A Prefeitura de Novo Hamburgo vai contratar uma empresa especializada em construção de barragens para realização de um laudo técnico sobre as condições de dois quilômetros do dique do Rio dos Sinos. Conforme a prefeita Fatima Daudt, que na quarta-feira (14) visitou o Grupo Sinos e participou do programa NH10 na Rádio ABC 103,3, o serviço será licitado em breve.
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Na semana passada, a prefeitura deu início às obras emergenciais no local por conta de um desmoronamento na região da Travessa Vera Cruz. Os trabalhos incluem remoção da vegetação de toda a estrutura, além da recomposição da chamada berma (faixa lateral).
No entanto, como salienta a prefeita, nem o laudo na parte hamburguense e nem as obras emergenciais resolvem o problema de maneira definitiva. “Quem nos garante como estão as condições do dique? Como vamos recompor as paredes e ampliar a altura se não sabemos como está a base?”
Por isso, a prefeita defende que é urgente a criação de um órgão em esfera estadual ou federal para ser o responsável pelo sistema de contenção de cheias, já que o rio ultrapassa os limites territoriais.
De acordo com ela, havia expectativa de que, com o anúncio de R$ 1,9 bilhão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o sistema de prevenção às cheias do Rio dos Sinos, fosse criada um órgão gestor para administrar a verba e executar em nível regional o projeto.
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No entanto, ela foi informada que cada cidade receberá uma fatia deste recurso para projetos individuais. Para Novo Hamburgo, o governo federal deve liberar R$ 18 milhões referentes à proposta de construção de dique no Loteamento da Integração. Esta proposta já estava cadastrada e integra um estudo de 2018, que também precisa ser atualizado, pois não levou em conta as novas cotas de cheia de maio. “Mas daí cada município faz o que quiser e isso vai virar uma colcha de retalhos. Quem vai ser o responsável pelo sistema? Quem vai assinar esses projetos? Tem que haver uma unidade”, ressalta.
Vale lembrar que a construção de diques e instalação de casas de bombas começaram em 1974 para proteger Novo Hamburgo e São Leopoldo das inundações. A obra foi realizada pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), extinto em 1990, e, desde então, a manutenção passou a ser realizada individualmente pelas prefeituras.
“Não tem prazo, não tem data, não tem projeto. Só tem o anúncio do recurso”
Em 30 de maio, o governador Eduardo Leite declarou que o Piratini pretendia assumir a administração do sistema de controle e prevenção, diante da falta de um órgão responsável. Mas Fatima comenta que essa possibilidade não foi acenada pelo governo federal nos primeiros contatos que fez com os prefeitos.
“Não tem prazo, não tem data, não tem projeto. Só tem o anúncio do recurso, e tudo isso vai demorar muito se não tiver um ente responsável. É como uma rodovia, tem que cuidar da faixa de domínio”, declara.
A prefeita ainda pondera que todas as obras feitas na bacia do Sinos terão impacto direto no Lago Guaíba e poderão causar problemas para Porto Alegre. No mesmo modo, se cidades da parte alta da bacia, como Igrejinha, por exemplo, fizerem obras, o reflexo será sentido por Novo Hamburgo, onde as águas poderão chegar mais rápido.
Incerteza sobre a segurança do dique
Em 4 de maio, o rio atingiu a maior marca da história em Novo Hamburgo, com 9,73 metros, e extravasou o dique, que teve parte de sua estrutura comprometida próximo à casa de bombas do bairro Santo Afonso, no lado de São Leopoldo.
Ocorre que o conserto emergencial, realizado pela prefeitura leopoldense, foi realizado a partir do lado hamburguense do dique, com tráfego intenso de caminhões carregados de pedras (rachão), a partir da ponte da Rua Manágua.
Mas essa operação, segundo relatório emitido por especialistas em geotecnia e recursos hidrológicos do Instituto Militar de Engenharia (IME), pode ter comprometido ainda mais a estrutura do dique no lado hamburguense.
Mas o principal problema, conforme Fatima, é que a contenção não foi projetada para receber pressão dos dois lados, ou seja, situação que se estendeu por semanas, somada à circulação dos veículos pesados. Cenário que redobra as dúvidas sobre a segurança do dique.
Segunda a prefeitura, dos mais de 20 quilômetros de extensão, os dois quilômetros com piores condições ficam em Novo Hamburgo, já que a crista serviu de estrada para o vai e vem de caçambas contratadas pela Prefeitura de São Leopoldo.
Segundo ela, caso o laudo comprove danos causados pelo trânsito de caminhões, os valores necessários para o conserto serão cobrados do Executivo de São Leopoldo. “O que a gente não gostaria é de chegar nisso”, declara.
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O que diz a prefeitura de São Leopoldo
A Prefeitura de São Leopoldo nega que a passagem de veículos sobre o dique tenha afetado a estrutura. Em nota, na última semana, a administração leopoldense disse que realizou as intervenções de urgência e necessárias na recomposição do dique, por meio de compromisso firmado perante o Ministério Público. A Prefeitura de São Leopoldo diz ainda possuir laudos técnicos que atestam que não houve danos na estrutura do dique em Novo Hamburgo.