportagem entrou em contato com empresas de transportes de Novo Hamburgo que utilizam diesel para abastecimento das frotas. Elas informaram que seguem encontrando diesel nos postos da cidade.
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