Neste mês de junho, o Projeto Futsal Social, desenvolvido pela União Jovem do Rincão (UJR) e Universidade Feevale, completa 20 anos de atuação em Novo Hamburgo, atendendo atualmente a mais de 600 meninos e meninas de 7 a 18 anos da rede pública de ensino de Novo Hamburgo. Este é o 13º ano com recursos da Lei de Incentivo ao Esporte do Ministério do Esporte.
Como novidade, em 2024, o projeto passou a contar com um setor psicossocial para ajudar alunos em questões de vulnerabilidade psicológica. Agora, a equipe multidisciplinar conta com dois psicólogos, dois assistentes sociais e seis bolsistas de extensão de psicologia. Além disso, o projeto sofreu alteração em um de seus territórios, saindo do bairro Rondônia e retornando a ter um núcleo no bairro Santo Afonso.
Para o coordenador do projeto e um dos idealizadores do Futsal Social, Zeca Brochier, estes incrementos qualificarão ainda mais os atendimentos junto às famílias e as escolas. “É o trabalho de continuidade, baseado nos vínculos afetivos, que potencializa as transformações, e estar com uma equipe de trabalho mais ampla e qualificada nos impulsiona a um novo patamar de impacto na vida dos nossos alunos e alunas”, afirma.
Coordenador de núcleo nos bairros Roselândia e Canudos, Fernando Dias explica que, além de desenvolver a parte esportiva, o projeto também auxilia, graças aos psicólogos, a identificar problemas que muitas vezes as próprias famílias desconhecem. “Nós conversamos com eles e com as escolas sempre que identificamos um comportamento que não é normal. Às vezes as famílias acabam se chocando por uma ou outra situação, mas conseguimos encaminhar da melhor maneira possível”, afirma.
Entre os alunos, estão os amigos Lukas Barboza e Saimon Tormes, ambos de 11 anos. Enquanto o primeiro está no projeto há dois anos, o outro já integra desde 2019. “Eu gosto muito de vir pra cá, mesmo sendo longe da minha casa e a demora pra eu vir a pé”, comenta Saimon. “A gente se diverte e consegue aprender muitas coisas por aqui”, acrescenta Lucas.
O Projeto Futsal Social também atua na inclusão, tendo alunos imigrantes da Venezuela, um menino com síndrome de down, além de promover o empoderamento feminino. “As meninas e meninos ocupam os mesmos horários e as aulas trabalham o respeito às diferentes, respeito à educação”, diz Brochier.
Projeto ocorre duas vezes por semana
Nas segundas e quartas-feiras, as atividades acontecem no bairro Boa Saúde na Praça CEU (Rua do Bosque, s/nº), na Vila Redentora (Diehl) na EMEB Professora Adolfina Diefenthäler (Rua Helmuth Ruckert, 111); e Roselândia na Associação de Moradores (Rua Aquarius, 962).
Já nas terças e quintas-feiras, os encontros ocorrem no bairro Canudos no ginásio anexo EMEB Tancredo Neves (Rua Bruno Werner Storck, 167); no Rincão no ginásio Agostinho Cavasotto; e no Santo Afonso na Praça da Juventude (R. Honduras, 150). Aos sábados ocorrem as atividades complementares.
O projeto Futsal Social é uma realização da União Jovem do Rincão (UJR) em parceria com a Universidade Feevale, por meio da Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão (Proppex). Conta, ainda, com o apoio da Prefeitura de Novo Hamburgo e de empresas através da Lei de Incentivo ao Esporte.
Como Surgiu
O projeto surgiu da combinação da experiência da UJR no futsal e de sua missão comunitária de promover o desenvolvimento regional. Inicialmente concebido enquanto o centro universitário ainda estava em operação, a iniciativa visava utilizar o futsal como ferramenta para impactar positivamente a vida de crianças e adolescentes em comunidades com maior vulnerabilidade no município.
A ideia começou a ser estruturada em dezembro de 2003 e oficialmente lançada em 1º de junho de 2004, quando as primeiras turmas começaram a ser atendidas. Inicialmente focou-se nas comunidades da Vila Redentora, Industrial e Boa Saúde, com um total de 300 alunos sendo atendidos por uma equipe composta por um professor e três bolsistas de Educação Física.
Após dois anos, em colaboração com a Prefeitura, foram implantados mais dois núcleos, nos bairros Roselândia em 2007 e Canudos em 2008, aumentando o número de beneficiados para 500 pessoas.
Foi então que, juntamente com a expansão territorial, a necessidade passou a ser a qualificação das ações visando impactar com mais potência a vida dos alunos. Para isso, a UJR contou com a aprovação do projeto do Futsal Social – Educando pelo Esporte na Lei de Incentivo ao Esporte do Governo Federal. Em 2018, o projeto teve a sua última ampliação, chegando ao bairro originário da UJR, o Rincão. Com isso, chegou a atender mais 100 alunos, chegando aos atuais 600 alunos e alunas.
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Para o idealizador, Zeca Brochier, o Futsal Social vive o seu melhor momento, com uma equipe de trabalho superior a 30 profissionais e graduandos atuando nas áreas da Educação Física, Psicologia, Serviço Social, Nutrição, Comunicação e Administração. “Essa amplitude nos dá condições de atuar para muito além da aprendizagem do jogo, focando no desenvolvimento humano de nossos educandos e no estímulo permanente a busca de autonomia e protagonismo para suas vidas e de suas comunidades”, finaliza.
Entrada no mercado de trabalho
O supervisor de núcleo do projeto, William Ferreira das Neves, comenta que, além do esporte, o Futsal Social também atua em ações que possam impactar em outras áreas, realizando uma transformação social e pessoal deles. “Até meados de 2019, 2020, o projeto tinha alunos até 16 anos, mas entendemos que os adolescentes têm uma necessidade maior no sentido de oportunidades. Estendemos a idade do projeto para 17 anos para que a gente pudesse também procurar ajudar eles na questão de encaminhamentos de mercado, jovens aprendiz, e o primeiro emprego deles”, explica.
Aos 16 anos, Kayan Victor Quintana da Silveira, é aluno há quatro temporadas e tornou-se monitor de outras turmas. Atualmente, ganhou uma vaga para Jovem Aprendiz da ASBEM – Associação do Bem Estar da Criança e do Adolescente. “Como quero seguir na Educação Física, isso me ajuda a ter experiências. Então de manhã eu treino, à tarde tem o curso e à noite estudo. Além de professor, quero atuar em projetos sociais”, conta.
Outro exemplo é o de Larissa Kauane da Silva Pinheiro, de 18 anos. A adolescente iniciou no projeto há 10 anos e esse ano conseguiu uma bolsa de estudos através do Futsal Social para cursar Educação Física na Feevale. “Tem sido muito bom, treinar e jogar competições estaduais com a Feevale. Sempre tive o sonho de jogar e corri atrás disso, mas a Educação Física também era um dos meus sonhos porque sempre fui fã de esportes”.