FOLHAS "MAIS FEIAS"

Preço das verduras deve aumentar em breve; entenda o efeito da chuva nos alimentos

Chuva recorde do mês de setembro afetou a qualidade das folhas

Publicado em: 30/09/2023 14:22
Última atualização: 17/10/2023 23:00

A chuva recorde do mês de setembro não deixou apenas as marcas da enchente, causando transtorno na vida de muita gente, mas tem afetado também as lavouras, o que, em breve, deve se refletir no aumento dos preços.

Quem costuma fazer a feira já deve ter percebido que as verduras estão menores e com folhas “mais feias”.


Pés de alface refletem excesso de chuva Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Até agora, em Novo Hamburgo, choveu 496,8 milímetros, sendo que média histórica é de 179 milímetros.

O resultado de tanta água, como explica o agricultor familiar Edson Thiesen, 59 anos, é que caiu a qualidade dos produtos. “O verde precisa de sol para desenvolver”, explica. Ele e a esposa Sônia Thiesen, 54, plantam na localidade do Taimbé e atuam na Feira do Produtor da Rua Lima e Silva.


Produtores Edson e Sônia Thiesen, de Taimbé, em Lomba Grande Foto: Débora Ertel/GES-Especial

“Eu nem consegui plantar o aipim ainda. Não tem como entrar com o trator na lavoura de tão encharcado que está”, comenta. “Nesta época, eu já devia capinar a roça”, complementa.

Conforme o produtor rural Lauro José Thiesen, 69, com propriedade em Morro dos Bois, os brócolis estão apodrecendo, o mesmo que se observa com as folhas das cenouras e beterrabas. “As verduras estão aí, mas tudo com menos qualidade”, lamenta.

Balconista de um restaurante, Rebeca Caroline de Souza, 23, escolheu os melhores pés de alface para levar. “Mas não adianta, sempre se tem alguma perda com as verduras”, diz.


Claudinei Baldissera, diretor da Emater Foto: Divulgação

De acordo com o diretor técnico da Emater no Estado, Claudinei Baldissera, de um modo geral a sequência de chuvas trouxe “bastante prejuízo” na olericultura, em especial, nas folheosas como alface e rúcula. “Isso se replica na Ceasa e nos supermercados”, observa.

Ele chama atenção que deverá ocorrer atraso no plantio de culturas como o aipim, batata-doce e milho, além da necessidade de replantio em algumas lavouras, em especial, das áreas mais baixas. “Isso é uma característica aqui da nossa região, com solos que ficam mais encharcados”, lembra.

Baldissera projeta que em breve os reflexos da chuva serão sentidos no bolso do consumidor. “Pois quando há falta do produto sempre reflete no preço”, pondera.

No entanto, Baldissera, que já foi coordenador regional e mora em Campo Bom, destaca que a olericultura tem uma capacidade de retomada mais rápida em relação às culturas com ciclo mais longo. “Assim que as condições de clima forem restabelecidas, devemos ter normalidade de preços também”, avalia. 

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Matérias Relacionadas